Em tempos remotos, antes da Internet generalizada, antes dos placards eletrónicos informativos, tínhamos de pôr os nossos sentidos a funcionar. Agora, se queremos perceber ou saber alguma coisa, basicamente “olha!”… e está lá tudo assim que olhamos para o monitor, para o ecrã, para uma TV, para um quadro interativo, para um tablet, para um telemóvel…
Não sou contra a tecnologia, é útil e tem excelentes aplicações para melhorar vidas. Sou contra o excesso de realidade virtual e sobretudo contra o excesso de comunicação virtual; recordo alguns exemplos:
“Hoje enviei 302 mensagens no facebook e dei os parabéns a
10 colegas meus”…
Pára! Quando foi a última vez que conversaste
pessoalmente com eles?
“Hoje vi o perfil da minha colega no Instagram, ela está
diferente”…
Escuta! Quando foi a última vez que conversaste
com ela por telefone?
“O meu filho postou as fotos do jogo dele, ganharam!”…
Olha! Quando foi a última vez que o admiraste a
jogar ao vivo?
Algo que sinto que faz falta na nossa sociedade é, por exemplo, a meditação. Não associo a meditação só a uma prática religiosa, mas sobretudo a um exercício mental e espiritual. Como enfermeira, posso referir os imensos benefícios da meditação: ajuda na concentração, melhora o foco e a base está no saber Parar através da “educação” da mente; isso permite que o nosso cérebro entre em ondas alfa que lhe proporcionam repouso, diminuem a agitação cerebral, ajudam a controlar o stress e a ansiedade e, com a continuidade, melhora a nossa capacidade de refletir/discernir e torna-se uma ferramenta para o autoconhecimento.
A meditação nas suas várias formas (mindfulness, oração, contemplação, mantras, etc) tem na sua base o aprender a Escutar o que se passa dentro de nós, aprender a autorregularmo-nos – no sentido de acalmar e focar – e, por fim, exige Olhar à nossa volta para que este processo de meditação, apesar de ser um exercício interno, também tenha efeitos no nosso comportamento.