Vigararia de Leiria aborda família como escola de valores e de cidadania

No centro pastoral dos Pousos, teve lugar na passada sexta-feira, dia 16, o encontro promovido pela vigararia de Leiria sob o tema “família, escola de valores e de cidadania”.

No final, o bispo diocesano, D. António Marto, resumiu a experiência e a mensagem do evento com a frase que lhe ficou “mais no coração”, dita pelo orador convidado: “A família lança as sementes de tudo” o que depois desabrocha na vida das pessoas. Agradeceu a participação de todos e deixou o convite à festa das famílias e a difundirem a esperança à sua volta.
A atividade, em que participaram 350 pessoas das nove paróquias da vigararia, teve o seu início com um momento de oração e meditação do texto bíblico Rm 12, 2.15-18.21. D. António Marto lembrou que a fé cristã não retira as pessoas nem as famílias do mundo, pelo contrário, insere-as nele como fermento na massa com os valores evangélicos. Mais, os cristãos são chamados a ser a “alma do mundo”, no sentido de lhe dar espírito, calor, valores, amor. A família tem a missão de ser “a escola primeira de humanidade e de humanização” e cumpre-a nas relações interpessoais e na fraternidade, sendo berço da vida e escola de virtudes sociais, onde se aprende o respeito pelos outros, o serviço generoso, a retidão e a honestidade, o equilíbrio entre o bem de cada um e o bem comum, a sociabilidade… Referiu também a missão familiar de vivência da fé e da sua transmissão e educação, bem como a necessidade de lutarmos para que sejam garantidos os seus direitos e estimulados os seus deveres, com leis justas que a tutelem e promovam como um bem para os seus membros, mas igualmente para a sociedade e a humanidade. Exortou, por fim, a que todos, na Igreja, se animem e ajudem mutuamente na missão “nobre e bela mas também árdua e difícil da família”.

Condições de trabalho dificultam vida da família

Seguiu-se a apresentação, pelo casal Helena e Carlos, da síntese das reflexões nos grupos paroquiais sobre a “Carta dos direitos da família”. Referiram concordar com o direito de os casais exercerem a sua paternidade e maternidade responsáveis, guiados pela sua consciência e atendendo às circunstâncias da sua vida, mas consideram não ser viável excluir o uso de meios contraceptivos. Já quanto ao direito a uma ordem social justa que favoreça a vida familiar, notam os casais que tal não está a ser respeitado, pois as condições de trabalho, os horários e outros aspetos são muitas vezes adversos. Afirmam a sua adesão absoluta ao respeito pela vida humana desde a sua concepção, mas, nas situações atuais favoráveis ao aborto, é preciso que famílias e cristãos lutem pela salvaguarda da vida em todas as circunstâncias. A coexistência de vários modelos de família deverá merecer a aceitação, tolerância e respeito. Entre os valores mais difíceis na família hoje, apontam o respeito e o diálogo com os mais novos. À pergunta sobre o que fazer para formar bons cidadãos, apontam o exemplo, o aproveitar o tempo para estar em família, conversar e escutar, educar com amor e atenção e viver o evangelho no dia a dia.

Tudo na vida está ligado

Ricardo Vieira, investigador e professor na área da antropologia social no Instituto Politécnico de Leiria, foi o convidado para desenvolver o tema do encontro. Falou em tom familiar, de boa disposição e sugestivo para fazer pensar. Defendeu que a vida, a família, a escola e todas as componentes da sociedade devem ser pensadas na sua ligação e não como ilhas separadas umas das outras. Afirmou que a família “é um microcosmos da humanidade” e “uma escola de vida”: nela se aprende a conviver com todos, não apenas na sua casa, mas com a família alargada, a vizinhança…. Nela se lança a semente de tudo na vida, que depois precisa de ser irrigada e cuidada. Considerou importante aprender a lidar com o “não” e a valorizar também o silêncio nas relações sociais. Salientou a necessidade de se estabelecer diálogo permanente entre família, escola e comunidade. A educação para a cidadania tem que ser ativa e emancipadora, mas também conduzir a aprender a conviver e relacionar-se com a diferença e a agir com responsabilidade. Sublinhou a solidariedade como um valor fundamental para a convivência social. E apresentou um conceito de família social, em que não se valoriza apenas o vínculo da consanguinidade, mas outros que alargam a relação e a convivência.
No debate que se seguiu, falou-se da dificuldade em dizer “não” quando se ama, do papel dos avós e da sua diferença relativamente aos pais, da necessidade de estabelecer regras e exigências no processo educativo e dos obstáculos que a missão educativa enfrenta na sociedade e cultura atuais.
Houve ainda lugar para uma breve apresentação da “festa diocesana das famílias”, que terá lugar na Marinha Grande, conforme o Presente Leiria-Fátima anuncia nesta edição. Uma confraternização no final foi ocasião para conversar e partilhar a riqueza da experiência vivida e da mensagem recebida ao longo do serão.

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