No primeiro ano do biénio pastoral dedicado aos “Jovens, Fé e Vocação”, uma das iniciativas programadas é um encontro do Bispo diocesano com os jovens, em cada uma das nove vigararias. Entre 5 de janeiro e 23 de março, D. António Marto irá percorrer a Diocese, esperando encontrar os mais novos para os escutar e lhes fazer o convite a uma participação mais ativa na vida das comunidades.
Apresentamos alguns tópicos do que será e como está a ser preparado esse encontro, que tem como ponto de partida a questão: “Quem és Tu, Senhor?”.
Luís Miguel Ferraz
Datas e vigararias
5 janeiro (sábado) – Leiria
1 janeiro (sexta-feira) – Ourém
12 janeiro (sábado) – Colmeias
18 janeiro (sexta-feira) – Marinha Grande
19 Janeiro (sábado) – Milagres
26 Janeiro (sábado) – Monte Real
8 Fevereiro (sexta-feira) – Fátima
16 Fevereiro (sábado) – Porto de Mós
23 março (sábado) – Batalha
Propostos por D. António Marto na sua carta pastoral para este biénio, os encontros vicariais têm como primeira estrutura organizadora e coordenadora o Departamento de Pastoral Juvenil e Vocacional (DPJV) da Diocese. Foi daí que partiu um guião que serve de base e orientação às organizações locais, que vão das vigararias às paróquias e a pequenos grupos de trabalho e reflexão.
Como metodologia de trabalho, propôs-se a constituição de uma equipa para organizar localmente a realização do encontro, constituída por um padre e leigos com ligação e sensibilidade para a pastoral juvenil nas várias paróquias. Como explica o padre André Batista, diretor do DPJV, “cada vigararia está a trabalhar com metodologias diversas; nalgumas estão a reunir os jovens e a fazer o trabalho preparatório em conjunto; noutras reuniram-se os animadores de jovens e catequistas do 10.º ano de catequese para lançar o trabalho”.
Para todos os casos, os objetivos estão definidos: proporcionar oportunidade de reflexão entre os jovens; dar a palavra aos jovens para exprimirem a sua perspetiva sobre a fé e a Igreja, por forma a que sintam que a sua visão é tida em conta; criar proximidade com o Bispo diocesano e com o DPJV. O diretor adianta, ainda, que “estes encontros vicariais podem ser uma excelente oportunidade para criar dinamismos de pastoral juvenil e vocacional nas paróquias e nas vigararias”, nomeadamente, ao “congregar os elementos das várias paróquias com maior carisma para trabalhar com os jovens e a partir daqui poder estruturar-se um trabalho mais objetivo de pastoral juvenil”.
Quanto aos destinatários, são “todos os jovens, a partir dos 16 anos de idade, mesmo que não estejam ligados a grupos paroquiais”. Pede-se a especial mobilização de grupos paroquiais de jovens, escuteiros e movimentos apostólicos, acólitos, os que fazem a preparação para o Crisma, etc., sempre “sem carácter obrigatório, mas para quem se interesse efetivamente por participar”.
Pré-encontro
Como se depreende da metodologia, o “encontro” começa antes do encontro, isto é, na preparação. A ideia é que, em cada paróquia ou comunidade, os jovens formem grupos para fazerem a reflexão prévia do tema do biénio e preparem uma apresentação criativa das suas conclusões (teatro, vídeo, música, jogo, dança…). Por outro lado, prepararão também as perguntas a colocar ao Bispo no encontro vicarial. Para cada paróquia será proposto um tema diferente, de modo a variar a abordagem (ser cristão praticante/não praticante; a espiritualidade, a meditação e a oração na vida de fé; o que é e para que serve a Igreja; a relação da Igreja com as questões éticas; o lugar dos jovens na Igreja; o sentido da vida e o papel de Deus; a vida e o testemunho de fé; etc.). E sugere-se que procurem “pensar fora da caixa”, com liberdade e abertura ao diálogo, com ideias e propostas que julguem dever ser discutidas para a uma Igreja mais próxima e inclusiva.
Como ajuda, serão apresentados relatos de diversos modos concretos de relação dos jovens com a Igreja, mais próximos ou mais afastados da vida comunitária e da experiência de fé e de prática religiosa. Dai partem as questões da identificação com as personagens, da posição em que cada um se sente, do que cada um quer pedir à Igreja como ajuda para uma integração mais plena. Por fim, a elaboração de perguntas que irão colocar a D. António Marto.
Encontro
Já se adivinha como será o modelo básico do encontro, embora a criatividade dos grupos possa tornar o seu decurso mais ou menos diverso e rico, incluindo momentos musicais ou outras formas de animação.
