«A minha palavra e a minha pregação nada tinham dos argumentos persuasivos da sabedoria humana, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé não se baseasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.» 1 Cor 2, 4-5
Quantas vezes ouvimos nós pessoas, (sacerdotes ou leigos), a falar de Deus, da Palavra de Deus, da Fé, da Doutrina, e percebemos que uns nos tocam o coração e a vida, enquanto outros, mesmo podendo falar muito bem, não nos fazem “estremecer”, ou seja, não nos levam a querer fazer o que nos pregam.
Por vezes preparamo-nos muito bem para falar sobre determinada passagem da Bíblia, sobre algum ponto específico da Doutrina Cristã, sobre a vivência da fé e, depois quando falamos, muito pouco daquilo que preparámos é o que afinal dizemos.
Por vezes também estamos a falar e, mesmo para nós, parece que estamos a “debitar” algo decorado, mas, de repente, uma qualquer inspiração momentânea, faz-nos “partir à desfilada” por um “discurso” que nem sonhávamos ir fazer.
Ao contrário quando nos preparamos muito e fazemos um esforço para nos cingir ao que preparámos, deixando que dentro de nós se instale uma certeza da nossa pretensa sabedoria, o nosso “discurso” até para nós é “frio” e desprovido de acção.
Sem dúvida nenhuma que a enorme e imperativa diferença é que, nos dois primeiros casos confiámos e nos deixámos conduzir pelo Espírito Santo e no terceiro caso colocámos a nossa confiança em nós próprios e naquilo que julgamos saber.
Por muitos argumentos, mais ou menos correctos que tenhamos, as nossas palavras são apenas nossas e, por isso mesmo, não tocam os corações.
E isso quer dizer que não nos devemos preparar para falar de Deus, da Sua Palavra, da Fé, da Doutrina?
Claro que não, porque o Espírito Santo embora tudo possa fazer sozinho, quer precisar de nós e de todos os talentos com que nos dota, bem como de toda a verdadeira ciência, para nos fazer verdadeiras testemunhas do amor de Deus e proclamadores da Sua Palavra em palavras e gestos.
Sem o Espírito Santo não há calor que aqueça o coração, não há vento que varra as dúvidas, não há fogo que queime as mentiras, não há trovão que derrube as barreiras, nem pomba que traga a paz.
«Unge o meu coração e a minha mente, ó Deus omnipotente, para que possa proclamar com a doçura e o poder do Espírito a tua palavra».
Cardeal Raniero Cantalamessa (Vem, Espírito Criador!)