Cardeal D. António Marto deu graças pelo ano que findou e indicou caminhos de paz para o futuro

Na homilia da Missa de ação de graças deste final de ano, o bispo de Leiria Fátima recordou os principais acontecimentos da vida da Igreja e apelou à paz, pela conversão.

Na homilia da Missa de ação de graças deste final de ano, o bispo de Leiria Fátima recordou os principais acontecimentos da vida da Igreja e apelou à paz, pela conversão.

O bispo de Leiria-Fátima, cardeal D. António Marto, presidiu, esta noite, à Missa de ação de graças pelo ano de 2019. Na homilia, o prelado recordou os “sinais da generosidade divina na história, na Igreja e no mundo” do ano que agora finda, delineou caminhos de paz e sublinhou a urgência da “conversão ecológica”.

No culminar de mais um ano, nesta época natalícia, o prelado começou por considerar a altura do ano como propícia para um momento de ação de graças.

“É uma ocasião propícia para parar, mais uma vez, diante do presépio a contemplar como Deus se fez presente durante todo este ano e tomar consciência de que cada tempo, cada momento é portador de graça e de bênção. Neste espírito queremos dar graças a Deus pelo ano que termina e por todo o bem que há no mundo e que é dom seu”, afirmou, ao lembrar o “despojamento do egoísmo, os sacrifícios e a paciência” que a vivência de um Natal genuíno, através da entrega no amor, exige.

Concretizando que o ano de 2019 deixou “sinais da generosidade divina na história, na Igreja e no mundo”, o bispo de Leiria-Fátima evocou, de seguida, algumas dos momentos que considerou terem sido “expressões de bem e de graça”.

“Em primeiro lugar, o recente Sínodo dos bispos sobre ‘Amazónia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral’, que colocou no coração da Igreja católica uma periferia longínqua, pouco conhecida e esquecida (…) e que provocou a Igreja a refletir sobre um novo paradigma missionário, ajudando-A a responder às exigências atuais de um mundo que não é mais cristão, mas ainda é capaz de escutar o Evangelho”, começou por enumerar, ao evidenciar a necessidade de uma “conversão cultural e pastoral” para que o Evangelho seja capaz de falar às diversas culturas e expressões da fé. Ainda sobre este ponto, o prelado sublinhou a importância de uma a “conversão ecológica” com vista ao “bem de todas as criaturas e gerações”.

O Cardeal D. António Marto recordou também o Ano Missionário em Portugal, convocado pelos bispos portugueses, e encerrado na Cova da iria, a 20 de outubro de 2019.

“A finalidade era dar um abanão à Igreja adormecida: reavivar o ardor e a paixão pela missão de Jesus, reacender o dinamismo missionário de uma Igreja em saída da zona de conforto e de inércia, fechada sobre si. Não existe Igreja de sofá, mas em saída ao encontro de todos com o testemunho do entusiasmo e a alegria do Evangelho”, referiu a propósito do Ano Missionário.

Jornada Mundial da Juventude de 2022: “Fátima é uma uma estação incontornável”

No âmbito diocesano, o bispo de Leiria-Fátima realçou os encontros com os jovens realizados, ao longo do ano, em cada vigararia, como “uma oportunidade para escutar as inquietações e interrogações sobre a vida e a fé” dos mais novos, perspetivando a pastoral juvenal sob a meta da Jornada Mundial da Juventude de 2022, que se realiza em Lisboa, no âmbito de uma preparação guiada pela Exortação Apostólica “Cristo vive”.

“Na Exortação, o Papa desafia os jovens a realizarem percursos de fraternidade, a saírem ao encontro dos frágeis e necessitados, a serem protagonistas da mudança para uma civilização mais justa e fraterna e missionários corajosos da alegria do Evangelho.”

Ainda sobre o encontro mundial de jovens católicos com o Papa, na capital portuguesa, D. António Marto considerou Fátima como “uma estação incontornável desta grande peregrinação”, pela “força da atração única e universal da Virgem peregrina e sua mensagem, mas também pelo próprio tema mariano da jornada: ‘Maria levantou-se e saiu apressadamente’.

“O Santuário não pode deixar de ter uma oferta de evangelização de qualidade adequada aos jovens do milénio, em novas iniciativas, nos métodos e meios, nas novas linguagens, nos elementos típicos da peregrinação a Fátima como sejam a dimensão mística do encontro com Deus e a beleza da sua misericórdia, e a dimensão profética do apelo à paz e, por extensão, ao cuidado da nossa casa comum, através da ecologia integral”, afirmou.

A conversão como caminho de paz

Na conclusão, o presidente da celebração lançou um olhar sobre a paz, na madrugada do dia em que ela é celebrada em todo o mundo. À luz da mensagem do Papa para este dia, que tem como título: “A Paz como Caminho de esperança: Diálogo, Reconciliação e Conversão Ecológica”, o prelado apresentou a paz como um “desejo profundo inscrito no ADN do ser humano”.

“A paz chega como dom e tarefa a partir do coração humano”, afirmou, ao recordar os conflitos, as guerras, as divisões sociais e as “desigualdades gritantes” que marcam a atualidade, e para as quais o Santo Padre apresenta como solução a criação de “uma nova cultura do encontro”, assente no “exercício do diálogo construtivo, criador de pontes que aproximam”, na “confiança e valorização do outro” e no “reavivar a vocação à fraternidade”.

Delineando ainda caminhos para a paz, D. António Marto voltou a enunciar a urgência de uma “conversão ecológica”, como é pedida pelo Santo Padre, missão para a qual considerou que os cristãos devem “estar na vanguarda para escutar e responder ao grito da terra e ao grito dos pobres”.

“Caros irmãos e irmãs, um jovem Papa de 83 anos desafia-nos a esperar, mesmo contra toda a esperança humana. Lança o desafio do futuro à Igreja abrindo-lhe novos cenários para a missão que a obrigam à renovação, à reforma evangélica. Mas o desafio à esperança e ao futuro é também para todos os homens e mulheres do nosso tempo a fim de que procurem no mais profundo de si mesmos a força para a mudança necessária”, concluiu.

Concelebrou com cardeal português o cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo do Luxemburgo.

Após a celebração, seguiu-se uma procissão para a Capelinha das Aparições, onde foi recitado o Rosário, seguido de consagração a Nossa Senhora e gesto de Paz. Os sinos da torre da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima repicaram à meia-noite e, após a vigília de oração, os peregrinos foram convidados a partilhar um momento de confraternização na Casa de Retiros de Nossa Senhora das Dores, onde o Santuário ofereceu um chá.

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