Jornadas em discernimento para uma Igreja em saída

Cerca de centena de meia de pessoas aceitaram o convite do Centro de Cultura e Formação Cristã da Diocese de Leiria-Fátima para, durante dois dias cheios de 5 e 6 de Outubro, refletirem sobre “Discernimento e conversão pastoral”.

As Jornadas Teológico-Pastorais que estão a decorrer marcam a conclusão de um ano comemorativo do Centenário da Restauração da Diocese, indicavam como objetivo “ser um momento de reflexão com um cunho vincadamente eclesial, em que se olhe a realidade da diocese e se apontem áreas de trabalho teológico e pastoral que pedem uma particular atenção desta igreja local”.

Na abertura, Pedro Valinho, diretor do CCFC, introduziu o método como “senda do discernimento”, em que a “demora nas perguntas” pudesse ser antídoto para a “indigestão de respostas” que é marca frequente dos nossos dias. Outro método não seria, aliás, indicado para uma “Igreja em caminho”, como somos chamados a ser.

2018-10-05 jornadas01

D. António Marto lembrou esse caminho, celebrado durante este ano com a festa e a “análise do que fomos e do que somos”, mas com os olhos postos nas “oportunidades do futuro”. Num mundo em mudança e com “nova paisagem social, cultural e religiosa”, em que o “cristianismo europeu tem dificuldade em situar-se” e se sente “em diáspora e minoria, cansado e resignado, mais preocupado com a sobrevivência do que com a vivência”, surge o “facto inesperado” de um Papa com um “estilo novo, esperançoso e contagiante”, que “não é look, mas lhe sai do coração”. Um Papa “coerente e credível na sua pessoa e missão”, que “põe a Igreja a mexer” e lhe aponta o caminho para uma “conversão pastoral e missionária”, para um “olhar bom, atento e crítico” ao “hoje de Deus que esta época nos oferece”.

2018-10-05 jornadas02

A primeira conferência irrompeu pelos conceitos do tema das jornadas, partindo da certeza de que “o Espírito Santo age em todos os tempos e lugares, não só nos sacramentos e na Palavra de Deus, mas também na palavra que circula entre nós”. José Frazão Correia apresentou o discernimento como essa capacidade de “descobrir o que o Espírito está a querer dizer-nos neste tempo”. O exercício exige “outra imaginação” da Igreja, já não “estável nas suas estruturas sólidas, mas em movimento”. E este é o “tempo favorável”, como o são todos os tempos.

Este “discernimento” como “atitude de movimento, de saída” tem custos, já que nos coloca “diante da incerteza”, numa total abertura à ação do Espírito e sem conclusões assumidas à partida. Essa é a “batota” que tantas vezes nos leva a “brincar ao processo”. Em suma, “discernir é procurar, encontrar e eleger a vontade de Deus”, tendo sempre claro que esse é o fim e não deixando que o apego aos meios seja impedimento para o alcançar. O discernimento que leva à conversão é um caminho, ou processo, que exige absoluta liberdade interior, sem medos, distrações ou desejos desordenados, em total abertura às moções do Espírito.

2018-10-05 jornadas04

O painel dessa manhã, com Simão Pedro, André Batista, João Lopes e Filomena Carvalho, sobre a pastoral juvenil e vocacional, também em contexto universitário, é um todo que se cruza com todos os momentos da vida. É Deus que chama – a todos – para estar com Ele e que envia – a todos – para a missão de ser santo e feliz. O animador tem o papel de “levar a Jesus” e de “fazer ouvir Jesus”. Tópicos importantes: a atualidade da linguagem, o papel fundamental da família, o imperativo da ação contra a inércia, “ter confiança nos jovens e em Deus, lucidez para oferecer uma resposta que seja adequada ao mundo de hoje e convicção no anúncio, com alegria e entusiasmo”. E, claro, aproveitar todos os momentos, oportunidades e contactos para “escutar, acompanhar, formar e conduzir”, na certeza de que o testemunho de vida é o método mais eficaz.

