Elisa Maria Ferreira Duarte tem 40 anos e é da paróquia do Souto da Carpalhosa. Quando inscreveu a filha no 1.º ano da catequese, aceitou o convite para colaborar naquela dinâmica pastoral. Hoje, coordena a catequese da infância no centro do Souto da Carpalhosa, onde também é catequista do 3.º ano e apoia um grupo da adolescência.
Na génese desta entrega, esteve a descoberta da alegria do anúncio, que marca um testemunho de um entusiasmo que contagia. “Deus quer que sejamos uma casa cheia de janelas, mas janelas abertas e floridas, por onde entre muita luz e através das quais consigamos ver o horizonte que é Jesus Cristo!”
Elisa nasceu na localidade de Picoto, Souto da Carpalhosa, onde vive com a família, a filha de 15 anos e o marido, que também é natural daquele lugar. Divide o dia a dia entre o lugar que a viu nascer e as Cortes, onde trabalha, há 23 anos, como administrativa, numa farmácia. Foi para ali trabalhar ainda muito nova e todos estes anos criaram uma relação muito próxima com o casal que a empregou. “Eu já sou como uma pessoa de família. O que for preciso, estou lá.” Esta atitude disponível não se reflete apenas na relação que alimentou com os patrões, mas também na forma empenhada com que se dispõe a servir na comunidade paroquial.
A alegria de anunciar
Elisa tem quatro irmãos, com quem cultiva uma relação de proximidade. Fala com um carinho especial do irmão mais novo, que depois de ter participado numa atividade da catequese a seu pedido, acabou, também ele, por se disponibilizar como catequista. Pelo entusiasmo que demonstra a contar o sucedido, deduz-se de imediato que a alegria e motivação da irmã terão estado na origem desta participação. “Deus quer que sejamos uma casa cheia de janelas, mas janelas abertas e floridas, por onde entre muita luz e através das quais consigamos ver o horizonte que é Jesus Cristo”, diz, quando lhe perguntamos sobre a origem de toda esta energia contagiante.
O júbilo que hoje experimenta na primeira pessoa foi também a origem da vontade que a fez disponível para o serviço. Da infância recorda-se dos momentos de oração diária e de prática religiosa vividos em família, mas em particular dos missionários, das irmãs e dos seminaristas que ajudavam na evangelização na paróquia. “Ainda hoje tenho presente o sorriso contagiante que traziam e pensava para mim que um dia queria ser assim.”
A descoberta da vocação
Prima de cinco freiras, Elisa chegou a ser convidada para conhecer a vida de convento, mas a experiência serviu para intuir que aquela não seria a sua vocação. Da caminhada na catequese, recorda com nostalgia o 5.º e o 6.º anos. “Era uma altura em que nós nos questionávamos muito sobre a nossa fé. Hoje, acho que parte da minha vontade em estar ligada à catequese veio dessa altura.”
No seu percurso, destaca também a preparação que teve no grupo paroquial de jovens. Os cerca de dois anos de caminhada que ali fez, fizeram-na pensar em novas perspetivas e foram um contributo importante para o seu discernimento vocacional, assegura.
Quando jovem, as primeiras lembranças que tem do marido Pedro transportam-na até às Missas que frequentava no convento das Clarissas de Monte Real e onde o via regularmente. “Trocámos olhares, depois palavras e depois conhecemo-nos melhor quando estudávamos em Leiria. Ele estudava na Escola Comercial e eu no Liceu, à noite.”
Do matrimónio surgiu a filha Daniela, que hoje tem 15 anos. Foi ela que, indiretamente levou a mãe a participar na catequese paroquial, já lá vão nove anos. “Fui inscrevê-la no 1.º ano e convidaram-me também a dar catequese. Recordei de imediato a experiência e os momentos que guardei enquanto catequizanda, na minha infância e aceitei de imediato.” Hoje, acredita que foi Deus quem lhe propôs este caminho e que a participação concreta na catequese foi um presente que Ele lhe quis dar. Neste sentido, olhou para o novo desafio como uma oportunidade de poder retribuir o testemunho de alegria que recebera dos missionários, das irmãs e dos seminaristas que tanto admirou na infância. Hoje, na forma como desempenha o seu trabalho na Igreja, procura empregar a mesma alegria, criatividade e testemunho radiante.
“É preciso romper os esquemas”
Depois de um primeiro período de adaptação ao novo desafio, Elisa procurou formação. Frequentou a Escola Razões da Esperança, a Animação Vocacional e outras propostas do Secretariado da Catequese. Estes momentos potenciaram ainda mais a vontade que já tinha, assegura.
Atualmente, é responsável pela catequese da infância no Souto da Carpalhosa, onde é catequista do 3.º ano. De 15 em 15 dias, apoia o grupo do 10.º ano.
“Ao darmos catequese, estamos a aprender a caminhar. O papa Francisco disse aos catequistas para não terem medo de romper os esquemas para anunciar o Evangelho.” É desta forma destemida e criativa que Elisa tenta dar catequese. Nos momentos em que rompe com os esquemas, garante sentir-se inspirada pela ação do Espírito Santo. Não fosse esta certeza e entusiasmo suficientes e a felicidade que vê nos rostos das crianças bastava-lhe para se motivar e continuar neste serviço.
A fazer caminho
“Recentemente, tive o convite para integrar as Equipas de Nossa Senhora (ENS). Já estava há algum tempo a namorar o movimento e depois de falar com o meu marido, resolvemos aceitar um convite que nos foi feito em setembro passado para criar uma nova equipa em Leiria.” A entrada nas ENS foi muito benéfica e “aprofundou a relação familiar”, garante. “Todos os casais deviam experimentar esta proposta de espiritualidade conjugal.”
Sobre a sua fé, Elisa diz que ainda está a caminhar e a crescer e não tem receio de dizer que ainda tem dúvidas. “Um dia, lembro-me de me terem perguntado o que era Deus para mim. Fiquei atrapalhada. Podia ter dito que Ele era tudo para mim, mas preferi dizer que ainda O estou a descobrir e sobretudo que me questiono constantemente sobre este Deus que é um Mistério.”
Elisa reconhece as dúvidas com a mesma convicção com que assume o caminho que quer fazer na direção de uma maior descoberta, num percurso em que, através de pequenos sinais, consegue perceber que está na direção certa. Uma coisa sabe: nos momentos em que confia em Deus, sente-se mais serena.
O testemunho de Elisa é de um entusiasmo que contagia e é assim, a “evangelizar e a experimentar o amor de Deus”, que se sente feliz.
Em pleno mês de Maria, Elisa termina a entrevista, recordando uma frase mariana que sente se ajustar na perfeição à sua realidade: “O Senhor fez em mim maravilhas… Eu acrescento: Deus faz e vai fazendo maravilhas em mim.”