Sociedade de São Vicente de Paulo

 “Os cristãos não praticam o que pregam. Onde estão as suas obras de caridade?”. Esta crítica batia forte no coração do jovem de 20 anos Antoine Fréderic Ozanan, estudante de Direito na Sorbonne.

Para responder à letra, juntou seis amigos universitários e fundou, a 23 de abril de 1833, a “Sociedade da Caridade”. O seu projeto era procurar os pobres, visitá-los e levar-lhes alimentos, roupas, ajuda, dedicação e a Palavra de Deus.

Um ano depois, assumia o nome de Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), tomando como patrono este Santo, considerado o “Pai da caridade” pela ação que desenvolveu durante toda a sua vida (1580-1660).

Hoje, é uma associação mundial de leigos católicos, aprovada pela Santa Sé, embora independente da hierarquia eclesiástica. Nela, são mais de um milhão os membros em cerca de 150 países dos cinco continentes, sendo cerca de 13 mil em Portugal, que continuam a missão de oferecer assistência espiritual e material perante situações de solidão, sofrimento ou pobreza. No fundo, a realizar, em cada dia, em cada gesto de amor ao próximo, o desejo do fundador: “abraçar o mundo numa rede de caridade”.

O movimento terá chegado à diocese de Leiria ainda no século XIX, segundo refere António Ferrão, atual presidente da estrutura diocesana, apontando a existência de uma primeira Conferência na paróquia da Marinha Grande. Mas “essa é uma história que está por fazer, sendo nossa intenção recolher elementos que possam vir a desvendá-la um pouco mais”, confessa.

Ação diversificada

História mais conhecida é a do início da SSVP. O primeiro ato de caridade do jovem Ozanam terá sido a oferta de “umas achas de lenha” às famílias pobres de Paris. Daí passou às  roupas, livros e medicamentos, à ajuda na procura de empregos e internamentos, às visitas a lares, hospitais, cadeias, ou à fundação das chamadas “obras especiais”, que iam desde lares para a terceira idade e centros de dia a casas de trabalho, salas de estudo, cantinas, lares para jovens, creches, infantários, jardins de infância, colónias de férias, etc.

É na mesma linha que a ação vicentina se move nos nossos dias, indo ao encontro das necessidades concretas que cada Conferência encontra na sua área de atuação. Procura oferecer uma resposta oportuna, imediata e eficaz, nem que seja pelo encaminhamento e pressão junto das instituições sociais que têm a responsabilidade por essa resposta.

A sua preocupação de fundo é a promoção do homem na sociedade através de um sentimento de afeto e respeito pela dignidade de cada pessoa, da oferta de amor a que todos têm direito, da compreensão e recetividade a uma confidência ou a um desabafo, de um conselho com uma palavra amiga, de um olhar carinhoso e de motivos de fé e de esperança.

O lema do vicentino é cumprir a sua vocação e missão com humildade, espírito de pobreza, juventude e alegria, com criatividade, dinamismo e ousadia, e nunca esquecendo que a seu lado pode estar o “seu próximo”.

Entrevista a António Ferrão, presidente da SSVP de Leiria-Fátima

2014-10-15 OSE CSVP Entrevista

António Bernardo Ferrão foi eleito presidente do Conselho Central de Leiria da Sociedade de S. Vicente de Paulo (SSVP) em dezembro de 2010. Entrou na família vicentina através da Conferência de Nossa Senhora da Gaiola, das Cortes, a que preside atualmente. Reside nesta paróquia, embora seja natural de Leomil, freguesia do concelho de Almeida, onde nasceu em 1948. Foi funcionário dos impostos, na Direção de Finanças de Leiria, e, desde que está aposentado, tem-se dedicado cada vez mais à ação e formação no Movimento.

A SSVP surgiu em 1833, para responder pela caridade ao testemunho da fé cristã. Ainda hoje quer ser esse testemunho?

Sim, tal como há 180 anos, é esse espírito do fundador que continua a orientar-nos.

