Esta congregação nasceu no extremo da Itália, em 1938, junto do santuário de “Santa Maria de Finibus Terrae”, que o povo simplesmente chamava de Nossa Senhora de Leuca. A sua missão inicial era ajudar as mães solteiras e outros desfavorecidos de uma sociedade em desenvolvimento industrial.
Toda uma vida ao serviço de Cristo nos irmãos
Filha de um diretor de serviços ferroviários e de uma condessa, Elisa Martinez nasceu em 1905 e recebeu educação esmerada, revelando desde cedo viva inteligência e espírito de iniciativa apostólica. Também cedo se decidiu pela vida religiosa, tendo ingressado nas Irmãs do Bom Pastor, mas a saúde débil obrigou-a a deixar o hábito e regressar à família quando tinha cerca de 20 anos.
O fulgor do seu espírito, no entanto, não esmoreceu. Olhando os problemas sociais que se agravavam com o crescente emprego feminino, sobretudo a desagregação familiar, começou a dinamizar um serviço de apoio a mães solteiras, a crianças abandonadas e outras vítimas da discriminação social. Um serviço sobretudo direcionado à educação e à evangelização, tendo como pano de fundo a devoção a Nossa Senhora e a São José.
O grupo de raparigas que se organizou à volta deste trabalho começou por ser uma Pia União, mas foi reconhecido logo em 1941 como Congregação de Direito Diocesano e, em 1943, de Direito Pontifício. Nesta altura estava já em grande expansão, travada um pouco pela 2.ª Guerra Mundial, mas depois acelerada por toda a Itália e países vizinhos.
Presentes hoje na Itália, Suíça, França, Espanha, Portugal, Estados Unidos da América, Canadá, Índia e Filipinas, as Filhas de Santa Maria de Leuca formam uma grande família, na qual todos os membros têm igual direito e dever. Mesmo provindo de diversos países e continentes, são irmanadas na vocação recebida da fundadora: servir o próximo.
Carisma e missão
Um traço característico da Congregação é a espiritualidade mariana, inculcada pela Madre Elisa Martinez na vivência diária dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência. Expressa no seu nome, que deriva do santuário mariano onde nasceu, essa espiritualidade manifesta-se no agir inspirado pelas aparições de Lourdes e na prática de piedade filial a Maria. Colocada sob o patrocínio da Virgem Maria, de São José e de Santa Isabel da Hungria, a sua festa titular é a da Imaculada Conceição.
O carisma e missão da Congregação nascem da máxima evangélica “Todas as vezes que fizerdes isto a um destes irmãos mais pequeninos, é a mim que o fazeis” (Mt 25, 40). A figura inspiradora é a do Bom Pastor, que anda à procura da ovelha perdida e, quando a encontra, a põe aos ombros e a leva ao seu redil (Lc 15, 5). Com este fim específico, desenvolve a sua atividade apostólica nos trabalhos de assistência social, nas paróquias, na educação desde a creche ao 3.º ciclo, em centros de acolhimento para mães solteiras, hospitais, lares de idosos e missões.
A fundadora desejava que as suas filhas trabalhassem, concretamente, na promoção da dignidade e qualidade de vida das mães solteiras e dos seus filhos, com especial incidência na educação infantil, em creches, berçários e pré-escolas. Afirmava, no entanto, que o principal apostolado consistia no testemunho da sua vida consagrada, em oração e penitência.
Na Diocese de Leiria-Fátima
Em 1968 instalou-se a primeira comunidade em Portugal, em Mangualde, e três anos transferiu-se para Fátima. A aprovação do Bispo, em 1972, dava a orientação para a atividade caritativa numa residência infantil que acolheria crianças internas até aos 6 anos de idade.
Em 1992, a instituição recebe o nome de Centro Infantil Santa Maria de Leuca, funcionando em regime de externato com duas valências de creche e pré-escolar. O seu principal objetivo é ajudar as crianças no crescimento e desenvolvimento integral da sua personalidade: espiritual, moral, social, emocional, mental e física.
Testemunho vocacional
O Senhor encheu o meu coração
Nasci numa pequena aldeia pertence à paróquia do Casal dos Bernardos, na Diocese de Leiria-Fátima. Sou a mais nova de três irmãs, numa família profundamente cristã, simples e humilde, que nos soube transmitir os valores humanos e cristãos, baseados na oração.
Acredito que cada chamamento é uma graça que parte da iniciativa divina. No meu caso, a vocação também foi fruto da oração dos meus pais, que desde a minha infância a foram alimentado espiritualmente com a reza diária do Santo Rosário e a Eucaristia.
Passei a infância e juventude alegre e cheia de entusiasmo. Tinha muitos planos para o futuro, mas não ser religiosa, pois gostava muito dos divertimentos e das coisas supérfluas. Porém, “Deus escreve direito por linhas tortas” e a semente lançada na infância começou a germinar.
Aos 18 anos, quis ser independente dos meus pais e fui procurar um trabalho em Fátima, aproveitando para colaborar nalguns serviços do Santuário. Mas sentia um grande vazio dentro de mim e faltava-me uma alegria mais profunda. Neste lugar bendito, encontrei diversas instituições religiosas, que chamaram a minha atenção e curiosidade.
Um dia, quando me cruzei com uma irmã vestida de branco com faixa azul, o meu coração sentiu um desejo forte de ser como ela. Assim, sem medo e hesitação, animada pelo amor materno de Maria que acreditava guiar-me e levar-me por uma boa estrada, enchi-me de coragem e decidi entrar na comunidade do Instituto Filhas de Santa Maria de Leuca. Entrei como aspirante a 13 de janeiro 1989, aos 20 anos, permanecendo por seis meses na comunidade de Fátima e prosseguindo depois a minha formação em Roma. Em 13 de outubro de 1991 fiz a minha primeira profissão religiosa e, em 6 de outubro de 1996, fiz a Profissão Perpétua.
Frequentei o estudo de Educadora de Infância em Itália e senti-me realizada, dedicando a minha vida à educação da primeira infância, animada com a palavra evangélica: “Aquilo que haveis feito aos mais pequeno dos irmãos, haveis feito a mim”.
Para mim, os gritos, traquines, alegria, sorrisos e inocência das crianças fazem-me renascer cada dia e contemplar a beleza da vida. Com elas descobri o lugar que Deus reservou para mim, que me tornou feliz, realizando a obra que Deus que me confiou. Por isso, aqui estou, sinto-me realizada a fazer com amor, dedicação e alegria o ministério da minha vocação religiosa.
Irmã Sandrina Marques
Números
No mundo
Casas: 66
Membros: 657
Em Portugal/Diocese
Casas: 1
Membros: 12
Mais nova: 24 anos
Mais velha: 67 anos
Média etária: 45 anos