“Tota pulchra”: a beleza de Maria, foi o tema apresentado pelo bispo da diocese de Leiria Fátima
O Santuário de Fátima levou a cabo a primeira visita temática à exposição temporária comemorativa do centenário da primeira escultura de Nossa Senhora de Fátima – Vestida de Branco -, no dia 1 de julho à noite.
Esta visita temática teve como orador o Cardeal D. António Marto, bispo da diocese de Leiria-Fátima, que levou os participantes a refletir sobre “Tota pulchra”: a beleza de Maria — a propósito da temática da exposição.
Com uma configuração diferente, adaptada às circunstâncias vigentes, que preservam a segurança e o distanciamento social, a conferência da visita decorreu na Galilé dos Apóstolos, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade.
D. António Marto começou a sua reflexão a partir do posicionamento do Papa Paulo VI, no final do Concílio Vaticano II, a 8 dezembro 1965, que convidou os fiéis a “fixar o olhar nesta mulher humilde, nossa Mãe”, cuja “ beleza de Maria Imaculada, se torna para nós um modelo inspirador”.
“Como propor hoje de novo, e de maneira adequada, Maria ao povo de Deus e de maneira a despertar um fervor de renovada piedade?”, questionou o prelado, apresentando a “Via da verdade e a via da Beleza”, como caminho.
O bispo da diocese de Leiria-Fátima, considera que a “beleza de Cristo se reflete na santidade dos seus discípulos”.
“Maria, é um milagre de beleza, que ao longo dos séculos os artistas tentaram representar e imortalizar, inumeráveis poetas procuraram cantar, incontáveis santos quiseram celebrar”, disse.
Com Maria “é eficaz sobretudo a linguagem da beleza, concretamente da arte e da poesia”.
“Em Cristo, Deus escolheu-nos, por um amor de eleição e predileção, e chega a nós de forma humana através de Jesus Cristo, e Deus realizou isto de forma singular, em Maria, criatura mais bela do universo, e neste desígnio está a raiz da beleza de Maria”, explicou D. António Marto.
O prelado, recordou as palavras do Anjo a Maria, referindo que não é uma mera saudação, “é um dom, através de Maria para a humanidade”, e deste modo “Maria está cheia da presença de Deus, habitada pelo próprio Deus no seu amor”.
“Nela estão todas as virtudes que tornam bela a existência humana: fé, esperança e caridade”, considera, lembrando que na esperança de Maria “encontramos a fé de todos os que querem encontrar Cristo”, afirmou.
O bispo da diocese de Leiria-Fátima disse que “tudo em Maria vive de fé, graça, caridade e dom do espírito, silêncio, contemplação, mansidão, generosidade, paz, e assim a beleza de Maria acompanha todos os mistérios de Cristo”.
“Maria Imaculada é o rosto onde se configura Cristo e é graças à sua intimidade com Cristo que ela é profundamente santificada”, explicou D. António Marto.
“Está unida a Cristo como nenhuma outra criatura”, considera, lembrando que “o amor que nos une a Cristo transforma-nos; só o amor vê e descobre a beleza do que está escondido”.
A primeira visita deveria ter sido realizada na primeira quarta-feira do mês de maio, mas devido às circunstâncias que o país atravessa, na sequência da pandemia provocada pela Covid-19, só agora teve lugar.
Esta iniciativa cumpre os requisitos de segurança exigidos para os espaços museológicos. Estão agendadas, entretanto, mais três visitas temáticas, sempre na primeira quarta-feira de cada mês: a 5 de agosto, “Singularidades das representações da Virgem Maria nas diferentes épocas históricas — a propósito do Núcleo I da Exposição” por Marco Daniel Duarte, Diretor do Museu do Santuário de Fátima; a 2 de setembro, “Desafios à conservação da Imagem de Nossa Senhora de Fátima — a propósito do Núcleo VII da Exposição”, por Ana Rita Santos, Coordenadora do Serviço de Conservação e Restauro do Património do Santuário de Fátima; a 7 de outubro, “A Imagem de Nossa Senhora de Fátima: da criação à difusão de uma nova forma de representar a Virgem Maria — a propósito Núcleo V da Exposição”, por Marco Daniel Duarte, Diretor do Museu do Santuário de Fátima.
Até ao dia 13 de março, data em que começou o confinamento, esta exposição tinha sido visitada por 58.219 pessoas. Após um período encerrada, voltou a reabrir a 19 maio. Neste novo período já passaram por este espaço 7.979 visitantes.
A exposição temporária comemorativa do centenário da primeira escultura de Nossa Senhora de Fátima – Vestida de Branco, ao longo de sete núcleos, convida a refletir sobre a relação entre arte e devoção, num diálogo permanente entre arte antiga e arte contemporânea, tradição e inovação. Recorrendo a peças de valor histórico e artístico do espólio do Museu do Santuário de Fátima, como de outras instituições museológicas e diferentes organismos eclesiais, através da linguagem da museologia é dado ao visitante conhecer o processo histórico e artístico de criação e fixação do modelo oficial da Imagem que se venera na Capelinha das Aparições, as interpretações devocionais e artísticas que lhe são devedoras, assim como os mitos, desafios e herança de um dos símbolos maiores da iconografia mariana, numa experiência simultaneamente formativa e de fruição estética das múltiplas formas com as quais as diferentes épocas históricas vestiram a Virgem Maria.