Na secção “A gente da Igreja” do jornal Presente Leiria-Fátima desta semana (18.09.2014), fomos conhecer Albertino Rainho, um paroquiano de Amor que serviu a comunidade como catequista, dirigente escutista e membro do conselho pastoral paroquial, mas foi o grupo de jovens paroquial que lhe deu o impulso para assumir o seu lugar na Igreja.
Uma marca que ainda hoje se reflete na forma arejada e jovem com que olha para a vida pastoral. Pai e marido em casa, técnico de manutenção numa fábrica, Albertino consegue conciliar a vida familiar e profissional com a ação pastoral que vai abraçando.
Encontrámo-nos com Albertino Rainho na sede do Agrupamento 1166 do CNE, de Amor. Era o fim de um dia de trabalho e, mesmo assim, não hesitou em nos convidar a visitar o trabalho que os escuteiros têm vindo a fazer na recuperação daquele espaço, cedido por um paroquiano ao movimento. Durante a visita, não esconde o orgulho de também fazer parte daquele projeto. Apesar de não ter integrado o agrupamento logo no início, ajudou na sua formação. Entrou mais tarde, para se formar como dirigente e dar início à secção dos caminheiros (escuteiros com mais de 17 anos).
Foi na qualidade de dirigente do agrupamento de escuteiros que foi chamado a tomar assento no Conselho Pastoral Paroquial. Foi depois convidado a representar a paróquia ao nível vicarial e dali, nomearam-no para o atual Conselho Pastoral Diocesano. Colaborou com a catequese desde os 15 anos. Chegou a ser um dos responsáveis do centro de catequese dos Barreiros. Mais tarde, chegou a integrar o secretariado diocesano da catequese.
Ouvir o percurso de 55 anos de vida de Albertino Rainho, através do relato dos projetos que foi abraçando, dá-nos a sensação de que as etapas foram surgindo na sua vida de uma forma espontânea e no tempo devido. Aos convites que lhe foram surgindo, repondeu assertivamente. “Eu encaro estes convites como uma missão que eu sou chamado a desempenhar”, refere num tom modesto. A convicção de que “Deus não nos dá mais do que podemos suportar”, parece aplicar-se à narração que vamos ouvindo.
A família
Albertino Rainho é casado há 32 anos e tem uma filha. Falar da família é essencial, pois é ela que possibilita a sua entrega à vida pastoral. Com a esposa, integra as Equipas de Nossa Senhora (ENS). A entrada neste movimento de espiritualidade conjugal deu-se logo após o matrimónio, quando resolveu, em conjunto com outros casais que integravam com ele o serviço diocesano da pastoral juvenil da Diocese, dar continuidade à sua caminhada cristã. Formaram então a equipa Leiria 6. A assistir espiritualmente o grupo recém-formado, estava o padre Augusto Gonçalves, que na altura coordenava também os jovens na Diocese.
A experiência que teve no âmbito da pastoral juvenil marcou, segundo refere, o início da sua ação na Igreja.
A importância da pastoral juvenil
A formação de um grupo de jovens em Amor – que ajudou a formar e ao qual pertenceu desde os 17 anos –, foi o impulso que marcou a sua caminhada. “A descoberta do meu lugar na Igreja deu-se no grupo de jovens”. Enquanto recorda o período que o iria marcar para a vida, Albertino sublinha a presença forte que a pastoral juvenil teve no final da década de 70, ao nível diocesano e nacional. Foi através deste grupo paroquial juvenil que assumiu as primeiras participações na comunidade paroquial: preparar vigílias, encontros e outras atividades. Permaneceu no grupo de jovens até algum tempo depois de se casar.
Com o tempo, a sua caminhada cristã já lhe exigia experiências adequadas à idade. Apesar de se ter mantido no grupo de jovens, passou a fazer parte da pastoral juvenil diocesana, funções que exerceu durante alguns anos e de onde só saiu depois de integrar as ENS.
A dedicação à comunidade
A passagem pelo Movimento dos Cursilhos de Cristandade surgiu em 2008, depois de inúmeros convites recusados. Quando aceitou, foi porque entendeu que podia fazer uma caminhada diferente e aproximar-se mais da comunidade paroquial.
Albertino sempre teve uma presença muito activa na paróquia de Amor, comprovado pelas diferentes dinâmicas que abraçou ao longo da vida. Em 1990, em conjunto com outros paroquianos, esteve na origem do Conselho Pastoral Paroquial. Com outras pessoas ajudou à formação do novo Conselho Pastoral Paroquial em Outubro de 2011 ao qual D. António Marto deu posse, durante a sua visita à paróquia.
O padre Isidro Alberto, pároco de Amor, testemunha a entrega do paroquiano. “É uma pessoa com muita lógica de ação, muito pronta e que, para além de dar boas sugestões, ainda ajuda a concretizá-las; o que assume faz e bem feito”.
Uma entrega que dá sentido
O “crescimento e o encontro com Deus” justificam, na sua opinião, a entrega e participação que teve e vai tendo nas “obras da Igreja”. Quando questionado sobre o esforço que faz para gerir o seu tempo, a resposta é imediata e vem ao sabor de um dito popular: “só se pede alguma coisa a quem já tem muito trabalho”. “No final, acaba por compensar largamente, porque neste trabalho, descobrimo-nos como crentes e como pessoas”.
Uma perspetiva sobre a comunidade paroquial
“De um modo geral, acho que houve um crescimento na participação e na sensibilização para a responsabilidade de cada um. Como paróquia, fizemos uma caminhada no sentido de perceber que o sermos melhor Igreja, depende do trabalho de cada um de nós. Um desafio com que nos deparamos, e que é comum à Igreja em geral, é o facto de termos uma população envelhecida que se traduz na dificuldade de vermos jovens presentes na ação eclesial. Costumo dizer que durante muitos anos fizemos paredes, construímos igrejas e salões para pôr lá as pessoas, agora temos de procurar as pessoas para esses sítios. Não é que a gente tenha ambição de ter muita gente, mas faz parte da missão da Igreja evangelizar e convidar as pessoas a caminhar segundo a proposta cristã. O Espírito Santo orienta a nossa barquinha, mas é preciso trabalhar.”