No dia 30 de Março, a Diocese de Leiria-Fátima viveu um momento marcante com a entrada em vigor da nova Unidade Pastoral de Fátima (UP13). Num ambiente profundamente espiritual, cheio de simbolismo e comunhão, celebrou-se não apenas uma reorganização pastoral, mas o início de um novo caminho bordado de fé, partilha e esperança, que une comunidades em torno do coração mariano da Igreja.
Há momentos que não são apenas datas no calendário, mas verdadeiras revelações. E há celebrações que não se encerram na sua hora, mas prolongam-se como promessa. Assim foi a entrada em vigor da Unidade Pastoral de Fátima, composta pelas paróquias de Atouguia, Fátima, Santa Catarina da Serra e São Mamede — não apenas uma nova estrutura da vida comunitária, mas um percurso tecido por muitas vozes, muitas mãos, muitas histórias.
Na igreja, mais do que lugares ocupados, havia presença verdadeira. Crianças, jovens, idosos, consagrados, famílias inteiras. Havia fé, escuta e entrega. Vieram de perto e de longe — uns para confiar os seus párocos à nova missão, outros com o coração aberto para acolher os que chegam. E todos, juntos, já desenhavam o rosto de uma comunidade em renovação.
No momento simbólico da celebração, duas crianças — pequenas na estatura, mas grandes no gesto — aproximaram-se do altar como quem se aproxima do coração da Igreja. Representavam os santos Francisco e Jacinta Marto. Trouxeram consigo as chaves da Igreja Matriz de Fátima, que colocaram nas mãos dos novos párocos. Não foi um ato formal, mas um gesto carregado de sentido: chaves que abrem portas e corações — como um dia, nesta mesma igreja, os Santos Pastorinhos foram mergulhados nas águas do Batismo e, com a delicadeza da graça que traziam consigo, colocados nas mãos do mundo como sinal de esperança, de fé simples e de luz para tantos corações, juntamente com a Irmã Lúcia de Jesus, cuja vida também brotou desta terra fecunda e se fez voz fiel da mensagem da Mãe do Céu.
Como quem diz: esta casa é vossa, mas é também missão. É presença. É abrigo. É a casa de todos — todos — todos. Aquela que a Mãe nos ofereceu aqui, em Fátima.
Na homilia, D. José Ornelas falou ao coração dos presentes, com palavras que são semente de futuro. Recordou-nos que Deus é sempre novo, que continua a criar vida nova, história nova. Um Deus que surpreende, que rompe o previsível, que abre caminhos onde antes víamos apenas muros.
“Foi isso que Jesus fez”, disse.
“Criou um mundo novo. Tão novo, que muitos não o compreenderam. Tão livre, que alguns pensaram que estava fora de si. Mas Ele conhecia o coração do Pai do Céu.”
Estas palavras tocaram fundo. Porque hoje, também nós, somos chamados a continuar esse gesto criador de Deus: a construir comunidade, a acolher sem reservas, a amar com coragem.
Nos agradecimentos finais, D. José Ornelas regressou ao essencial, deixando clara a inspiração que orienta esta nova etapa:
“Esta Unidade Pastoral foi pensada com cuidado, porque representa uma coroa em torno de Fátima.
Vós sois uma parte muito importante daquilo que a Igreja, a Diocese e a Igreja portuguesa oferecem àqueles que passam, àqueles que caminham rumo a Fátima.
Acolher, para nós, é acolher na casa da Mãe. E essa casa não é apenas a Capelinha das Aparições ou o Santuário: é também o caminho daqueles que vêm até Fátima.”
Por outras palavras, o acolhimento começa muito antes da chegada e continua muito depois da partida — porque é feito com o coração.
Recordou ainda, com ternura e gratidão, os párocos anteriores, os conselhos pastorais e económicos, os catequistas, leitores, grupos de jovens — todos os que, com fidelidade, fizeram da vida uma forma de serviço. E confiou esta nova etapa àquela que sempre caminha connosco: Nossa Senhora, Mãe da Igreja, “que marca o ritmo” e nos ensina a caminhar juntos.
No final, os novos párocos receberam das mãos dos Pastorinhos um terço, como símbolo da nossa gratidão e apoio pela missão que agora começa. Um sinal do que foi pedido em Fátima por Nossa Senhora aos três Pastorinhos e do poder que a oração do terço pode ter em qualquer lugar — e até onde pode chegar, em qualquer parte do mundo.
A nossa comunidade comprometeu-se a ser testemunha da mensagem de Nossa Senhora, do amor em Cristo e dos exemplos luminosos dos Santos Pastorinhos.
Acolhemos o nosso pároco, padre Leonel Baptista, e todos os párocos que constituem esta equipa com o gosto de caminhos recomeçados e o coração atento ao desafio do presente e à união desta comunidade. Todos os párocos comprometeram-se a escutar, discernir e, juntamente com o povo, construir a Igreja viva do presente.
O padre Leonel Baptista agradeceu a todos os presentes e a toda a equipa que preparou este momento, sublinhando que todos juntos estamos aqui para trabalhar com espírito de comunhão e entrega, desejando que seja um caminho de alegria e de partilha, um desafio de esperança.Que este seja um caminho de partilha, um desafio de esperança e uma história de comunhão, escrita com o Evangelho nas mãos e a ternura de Maria no olhar.
Que esta nova equipa sacerdotal — padre Leonel Baptista, padre Sérgio Henriques, padre José Baptista e padre Armindo Castelão — seja um sinal vivo de uma Igreja viva e peregrina.
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