Vocações sacerdotais são responsabilidade de todos

No culminar de mais uma Semana dos Seminários, este ano sob o tema “Olhou-os com Misericórdia”, O Presente Leiria-Fátima destaca a ação do Seminário Diocesano de Leiria. Curiosidades sobre a sua história, uma entrevista ao atual reitor, padre José Augusto e relatos de quatro gerações de seminaristas que por ali passaram, sublinham a importância desta instituição diocesana, fundada há mais de três séculos.

 

Entrevista ao reitor do Seminário Diocesano

Padre José Augusto Rodrigues

 

O edifício do Seminário sofreu, nos últimos anos, uma readaptação dos espaços. Isso trouxe nova vida ao SDL?

Com a inauguração do Centro Pastoral Diocesano, esta casa ganhou um novo sentido. Faz-nos bem sentir que estas paredes têm mais vida e utilização e que as pessoas olham para esta casa com mais interesse e um sentido renovado. Apesar desta utilização muito mais vasta, o SDL não deixa de ser Seminário. As vocações sacerdotais continuam no coração da Diocese. Por isso, quando mais vida as paróquias e os serviços diocesanos trouxerem ao seminário, direta ou indiretamente, mais se promove a causa original desta casa que é a promoção das vocações. Temos os espaços, há que utilizá-los e rentabilizá-los o melhor possível.

Nestas readaptações, pensou-se, como não podia deixar de ser, nos Seminaristas e Pré-Seminaristas. Um dos pisos das obras da primeira fase está reservado aos seminaristas e aos pré-seminaristas com salas de convívio, de estudo, de reflexão e todos os espaços apropriados para eles. Os seminaristas, quando necessário, dormem cá. Chegam na sexta à noite e vão para Lisboa no Domingo.

Como está a aposta no Pré-Seminário?

O Pré-Seminário é um desafio enorme e se olharmos para os números, a primeira tentação seria a de desistir. Na nossa Diocese, já existe há mais de vinte anos, durante os quais centenas de rapazes por aqui passaram. Quantos é que entraram? Dois ou três. E quantos chegaram à ordenação sacerdotal? Até agora, o padre Fábio Bernardino e chegará o Tiago. São os dois primeiros frutos diretos do Pré-Seminário.

Todos os anos temos vários alunos no Pré-Seminário no 12.º ano, mas nós reconhecemos que eles não têm certezas suficientes para dar este passo. A brincar, costumo dizer que vocações para pré-seminaristas ainda vamos tendo… Para seminaristas, a realidade já é diferente. Apesar do Pré-Seminário não ter dado muitos seminaristas, é o único caminho que se nos apresenta.

A maioria destes rapazes é adolescente.

O Pré-Seminário não termina obrigatoriamente no 12.º ano. Se eles manifestarem interesse e disponibilidade, nós continuamos a acompanhá-los na faculdade. Mas, sejamos razoáveis: um rapaz que faz quatro anos de Pré-Seminário e chega ao 12.º ano, onde naturalmente poderia entrar no Seminário, e se inscreve num curso e entra no mundo universitário, dá-nos sinais de que não tem intenções de dar continuidade ao seu percurso rumo ao sacerdócio.

Esta visão do Pré-Seminário tem de ser muito abrangente. Os seis Seminaristas que a Diocese tem atualmente entraram para o Seminário durante a faculdade ou até mesmo já depois de estarem no mundo do trabalho e nenhum deles passou pelo Pré-Seminário.

A vocação tardia é um sinal dos tempos?

É necessário adequar o modelo. A vocação sacerdotal pode ser despertada mais cedo, daí que seja fundamental continuarmos o trabalho com as camadas mais jovens, mas começo a perceber que é muito difícil a um rapaz com 18 anos ter a coragem de, perante a famílias, os amigos, de si próprio e Deus, tomar a decisão de entrar para o Seminário. Reconheço que pedir-lhes uma decisão aos 18 anos pode não ser uma expectativa adequada. Por isso, acho que temos que alargar os horizontes e pensar no Pré-Seminário numa perspetiva mais abrangente ou até mesmo dar-lhe um outro nome. O Pré-Seminário pode continuara a ser até ao 12.º ano, com a possibilidade de um acompanhamento pessoal posterior.

De que paróquias vêm os pré-seminaristas?

Dos atuais pré-seminaristas que temos, a maioria vem de paróquias bem definidas: Marinha Grande, Ourém (N.ª Sr.ª das Misericórdias) e Matas. Isto deve-se claramente ao trabalho dos seus párocos, que, muitas vezes, chegam a vir cá trazê-los. Há pré-seminaristas que vieram a um primeiro encontro, gostaram, mas depois não têm que os traga.

O que falta fazer no trabalho de despertar das vocações?

A atenção pelo despertar das vocações é um trabalho que deve ser assumido por toda a Diocese, sobretudo pelas comunidades paroquiais.

Há 30 anos, a aproximação ao Seminário surgia naturalmente no seio das comunidades e das famílias, num trabalho de promoção da vocação sacerdotal que surgia de uma forma espontânea. Todos os anos, entravam 30 miúdos para o Seminário e, depois, a seleção natural ia-se fazendo… Hoje, a realidade é diferente, daí que o contacto com os catequistas e com os pais seja tão ou mais importante que a aproximação aos adolescentes. Tem que ser feito um trabalho conjunto, em que as paróquias e os seus párocos também têm um papel essencial, como primeiros promotores da vocação sacerdotal junto dos adolescentes.

E como estão os nossos Seminaristas?