2018-10-05 jornadas05

À tarde, Tiago Neto explicou o que é a “pastoral de gestação”, que não leva modelos de “reflorestação para a floresta ardida”, mas que acompanha e ajuda a ordenar “as novas plantas que brotam naturalmente”. Imagem usada para uma Igreja cujo modelo tradicional foi atingido pelo furacão da hipermodernidade e que não pode ter medo e “deixar morrer algumas formas de viver o cristianismo” para “acompanhar o que Deus quer que ela seja”, na certeza de que “o Espírito Santo tem poder para fazer nascer novas ‘plantas’ e regenerar a fé”. Para tal, é necessário descobrir e espalhar a “sedução da fé”. Numa sociedade que perdeu a capacidade de desejar, “porque tem tudo”, sobretudo o “desejo de Deus”, que se tornou dispensável para uma vida feliz, é urgente “educar o desejo, como atração para o humano e criado, mas também para o belo, o justo, o bem”. Esse é um trabalho a fazer na vida concreta, no quotidiano de todos os ambientes, com especial incidência na vivência que pode ser feita em pequenos grupos e comunidades.

2018-10-05 jornadas06

O painel da tarde, com Isabel Martins, Maria José Silva, Idalina Gaspar e José Henrique Pedrosa, incidiu sobre a transmissão da fé em contextos familiares, catequéticos e familiares. Desde a pedagogia do “despertar da fé” em instituições com crianças dos 3 aos 6 anos, à catequese familiar e à escola de pais, revela-se essencial “preparar o terreno”, conquistar a confiança de crianças e pais, provocar momentos de encontro, partilha e crescimento em conjunto e com o envolvimento de todos, desde as crianças, pais e instituições até à comunidade paroquial. O desafio é ainda maior no caso dos adolescentes, idade de mais perguntas e necessidade de experiências fortes que sirvam de resposta. Há caminho a fazer e reflexão em curso sobre os percursos, tempos e lugares da catequese da adolescência, sendo certo que terá de ser mais querigmática, mistagógica e catecumenal.

2018-10-05 jornadas07

A tarde terminou com a Missa, presidida por D. António Marto, na igreja do Seminário. Numa brevíssima reflexão, em tom de conclusão do dia, o Bispo diocesano frisou a importância de “não fechar os olhos aos sinais da ternura e do amor do senhor”, mas descobrir caminhos para “os saborear e ajudar as nossas comunidades a saboreá-los”. Mesmo nos “caminhos de solidão”, o segredo está na “busca sincera” até encontrar e, depois, “deixar-se render à Palavra de Deus” que é a verdadeira fonte de “alegria, entusiasmo e paz”.

2018-10-05 jornadas08

À noite, um momento cultural levou os participantes nas jornadas até à Sé de Leiria, onde puderam apreciar uma belíssima representação cénica do conto “As pedras da Catedral”. O diácono Rui Ruivo e o Teatro Regional do Juncal deram uma cor especial ao texto inspirado de Pedro Valinho Gomes, mostrando como as pedras deste templo continuam a ter lugar e missão, como sinal de Deus na cidade dos homens, sobretudo quando são espelho das pedras vivas que são os homens na construção da cidade de Deus.

Amanhã continuamos…

Luís Miguel Ferraz

Retiro especial de Natal
7 de Dezembro
, às 09:30
Tesouro Escondido
7 de Dezembro
Partilha da Luz da Paz de Belém
16 de Dezembro
Compreender o Documento Final do Sínodo
17 de Dezembro
, às 21:00
Encontro dos Catequistas da Adolescência
11 de Janeiro
Formação para catequistas sobre ambientes seguros
25 de Janeiro
, às 09:30
Partilhar

Leia esta e outras notícias na...

Receba as notícias no seu email
em tempo real

Pode escolher quais as notícias que quer receber: destaques, da sua paróquia

plugins premium WordPress