Célia Patrícia Vieira Manalvo da Silva tem 33 anos e é da paróquia de Caxarias, onde harmoniza diversas atividades pastorais com a vida profissional, enquanto farmacêutica.
É catequista do 10.º ano, acompanha os adolescentes em preparação para o Crisma, é animadora do grupo de jovens paroquial e está no conselho pastoral e na equipa vicarial da pastoral juvenil. Em conjunto com este trabalho com os mais jovens, Célia coordena também os coros litúrgicos de Caxarias e de Rio de Couros, serviço do qual nasceu a sua entrega na ação pastoral. Através da pastoral universitária, Célia aprofundou a sua fé, que, no regresso às origens, se tornou evidente, pelo testemunho de entrega que mantém.
“Servir os outros alimenta-nos a fé”
Célia nasceu três anos antes do irmão. Os pais são comerciantes na área da restauração e devido aos fins de semana mais ocupados, nunca puderam participar de uma forma mais ativa na ação pastoral. “Os meus pais são ligados à paróquia, mas não têm nenhum serviço específico ao nível pastoral”. Fez a catequese em Caxarias. “Éramos um grupo de mais de 30 crianças e havia colegas que já andavam juntos desde o jardim de infância”, recorda.
A porta de entrada para a dinâmica eclesial veio com um convite que lhe fizeram para integrar o coro paroquial, quando andava no 7.º ano da catequese. “Como eu tinha formação musical, o pároco perguntou-me se queria vir para o grupo coral, onde faltavam organistas”, explica. A ligação com o coro manter-se-ia ao longo do tempo, mesmo depois de ter entrado no ensino superior, na cidade do Porto.
Aprofundar a fé no ensino superior
Célia andou na escola de Caxarias até ao 9.º ano, tendo feito o secundário no colégio de São Miguel, em Fátima.
Se o convite para integrar o coro paroquial foi a porta de entrada para a participação na dinâmica paroquial, a experiência que teve no âmbito da pastoral juvenil universitária, revelou-se como um impulso que fez da sua entrega uma missão e da Igreja a sua casa. “Um amigo da faculdade desafiou-me a participar num encontro de oração, que reunia jovens ligados ao movimento da Mensagem de Fátima, de várias dioceses, que estudavam no Porto. Eu aceitei e nunca deixei de lá ir até concluir o curso.” Nos encontros, era celebrada Missa, seguida de um momento de adoração ao Santíssimo Sacramento e terminavam com um jantar partilhado. A colaborar, estava o padre Carlos Carneiro, dos jesuítas, que coordenava a pastoral universitária, lembra. Com este grupo, Célia fez formação e os exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola e foi, pela primeira vez à comunidade ecuménica de Taizé, no sul de França. Célia fala de um período que reforçou a sua identidade cristã. “A participação nesta dinâmica foi muito importante para a minha caminhada na fé. Como estava mais afastada da paróquia, aqueles momentos acabaram por aprofundar a minha presença na Igreja.”
O regresso à paróquia
No final dos sete anos em que esteve no Porto, que incluiu o período de estágio, Célia regressou à terra Natal, onde começou a trabalhar na área em que se formara. As experiências acumuladas durante o ensino superior, fizeram com que o regresso à paróquia de origem fosse marcado por uma vontade convicta em participar ainda mais na vida da comunidade. À ligação com o grupo coral que já vinha de trás, juntava novas funções enquanto catequista da adolescência. “O padre Sérgio Henriques, então pároco de Caxarias, propôs-me que acompanhasse um grupo da catequese da adolescência para, no final do percurso, ajudar a formar um grupo de jovens.” Desta participação, derivaram as restantes funções que desempenha atualmente, no âmbito da pastoral juvenil ao nível paroquial e vicarial.
Da sua participação na pastoral juvenil, Célia já foi a duas Jornadas Mundiais da Juventude, em Madrid, em 2011 e no Rio de Janeiro, em 2013. “Vivemos a nossa fé na nossa comunidade, mas ali, foi bom estar com outros jovens e viver esta fé que nos une enquanto católicos. É um ótimo reforço para qualquer jovem cristão.” Uma outra experiência que repetiu foi a de Taizé, tendo voltado àquela comunidade ecuménica no ano passado, no âmbito de uma peregrinação diocesana. “É uma semana que se vive de forma intensa e que nos ajuda a refletir e a recarregar energias para a nossa caminhada na fé”, conta.
Uma agenda de serviço
A descrição da agenda semanal serve para perceber a entrega de Célia à vida pastoral. “As quartas e quintas à noite estão ocupadas com os ensaios dos coros, em Caxarias e Rio de Couros. Quinzenalmente, as sextas também estão preenchidas com a catequese ao grupo que vai fazer o Crisma. Aos Sábados, dou catequese ao 10.º ano e colaboro nos ensaios de um coro infantil que se está a formar na paróquia.”
Interrogada sobre o que a motiva a garantir tanta disponibilidade e entrega, Célia fala de um “trabalho que dá gosto fazer pela alegria e pelos frutos que gera”.
Apesar de estar na fila da frente no serviço à Igreja, Célia não se sente confortável a assumir publicamente a sua ação, alimentada por uma fé que se evidencia essencialmente pelas ações e pela maneira de ser. “A minha fé tem de ser trabalhada diariamente e a ligação que tenho à comunidade e as diferentes dinâmicas pastorais em que me insiro, ajudam-me e estimulam-me a aprofundá-la cada vez mais”, garante, enquanto remata com uma frase que sintetiza a sua dedicação. “Servir os outros alimenta-nos a fé e assim, o nosso testemunho basta.”
Um grupo de jovens que nasceu do Retiro Popular
O grupo de jovens que Célia ajudou a formar surgiu com a proposta episcopal do Retiro Popular. “Na altura, foi-me proposto que fizesse a caminhada do Retiro Popular com os jovens. Como eu estava a acompanhar um grupo da adolescência, com quem ia a várias atividades, acabámos por aceitar a proposta em conjunto. Juntámo-nos e, depois de terminar o Retiro Popular, eles quiseram continuar e assim surgiu o grupo de jovens.” A ideia era formar o grupo dois anos depois, mas aquela experiência de caminhada pastoral permitiu antecipar o momento, conta.