Após o acolhimento e apresentação geral dos presentes, caberá aos jovens apresentarem o momento criativo que prepararam. Depois, serão também eles a abrir o diálogo, apresentando ao Bispo as suas perguntas.
Depois, D. António Marto tentará responder e indicar, também, as propostas existentes na Diocese e na vigararia que possam ser uma ajuda para tornar prática essa resposta.
Está previsto que, no final, o Bispo entregue a todos uma pequena carta que escreveu aos jovens da Diocese, pedindo que lhe respondam. E, claro, o encontro terminará com um momento de oração e um lanche de convívio entre todos.
Pós-encontro Vicarial
Mas espera-se que a iniciativa não acabe por aqui. Ela deverá ter continuidade, tanto na reflexão futura nos mesmos grupos sobre a vivência do encontro, como na resposta pessoal de cada um à carta de D. António.
Será de esperar, também, que o fruto principal seja uma maior participação e interesse dos jovens na vida das suas comunidades, para que eles possam aproveitar a ajuda de Deus e da sua Igreja na vida concreta e, por outro lado, que a Igreja possa aproveitar do dinamismo, energia e criatividade que os jovens trazem consigo.
Pelas vigararias
Perguntámos a todos os vigários como está a ser feita a preparação do encontro e que espectativas existem. Partilhamos alguns dados das que nos responderam.
Leiria
A vigararia de Leiria será a primeira a realizar o encontro, no dia 5 de janeiro, às 21h30, no salão da Quinta da Matinha. A preparação está a ser feita nos grupos de cada paróquia (grupos de jovens, preparação para o Crisma, Caminheiros do CNE, outros movimentos juvenis), a partir do guião. O resultado será recolhido por uma equipa que fará a preparação da apresentação no encontro. “A principal expectativa é que esta seja uma oportunidade para reunir, mobilizar e motivar os jovens da vigararia para outras propostas de pastoral juvenil ao nível vicarial e paroquial”, conta o padre André Batista.
Ourém
O encontro da vigararia de Ourém será no dia 11 de janeiro, às 21h30, no Centro Paroquial de Caxarias. A apresentação do tema está a ser preparada pela Equipa Vicarial de Jovens, a partir da reflexão que estão a fazer os grupos de jovens nas paróquias, alguns deles constituídos para este efeito. “O objetivo principal é suscitar o interesse e a motivação dos jovens para uma vivência cristã mais comprometida e uma participação mais ativa na vida das comunidades, conscientes de que este é o momento oportuno. Se não agarrarmos o dinamismo do sínodo dos bispos e a aposta pastoral da diocese agora, duvido que no futuro tenhamos outras circunstâncias tão favoráveis”, refere o vigário, padre Joaquim Baptista. Por isso, espera que se organizem grupos de jovens “estáveis” em cada paróquia e se reforce a equipa vicarial, “de modo que sejam os jovens os primeiros e principais interlocutores e mediadores junto dos outros jovens e nas próprias comunidades”.
Colmeias
No dia 12 de janeiro, às 21h00, será a vigararia das Colmeias a reunir-se, no Salão Paroquial da Memória. Segundo o padre João Feliciano, a preparação “começou desde cedo, de modo a que os jovens fossem interpelados pela vontade de estar com o senhor Bispo e vissem neste encontro o desejo do D. António de ouvir as suas inquietações e aquilo que os preocupa e os afasta da Igreja”. Numa primeira reunião, os “responsáveis pela juventude” em cada paróquia estudaram o guião e a forma de o concretizar. Depois, cada um fez um encontro na sua própria paróquia. Por fim, “a vigararia reuniu os jovens interessados e começou por compreender o que sabia cada um deles da vida deste “Senhor” a que se refere o lema do biénio, de forma a que fosse possível começar a construir-se a dinâmica que irão apresentar no encontro vicarial”. Quanto a expectativas, “além da oportunidade de a Igreja ouvir os jovens e os jovens se fazerem ouvir na Igreja, espero que eles percebam que a Igreja não se fecha nela própria, que está disposta a ouvi-los, basta eles terem vontade de participar, de ser, de estar, de fazer, de ‘sair do sofá’, como pede o Papa Francisco.
Marinha Grande
O encontro vicarial da Marinha Grande será no dia 18 de janeiro. Segundo lemos na folha de avisos desta paróquia, “há um primeiro encontro paroquial de jovens, no domingo 23 de dezembro”, para o qual se convidaram todos os interessados, “dos 17 aos 25 anos, independentemente da sua formação religiosa e mesmo que não tenham tido qualquer tempo de catequese”. Além da reflexão, propunha-se “uma merenda e convívio” no final.
