“O primeiro lugar”
Breve Introdução
Na liturgia deste domingo XXIX do Tempo Comum surge-nos a figura do “Servo de Deus” apresentado pelo profeta Isaías como aquele que, em nome de Deus, se apresenta ao mundo com um testemunho contraditório: vencer pelo caminho do amor, o único caminho que verdadeiramente é capaz de justificar a pessoa humana.
1. Invocação
Senhor Jesus,
mestre e modelo de humildade,
ilumina com a tua palavra o meu desejo de poder,
ilumina e dissipa as trevas do meu desejo de violência.
Faz-me sentir a tua brandura,
concede-me sentir a alegria
de um coração manso e humilde como o teu.
Amen.
2. Escuta da Palavra de Deus
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir». Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?». Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o baptismo com que Eu vou ser baptizado?». Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis baptizados com o baptismo com que Eu vou ser baptizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado». Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».
Palavra da salvação.
Breve Comentário
No domingo passado escutávamos como o caminho de Jesus foi interrompido pelo homem rico que desejava saber: «Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?». Uma pergunta para a qual sabia a resposta, mas com a qual tinha medo de se confrontar, preferindo fingir que não sabia as exigências que trazia o cumprimento dos mandamentos da lei.
Hoje, um pedido, quase despropositado, não fora a resposta sensata de Jesus, interrompe e importuna novamente o caminho do mestre: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda».
Tiago e João fazem este pedido mas sabiam bem que a resposta podia ser a que não queriam ouvir. Por isso, como uma criança que tem um pedido a fazer aos pais, primeiro ‘prepara o terreno’, perguntando se pode fazer a pergunta, sabendo que pode não fazer grande sentido. Era o caso. A aspiração destes dois discípulos denuncia uma incompreensão sobre os verdadeiros lugares a que devemos aspirar no Reino de Deus, na Igreja e a forma de os garantir.
No Reino de Deus os lugares não têm direita nem esquerda, não têm primeiros nem últimos, não têm chefes nem subalternos. No Reino de Deus o único lugar é o lugar para onde o mestre está a levar os seus discípulos, através de um caminho que é sistematicamente interrompido. O Mestre é que sabe o caminho, ensina o caminho e faz, ele próprio, o caminho: servir e dar a vida por amor.
Neste texto vemos como a atitude dos filhos de Zebedeu é exatamente contrária à do Mestre: comportam-se como adolescentes presunçosos, que procuram somente serem os primeiros e brilharem diante dos companheiros que se indignam, vendo-se antecipados naquele pedido.
3. Silêncio meditativo e diálogo
Um pedido despropositado volta a interromper o Mestre.
— Quantas vezes me atravesso no caminho de Jesus, interrompo o caminho por onde ele me quer levar. Quantas vezes tento evitar a exigência de seguir Jesus até ao fim, até às últimas consequências do amor?
“Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir”
— Quando peço alguma coisa ao Senhor não posso ir com exigências para que se faça a minha vontade. Na oração do Pai Nosso, Jesus ensinou o espírito da verdadeira oração: ‘seja feita a vossa vontade’.
“Quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos”
— Jesus não desconsidera a natural aspiração humana de nos tornarmos grandes, mas a grandeza a que o cristão aspira é a grandeza de um coração humilde e generoso, um coração à imagem do Mestre. Na minha vida, qual a grandeza a que eu aspiro e procuro?
4. Gesto e oração final
Ao longo desta semana vou rezar diariamente a oração do Pai Nosso dando especial ênfase à expressão “seja feita a vossa vontade”.
Pai Nosso