Apostolado Mundial de Fátima

Por detrás do Santuário de Fátima, ali a poucos metros, há um edifício que não passa despercebido. Chama-se “Domus Pacis”, mas é mais conhecido por “Exército Azul”, por ser a sede dessa instituição que, actualmente, dá pelo nome de Apostolado Mundial de Fátima, uma associação de fiéis, com estatutos aprovados pelo Conselho Pontifício para os Leigos, a 7 de outubro de 2005, Festa de Nossa Senhora do Rosário.

O Apostolado Mundial de Fátima (AMF) é uma associação internacional de fiéis que tem como lema “Orbis Unus Orans” (um mundo unido em oração), por assumir um apostolado orante e, ao mesmo tempo, atuante. Conta com vários milhões de membros espalhados pelo mundo inteiro, que procuram viver e divulgar a mensagem de Nossa Senhora de Fátima, contribuindo assim para a sua santificação pessoal e para a evangelização do mundo. 

É isso que se pede a cada membro, que viva a mensagem de Fátima e dê testemunho da sua fé na família, no trabalho, nas paróquias e comunidades. Pode viver esse compromisso de forma individual, mas, por norma, fá-lo nas chamadas “Células de Oração”. São pequenos grupos de pessoas que se reúnem para rezar, estudar a Mensagem de Fátima à luz da Palavra de Deus, fazer partilha de vida e assumir propósitos concretos para uma melhor vivência da mesma.

De Portugal para o mundo

Embora nascido na América, podemos dizer que o movimento se organiza, hoje, de Portugal para o mundo. A sua sede é a “Domus Pacis”, próximo do Santuário de Fátima, mas a sua força “sente-se sobretudo fora do país, nos quatro cantos do mundo, onde a fé e a devoção a Nossa Senhora de Fátima assumem um lugar muito especial no coração das pessoas”, como explica Nuno Prazeres, director do secretariado internacional, com quem o PRESENTE foi conversar.

Este responsável explica que “em cada país existe uma equipa que coordena a ação do movimento, em estreita ligação com a direção geral e com o secretariado internacional, assegurando assim a comunhão e a fidelidade ao seu carisma”. E são já mais de 100 os países onde está presente.

Esta interligação permite ao AMF assegurar a fidelidade à sua missão inicial e a permanente ligação ao centro espiritual que é Fátima. Assume-se, por isso, como uma instituição privilegiada para prestar formação e acompanhamento aos devotos de Nossa Senhora de Fátima que estão espalhados pelo planeta.

Atividade constante

Concretamente, tanto em Fátima como por todo o mundo, o AMF organiza e promove congressos, retiros, seminários e encontros de oração, onde se incluem programas de adoração ao Santíssimo, a devoção dos primeiros sábados, vigílias, etc. Organiza também visitas da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, coordena peregrinações aos santuários marianos e promove a visita aos doentes e aos pobres. Mantém ainda uma intensa atividade editorial, publicando várias revistas, livros e subsídios multimédia para a formação dos seus membros.

Paralelamente, o movimento procura manter estreita colaboração com movimentos de defesa da vida, comunidades escolares e universitárias e outras instituições que dinamizem iniciativas no mesmo âmbito de divulgação da Mensagem que Nossa Senhora transmitiu nas aparições de Fátima.

E a verdade é que, como refere Nuno Prazeres, “os quase 70 anos de existência do AMF confirmam que o dinamismo da Mensagem de Fátima é inesgotável e que, hoje, tal como ontem, o acontecimento Fátima e a imitação da vida dos pastorinhos são um precioso auxílio na tarefa de anunciar o Evangelho de Jesus Cristo”.

Como tudo começou

Tudo começou em 1946, com o padre Harold Colgan, pároco de Nova Jérsia, nos Estados Unidos da América. Diagnosticado com uma doença incurável que lhe dava poucos meses de vida, este sacerdote vira-se para Nossa Senhora, de quem era muito devoto, e promete-lhe que, caso lhe concedesse a graça da cura, dedicaria o resto dos seus dias a espalhar a devoção mariana.

A cura aconteceu e a promessa foi cumprida. Passa a concentrar a sua pregação nos apelos que a Mãe do Céu fizera em Fátima, em 1917, aos três pastorinhos Lúcia, Francisco e Jacinta. Começando pela sua paróquia, inicia uma campanha espiritual de oração e penitência pela conversão da Rússia e a paz no mundo, tal como a Senhora de Fátima tinha pedido.

Assim nasce em 1947, o “Exército Azul de Nossa Senhora de Fátima”, um “batalhão espiritual” que ganha rapidamente muitos “soldados”, graças à especial sensibilidade das pessoas à questão da paz, no contexto que se vivia de pós-II Guerra Mundial e de tenso clima de Guerra Fria entre os Estados Unidos da América e a União Soviética.

Para essa rápida expansão, muito contribuiu o escritor John Haffert, profundo conhecedor da Mensagem de Fátima que se juntou ao padre Colgan e se tornou ativo impulsionador da sua obra. Estendendo-se a outras paróquias e, até, a outros países, em 1950 o movimento tinha já um milhão de membros inscritos e, três anos depois, eram mais de 5 milhões, espalhados por todo o mundo.