Batalha
Os jovens da vigararia da Batalha serão os últimos a receber o Bispo, no dia 23 de março, no Centro Pastoral da Batalha, às 21h00. Em todas as paróquias se constituirão grupos para o encontro de preparação e já se distribuíram tarefas: “As Pedreiras e o Juncal vão preparar a apresentação do tema, a Batalha ficará responsável pelo acolhimento, o grupo dos Caminheiros assume o momento de oração e a Calvaria a animação musical todas vão colaborar para o lanche final”, refere o padre José Henrique Pedrosa. Esta primeira preparação foi feita pela Equipa Vicarial de Pastoral, com outros representantes das paróquias que trabalham mais de perto com os jovens, voltando a encontrar-se no final de fevereiro. “Esperamos que este caminho de preparação possa ajudar a dinamizar os jovens nas várias paróquias, a criar um espaço de partilha entre as várias paróquias da vigararia, e ser um ponto de partida para outras iniciativas quer nas paróquias quer a nível vicarial”, comenta o vigário, adiantando que “vamos também procurar incentivar os jovens a participar noutras iniciativas diocesanas, nomeadamente na Peregrinação Diocesana e nos momentos de oração Shemá”. Nesta vigararia “está também a começar a ser pensada a possibilidade de prepararmos algumas propostas para a preparação para o Crisma nas paróquias”, a exemplo da experiência feita nos últimos dois anos “com a proposta de uma atividade para os grupos do 9.º ano”. Segundo o padre José Henrique, “esta será já uma forma de incentivar os adolescentes para estas dinâmicas que poderão servir de referência para, mais tarde, acolherem outras propostas a nível juvenil”.
Documento Final do XV Sínodo dos Bispos
Os Jovens, a fé e o discernimento vocacional
Partindo do texto bíblico dos discípulos de Emaús, a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro passado, debateu o tema “Os Jovens, a fé e o discernimento vocacional”, procurando “compreender a missão eclesial em relação às jovens gerações” no diversificado contexto das comunidades em que vivem.
O Documento Final, estruturado em torno dos verbos “reconhecer, interpretar e escolher”, desenvolve temas tão vastos como: a importância da escuta, do acompanhamento e do discernimento na Pastoral Juvenil; a urgência de uma pastoral juvenil vocacional, integral e integrada; o desafio de repensar o ministério sacerdotal e a sua preparação; as várias formas de vulnerabilidade a que os jovens estão submetidos; a experiência religiosa nos jovens; a vocação missionária da Igreja; a importância das experiências inter-geracionais e o lugar da família na transmissão da fé; a tarefa educativa da Igreja; a urgência de repensar a catequese; a afetividade e a sexualidade; os desafios de um mundo global, plural e digital; o dom da complementaridade homem-mulher; as situações de contra-testemunho na Igreja e a necessidade de reação; a importância da sinodalidade na Pastoral Juvenil; o chamamento à santidade.
Desafios
Passar dos documentos à prática é agora o trabalho mais difícil. O Serviço Diocesano de Pastoral Juvenil da Diocese de Leiria-Fátima elaborou um documento de análise a este Documento Final e, entre outras coisas, apresenta um conjunto de desafios que se colocam para levar o Sínodo à vida concreta de paróquias, movimentos e dos vários ambientes. Em resumo:
• Assumir a missão de acompanhar os jovens (escuta, direção espiritual, diálogo, empatia);
• A importância de os adultos serem figuras de referência sólidas (com estabilidade emocional e afetiva e uma grande capacidade de escuta e de discernimento);
• Aproveitar a originalidade e especificidade da condição juvenil (abordar os temas que lhes interessam, compreender as suas dificuldades e fragilidades, ouvir as suas perguntas, dúvidas e críticas);
• Levar a sério as razões pelas quais os jovens se afastam da Igreja (os escândalos sexuais e económicos, a falta de preparação dos ministros ordenados, o fraco cuidado na preparação da homilia e na pregação da Palavra de Deus, o papel passivo dado aos jovens no seio das comunidades cristãs, a dificuldade da Igreja em dar razões das suas posições doutrinais e éticas em relação à sociedade contemporânea);
• A urgência de uma pastoral vocacional renovada (mostrar o fascínio da pessoa de Jesus e do seu chamamento);
• A necessidade de uma pastoral que não seja fazer para eles, mas viver em comunhão com eles (participação responsável dos jovens na vida da Igreja);
• Criar espaços específicos para os jovens, mas ser também Igreja em saída (encontrá-los nos lugares da vida quotidiana, um novo tipo de apostolado mais dinâmico e ativo).