Não tenho tempo, dizes-me Tu, com esse Teu olhar de quem ensina quem Te quer escutar.
Mas eu não percebo e pergunto-Te como podes Tu não ter tempo, se Tu és o Senhor do tempo.
O Teu olhar fixa-se em mim, o Teu sorriso é agora uma brisa que me toca, e perguntas-me, cheio de amor, se por acaso o meu tempo, o tempo que Tu me dás, também não sou eu que o devo gerir.
Desconcertas-me, mas rapidamente a minha pretensa sabedoria responde, dizendo que Tu sabes bem melhor do que eu o que é o meu tempo e como afinal o meu tempo é Teu.
Não desarmas, e com toda a bondade colocas o Teu braço sobre os meus ombros, e convidas-me a viver o meu tempo como se ele fosse o Teu tempo, para que eu não diga mais de quando em vez que não tenho tempo para Ti.
Eu, pobre de mim, não percebo e com todo o cuidado pergunto-Te o que queres dizer com aquilo que me dizes.
Tu abraças-me, e dizes-me que se o meu tempo afinal Te pertence, apenas me basta oferecer-Te o meu tempo em tudo aquilo que faço no meu dia a dia.
Então pergunto-Te como posso eu fazer isso.
E Tu respondes-me que basta viver o meu tempo fazendo tudo o que faço, como sendo o Teu tempo, acreditando que Tu estás sempre no meu tempo, que é afinal o tempo que Tu me dás
Baixo os braços ou melhor levanto-os para Te abraçar e digo rendido ao Teu amor:
Toma, Senhor, o meu tempo, porque ele é o tempo que Tu me dás, para viver o Teu amor amando sempre em cada tempo a Ti, e em Ti os outros que trazes à vida que me dás.