Estrutura

O órgão máximo da associação é a assembleia geral, que se reúne a cada quatro anos. Nela participam os delegados dos vários países onde o movimento está presente. Juntos refletem, partilham e definem as linhas pastorais do movimento. Desta assembleia elege-se um conselho diretivo internacional, formado por nove pessoas, cuja missão é a de orientar e estimular a atividade do movimento, servindo-se para tal do seu secretariado internacional, sedeado em Fátima.

Entrevista a Nuno Prazeres, diretor do secretariado internacional

2014-09-17 apostolado mundial fatima 2“A missão de levar ao mundo esta luz de esperança e de paz continua tão premente como antes”

Nuno Prazeres dirige o secretariado internacional do AMF desde março de 2004, com a responsabilidade de manter contacto permanente com os vários centros espalhados pelo mundo, assistindo-os na formação, na execução de programas e na estruturação em unidade e fidelidade ao carisma. Entre outras tarefas, com a colaboração de Ana Reis no secretariado, mantém o sítio www.worldfatima.com, em sete línguas; coordena a publicação da revista internacional do AMF, organiza e participa em congressos da associação e acolhe os grupos de peregrinos estrangeiros em Fátima.

O movimento surgiu para difundir a Mensagem de Fátima pelo mundo. Sendo hoje uma universalmente conhecida essa mensagem, ainda é pertinente a missão?

É evidente que sim. Embora seja conhecida em todo o mundo, não significa que a Mensagem, na sua essência e alcance espiritual, o sejam. Nossa Senhora ofereceu-nos em Fátima o caminho para a paz verdadeira e duradoura. Se ainda a não encontrámos, então significa que a nossa missão de levar ao mundo esta luz de esperança e de paz continua tão premente como antes. Perante os dramas do ódio, da violência, da cultura da morte, do materialismo cego, Fátima remete-nos para a centralidade do Evangelho e convida-nos à mudança de vida, ao encontro com Deus e com os irmãos.

A orientação internacional da associação deriva de uma opção do fundador ou resultou como resposta a uma necessidade de “chegar mais longe”?

O movimento é por natureza de caráter internacional, virado “para fora”, não só por ter tido origem no estrangeiro, mas porque desde cedo se percebeu que a mensagem confiada aos pastorinhos de Aljustrel não poderia ficar confinada a uma pequena paróquia, nem sequer a um pequeno país, mas estender-se a todas as nações. Podemos dizer que a nossa dimensão mundial é fruto do dinamismo inerente à própria força da mensagem de Fátima, algo que não se pode calar, mas que é preciso anunciar.

E acha que essa mensagem já é suficientemente conhecida em Portugal e, concretamente, na diocese de Leiria-Fátima?

O povo português tem um grande amor a Nossa Senhora de Fátima e aos Pastorinhos. A mensagem é conhecida na sua generalidade, mas penso que há sempre espaço para que se procure um maior aprofundamento, quer teológico quer pastoral. Só assim poderemos incarnar na nossa vida, de forma comprometida, este dom inesgotável que Fátima nos oferece. Penso que ultimamente se têm feito esforços para que os diocesanos de Leiria-Fátima e outos devotos descubram mais a beleza da Mensagem de Fátima e a riqueza que oferece às nossas vidas.

Nesta linha mais local, o AMF tem algum tipo de ação regular?

A nossa ação de âmbito local passa principalmente pelo acolhimento que fazemos aos peregrinos de Fátima vindos de vários países. Desde 2009, o AMF orienta também a recitação do Rosário, uma vez por mês, na Capelinha das Aparições. Anualmente, organizamos uma Jornada de Oração pela Defesa da Vida. E, já no próximo dia 3 de outubro, pelas 16h00, teremos também um encontro de oração na Capelinha das Aparições, com crianças e jovens, para rezar pelo Papa, pelas famílias e pela paz no mundo.

Quem pode ser associado do AMF e o que deverá fazer para isso?

Todo e qualquer cristão pode ser nosso associado. Quem estiver interessado em unir-se ao movimento, pode visitar o nosso sítio de internet www.worldfatima.com, escrever-nos, telefonar-nos ou dirigir-se pessoalmente ao nosso secretariado em Fátima. Aí poderá aceder a um formulário de inscrição com as condições de pertença. Não há limites de idade, a inscrição é gratuita e as vantagens de estar ligado à associação é a de poder ir recebendo informações sobre atividades, participar nos encontros, colaborar na divulgação da mensagem de Fátima e das iniciativas do movimento e, enfim, saber-se unido a uma corrente de oração mundial.

Uma mensagem, então, aos diocesanos de Leiria-Fátima…

As Aparições de Nossa Senhora em Fátima representam um grande privilégio para a nossa diocese. Privilégio, mas também responsabilidade. Somos fiéis depositários da Mensagem que a Senhora dirigiu a três pequenas crianças, que muito antes de ter ecoado pelo mundo fora foi acolhida no coração dos nossos antepassados. 

Caminhamos a passos largos para a celebração do centenário das Aparições de Fátima. Somos, pois, convidados a acolher este apelo sempre novo à conversão, à oração, ao amor. Somos convidados também a acolher quem peregrina até Fátima, muitas vezes passando mesmo à nossa porta. Saibamos dar testemunho de fé e de esperança a quem connosco se cruza, peregrino de Fátima, ou pelas estradas da nossa vida. Saibamos apontar para o coração de Nossa Senhora, refúgio dos que procuram um colo materno, um olhar generoso, ou uma palavra de esperança.

 

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