Atualmente, dois estão no Seminário de Caparide e quatro no Seminário dos Olivais. Quando vêm de fim-se-semana, os seminaristas do 4.º ao 6.º ano colaboram na dinamização pastoral de algumas paróquias e da Diocese. O Tiago Silva está em estágio pastoral na paróquia da Maceira, o Rui Ruivo colabora nas atividades do Pré-Seminário, o Eduardo Caseiro está na paróquia da Marinha Grande, o Dany Gil nas paróquias da Azoia e Barosa e o António Cardoso está na paróquia do Souto da Carpalhosa. Esta participação nas comunidades paroquiais é muito importante porque possibilita um contacto com aquilo que os espera.”

 

 

 

Seminaristas da Diocese em 2014-2015

Seminário Maior

Ano Propedêutico – 0

1.º Ano – 1 (Micael Ferreira)

2.º Ano – 1 (Jorge Fernandes)

3.º Ano – 0

4.º Ano – 2 (Rui Ruivo e Dany Gil)

5.º Ano – 1 (Eduardo Caseiro)

6.º Ano – 1 (António Cardoso)

 

Pré-Seminário

Grupo Samuel (6.º ao 8.º ano) – 0 (*)

Grupo S. Paulo (9.º ao 12.º ano) – 15 (*)

(*) Do primeiro encontro deste ano para ambos os grupos, não houve nenhuma participação no grupo Samuel. Este aspeto é “problemático por ser o grupo dos mais novos, que deveria ser o mais numeroso”, refere o padre José Augusto, reitor do Seminário Diocesano. O grupo de S. Paulo passou de 18, no ano passado, para 15 e é um grupo que “dá algumas esperanças”.

 

 

Diferentes ações para dinamizar a vocação sacerdotal

O Seminário Diocesano tem apostado em diferentes ações com vista à dinamização da vocação sacerdotal. Entre a formação de uma equipa que promove as vocações, a visitas do Seminário às vigararias, passando pela dinamização de espaços de oração pelas vocações, a ideia passa por consciencializar os fiéis de que a vocação sacerdotal é uma tarefa de todos os diocesanos. Ao PRESENTE, o padre José Augusto explicou o formato e o ponto de situação de cada destas ações.

Vem Ver +

Promover as vocações através de uma equipa

“Criada no ano passado, esta equipa, que atualmente conta com uma religiosa, um casal, alguns leigos e padres, trabalha a promoção das vocações. Surgiu como resposta ao pedido do Bispo Diocesano, para que a Igreja Diocesana estivesse representada numa equipa que promovesse a vocação sacerdotal, não deixando esta responsabilidade apenas aos padres do Seminário.

Este ano, deixaram de poder colaborar dois dos seus elementos, mas a equipa irá ser reforçada dentro em breve.”

É Belo Ser Padre

Ir às paróquias falar das vocações

“Uma iniciativa através da qual o Seminário se desloca às paróquias, ao encontro dos adolescentes, jovens, catequistas, pais e comunidades em geral para lhes falar da vocação sacerdotal.

Não vamos apenas falar com os adolescentes, até porque, cada vez mais, achamos ser importante o encontro com os catequistas e com os pais, por forma a despertá-los para a importância da vocação sacerdotal e para que possam ajudar na aproximação aos adolescentes.

No ano passado, visitámos a vigararia de Leiria e, este ano, estamos já a visitar as paróquias da vigararia de Fátima, seguindo-se a da Batalha.

Esta atividade tem-nos satisfeito muito no acolhimento que temos tido por parte das comunidades.”

FOS – Família de Oração pelo Seminário

Rezar pelas vocações para congregar a Diocese

“Na FOS, convidamos as pessoas a inscreverem-se, através de um endereço de e-mail, numa lista através da qual enviamos convites para promovemos a oração pela intenção das vocações sacerdotais, em momentos de oração, às quintas-feiras, no SDL e através do envio de subsídios para que, quem não puder vir, possa reservar um espaço de oração em suas casas, nas famílias ou num outro grupo. O objetivo principal passa por unir a Diocese na oração pelas vocações sacerdotais.

Esta iniciativa teve início na Semana de Oração pelos Seminários do ano passado, na Vigília de oração, numa proposta lançada pela equipa “Vem Ver +”.

Atualmente, a FOS conta com mais de duzentas pessoas inscritas e com um grupo, entre 30 a 50 pessoas, a participarem nas orações semanais no SDL.

Dia Aberto do Seminário Diocesano

Mostrar mais para se “Ver +”

“Será no próximo domingo, dia 15 de novembro, e é uma proposta do Seminário Diocesano de Leiria, através da equipa “Vem Ver +”, que acabou por emprestar o nome a esta iniciativa, dirigida não apenas aos adolescentes e jovens, mas também às famílias e comunidades.

A ideia nasceu da sugestão de um leigo, que um dia me provocou no sentido de também fazermos um Dia Aberto – a exemplo de outros estabelecimentos de ensino da região – , para dar a conhecer a instituição do SDL e aprofundar a importância da vocação sacerdotal.

Procurámos, desde o início, alargar a promoção e dinamização deste encontro o mais possível e, por isso, fizemos o convite a alguns departamentos da Diocese para que se juntassem a nós. Na organização, na promoção e na execução vão estar empenhados os serviços diocesanos da Pastoral Juvenil, de Catequese, de Animação Vocacional e de Pastoral da Família.

A parte da manhã vai ser de reflexão sobre a vocação sacerdotal, através de diferentes propostas dinamizadas pelos serviços envolvidos.

O dia prolonga-se até à tarde e termina com chave de ouro, com a ordenação diaconal de Tiago Silva. Este encontro ganha ainda mais sentido pela ordenação do Tiago, uma vez que não há maior testemunho da vocação sacerdotal, do que participar na Eucaristia onde é ordenado um novo diácono.”

 

 

5 curiosidades sobre a história do Seminário Diocesano (Veja AQUI)

 

 

 

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