E um dia a cidade de lona ficou pronta a acolher os cidadãos que a iriam habitar… Dia 6 de agosto foi o grande dia. Chegados dos seus agrupamentos, cerca de 1.300 crianças e jovens lançaram mãos à obra para concluir a sua cidade, na Quinta do Escuteiro, na Batalha.
Sim, os ilustres cidadãos que irão dar vida e valorizar as infraestruturas previamente montadas para este XXI Acampamento Regional (Acareg) são os lobitos, os exploradores, os pioneiros e caminheiros da Região de Leiria-Fátima do Corpo Nacional de Escutas, a que se juntou um grupo de escuteiros franceses.
E foram eles que deram forma à sua cidade, com a ajuda dos seus chefes: montaram tendas, construíram mesas e cozinhas, alindaram o espaço e tornaram tudo funcional. Nem o calor fez refrear o entusiasmo com que todos se entregaram às tarefas desempenhadas. Depois, foi usufruir, foi partir em aventura, foi participar, entrar no jogo, conviver, saborear a alegria de ser feliz.
Ao final deste primeiro dia, vieram alguns convidados, representando entidades oficiais, como os municípios da Batalha e de Porto de Mós, a GNR, os Bombeiros, a comunicação social, bem como a chefe do grupo francês que está em campo. Puderam “espreitar” a cidade e ver a felicidade dos cidadãos, que irá prolongar-se pela semana, até ao domingo 12 de agosto.
Novas visitas, só no sábado, a partir das 14h30, com luz verde dada aos pais e amigos que queiram vir participar na Eucaristia das 16h00.
Cidade viva
Cidade de lona, sim. Mas cidade viva, formigueiro organizado em que todos desempenham a sua função e dão mais um passo na confirmação do seu lugar na sociedade ativa. Quem a pudesse visitar teria oportunidade de verificar o ‘bulir’ que tem início logo pela madrugada, à voz de comando da rádio CãoMarcial. A primeira tarefa, cumpridas as necessidades básicas de higiene, é correr ordeiramente aos abastecimentos para preparar o pequeno-almoço. Sim, que a pequenada tem de ser alimentada e preparar as suas próprias refeições. E os dias vão decorrendo entre o jogo e a animação, o silêncio e a reflexão, a ação e o serviço.
“Simplesmente Escuteiro” foi o lema escolhido para esta semana de celebração, que se repete a cada 4 ou 5 anos. No imaginário que lhe serve de base, cada um tem um desafio de apoiar o ‘Nathi’ que há em si, na (re)-descoberta da essência do escutismo. Isso consegue-se refletindo na importância de ser escuteiro e, com esse facto, poder transformar e orientar o rumo da vida pessoal e comunitária.
Ao fechar a porta do último dia, cada um destes cidadãos levará na sua mochila apetrechos novos e mais sólidos para se empenhar com dignidade na construção da sua família, do seu país, da nossa sociedade tão necessitada de gente válida e consciente. E é por isso que este AcaReg vale a pena. É por isso que vale a pena sair da “zona de conforto”, para aprender a construir um mundo melhor.
Grande logística
Uma operação desta envergadura tem uma enorme logística associada, toda ela assente no voluntariado e no próprio espírito de ação escutista. Durante semanas, dirigentes e escuteiros de vários agrupamentos da Região vieram montar as infraestruturas básicas, sob o comando do chefe Vítor Moreira, responsável de campo, e com a ajuda de pessoas como Daniela Casimiro, mestre em ecologia e gestão ambiental, Alexandre Santos, aluno de engenharia informática, os gémeos Henrique e Frederico, futuros arquiteto e matemático, ou Ivo Jorge, designer de equipamento.
Depois, para que esta cidade funcione convenientemente, há um “governo”, que dirige e coordena todos os serviços e movimentos, constituído por cerca de 80 adultos, entre pais e mães de escuteiros ou chefes indicados pelos agrupamentos. O maior “ministério” é o que se ocupa da prevenção e saúde, com uma equipa permanente de médicos e enfermeiros, e a segurança não é descurada em momento algum. Depois, há as equipas de comunicação e imagem, da logística e dos abastecimentos, a equipa da pedagogia e animação, que é responsável pelas atividades, e, não menos importante, a equipa que tem a seu cargo as questões financeiras. Tudo a postos, cada um no seu posto, para garantia da paz, da justiça e da felicidade de todos.
Vítor Henriques/LMF