Podemos dizer que ser vicentino é, antes de tudo, ser cristão, pois, como diz a nossa Regra, “os vicentinos esforçam-se por ser testemunhas do amor de Cristo nas relações com os mais desfavorecidos, nos diversos aspetos da vida quotidiana”.

Qual o carisma e espiritualidade desta associação de fiéis?

O nosso carisma e espiritualidade partem da referida Regra e inspiram-se em dois personagens importantíssimos na vida da Igreja. Um é o fundador, defensor da fé e cristão ardoroso nas suas orações e extremamente piedoso, que dizia sempre: “devemos unir à palavra a ação e afirmar com obras a vitalidade da nossa fé”. Outro é S. Vicente de Paulo, que colocou nos pobres toda a mística das suas obras e que sempre os viu como imagem de Cristo. Foi neste Santo que Ozanam se inspirou para a sua obra. Por isso dizia também: “Os pobres são os nossos senhores e reis!”.

Quantas Conferências existem na diocese de Leiria-Fátima?

Na nossa Diocese existem em atividade 28 Conferências, todas inseridas em paróquias, sobretudo em zonas rurais (exceto Marinha Grande, Marrazes e Ourém). Estamos em menos de 50% das paróquias e gostaríamos de aumentar esse número, mas, nalgumas delas, trabalhamos também em diálogo e parceria com outros movimentos ou grupos sociocaritativos.

E como se organizam?

A atividade da SSVP está centrada nas conferências locais, que são a sua unidade base e onde todos os membros se integram e exercem a sua missão. Cada conferência é autónoma para eleger o seu presidente, planear as suas atividades e reuniões, controlar as suas receitas e despesas. Os conselhos de zona, centrais, nacionais e internacional são meros órgãos de coordenação, de ligação e dinamização das Conferências e de diálogo e cooperação com outras obras, movimentos e entidades. Mas a SSVP está intimamente ligada à Igreja e à sua hierarquia, pelo que cada Conferência tem um conselheiro espiritual que, por norma, é o pároco.

Que tipo de atividades desenvolvem regularmente?

É, sobretudo, trabalho voluntário no campo sócio-caritativo, no apoio às pessoas e famílias carenciadas e marginalizadas, preferindo sempre o contacto pessoal e a visita domiciliária, tendo como finalidade aliviar aqueles que sofrem, em espírito de justiça e de caridade e por um compromisso pessoal. Nessa linha, organizamos visitas a carenciados de bens materiais e espirituais, a doentes, idosos e solitários, promovemos convívios e festas para eles, e estamos atentos e prontos para ajudar em todo o tipo de carências.

Tem pessoas e recursos suficientes para as solicitações?

As Conferências programam a sua atividade conforme as possibilidades das pessoas que têm. Podemos dizer que são suficientes, embora lutemos pela renovação dos membros, pois, nas Conferências deste Conselho Central de Leiria, 80% têm idade acima dos 65 anos. Precisamos de gente jovem, com garra e alegria para transmitir aos outros.

Agora… a grande dificuldade é o apoio material, cada vez menor, para uma crescente procura de ajuda.

Então, o que deve fazer quem quiser ser vicentino ou ajudar a sua Conferência local?

Quem tiver espírito vicentino e quiser ingressar numa Conferência, deve manifestar essa intenção a alguém que conheça no Movimento. Essa indicação chegará à reunião de todos e será, com certeza, aprovada a sua admissão.

De resto, qualquer pessoa, singular ou coletiva, pode ser subscritora ou benfeitora de uma Conferência da SSVP. Basta fazer chegar a sua intenção de ajudar quem mais precisa…

Para mim, ser vicentino é…

“Um modo de ser cristão, uma forma de evangelizar, uma maneira prática de chegar aos outros. É tentar ver nos outros o rosto humano de Cristo. É, também, conhecer a Regra Vicentina e agir de acordo com os seus princípios fundamentais.”

 

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