Este Natal foi diferente…

Mas após horas a preparar cerca de 450 ofertas e depois de ultrapassadas (muitas) burocracias, lá fomos nós, bem cedo, celebrar o “Dia de Reis” nos estabelecimentos prisionais de Leiria neste sábado, dia 4 de janeiro.
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“Este Natal foi diferente”, comentavam os Samaritanos entre si. Alguém acrescentou que, durante todos estes anos de voluntariado, nunca houve visitas iguais! Outro, dizia que temos que estar preparados para tudo, que há muita imprevisibilidade quando se trabalha nas prisões.

Mas após horas a preparar cerca de 450 ofertas e depois de ultrapassadas (muitas) burocracias, lá fomos nós, bem cedo, celebrar o “Dia de Reis” nos estabelecimentos prisionais de Leiria neste sábado, dia 4 de janeiro.

Lá dentro, deparámo-nos com caras novas, outras conhecidas, outras demasiado novas… e aperta-nos o coração só de pensar que poderia ser um dos nossos filhos. Mas, numa atitude de humildade, porque não somos superiores a ninguém, fomos levar àqueles rapazes a mesma notícia dos pastores e dos Magos – “nasceu um menino em Belém, Ele é o nosso Salvador”.

O exemplo do Menino Jesus, nascido num estábulo, sem luxos, nascido no meio dos animais, aproximou os reclusos pelo exemplo de pobreza e desapego. Afinal, o Filho de Deus, que podia ter tudo, nasceu “mais pobre do que nós”. Após esta reflexão, ficou a entoar uma outra: o local onde nascemos não limita o nosso propósito de vida!

Sinto uma proximidade maior com Cristo quando entro nas celas e visito os nossos irmãos… e, uma vez mais, este ano os Samaritanos o fizeram. Aliás, este ano foi ainda mais especial! Conseguimos visitar os reclusos dos dois estabelecimentos prisionais nos dias 24 e 25 de dezembro! Imaginem-se fechados numa cela e poderem sentir algum calor com a visita de quem nos quer bem no dia exato em que se celebra o Natal e em que tantas famílias fazem por se reunir…

Não podemos esquecer a enorme colaboração dos guardas prisionais, eles que passam as 24 horas com os reclusos e, por isso, rezámos também por eles e por todos os restantes trabalhadores prisionais, para que saibam desempenhar as suas funções com humanidade e empenho.

A Eucaristia celebrada na própria prisão é um momento alto. São cada vez mais os reclusos que aderem a este convite, que cantam, que participam. A título de curiosidade, fizemos uma dinâmica com os reclusos na qual cada um recebia um coração em tecido, simbolizando o local onde deveria nascer o Deus Menino. Com o presépio, quisemos convidar todos os reclusos a aproximarem-se e a “aconchegarem” o Menino e, assim, cada um colocou um pedaço de palha junto da figura de Jesus Menino. Foi bonito ver a serenidade e a seriedade com que eles o fizeram…! Ainda me atrevia a dizer que, naquele sábado, inserida nos Samaritanos, me senti como os Magos que foram passando a palavra de que um Menino tinha nascido em Belém e tínhamos que O ir adorar porque Ele era o nosso Salvador! No final da atividade, senti a unidade de todo aquele grupo: já não éramos Os samaritanos e Os reclusos, éramos os Magos a adorar o Menino!

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