Ao longo de duas semanas, com períodos mais alargados aos fins de semana e mais curtos nos outros dias, foi-me grato percorrer todos os lugares da paróquia, para estar com cada família, anunciando-lhes Jesus Ressuscitado, invocando a sua bênção, força e vigor, e deixando a todos palavras de ânimo, conforto e coragem.
Foram 640 as famílias visitadas. Nota-se um ligeiro decréscimo de ano para ano. Em meu entender, as causas são múltiplas: casas que se fecham porque os que nelas habitavam faleceram ou foram para os lares; outras estão desabitadas porque são de emigrantes, que vivem no estrangeiro, na zona de Lisboa ou noutras paragens; noutras situações, é a impossibilidade de estar em casa no dia e hora da visita, por questões de trabalho, saídas ou outras; Num ou noutro caso, também acontece haver um menor apreço pelo sentido humano e espiritual da visita.
Apesar do esforço que a visita exigiu e do desgaste que provocou, pois acabei de entrar no rol dos septuagenários, posso dizer que valeu a pena! E valeu a pena, antes de mais, pelo contacto pessoal que nem sempre me é possível ter e manter. Valeu a pena também pelo diálogo, normalmente curto, ainda assim suficiente para me inteirar do modo de vida de cada lar, os êxitos alcançados, as aspirações em relação aos jovens, as dificuldades provenientes do peso dos anos, algumas situações de doença, outras de isolamento e solidão.
Mas valeu a pena sobretudo pelos testemunhos de fé, confiança e esperança, que pude ir recebendo de muita e muita gente. Não me lembro de ter encontrado ninguém abatido pelo desânimo. Dificuldades, fragilidades, doença, isso sim. Agora atitudes de desânimo, perda do sentido da vida, revolta, não me apercebi que existissem. Em tantos e tantos casos, foram lições de vida aquelas que eu próprio recebi.
Senti-me bem acolhido por todos, fui alvo de muitas atenções. Por isso, a todos estou grato. A minha gratidão também às pessoas que me acompanharam em cada um dos lugares. Se Deus quiser e as forças o permitirem, voltaremos para o ano.