Setenta vezes sete

Ó, Senhor, percebes, com certeza, porque não posso perdoar àquele que tanto me ofendeu?

Não, não lhe posso perdoar, pensava ele enquanto caminhava pela rua ao encontro daquele que o tinha ofendido.

A ofensa tinha sido gravíssima, tinha-o magoado profundamente e a dor da revolta ainda vivia permanentemente nele.

Reparou que estava a passar numa igreja e, sendo cristão, decidiu entrar e fazer uma oração para pedir a Deus forças para aquele encontro tão difícil.

A igreja estava praticamente vazia e ele sentou-se num banco falando em surdina com Deus.

– Ó, Senhor, percebes, com certeza, porque não posso perdoar àquele que tanto me ofendeu?

Não tenho forças em mim para o fazer.

Não sentiu nenhuma resposta e por isso continuou.

– Doeu-me e dói-me tanto, Senhor. Ele prejudicou tanto a minha vida! Como posso eu encontrar em mim razões para o perdoar?

O silêncio exterior e interior permaneciam e ele percebeu que afinal, dentro de si, procurava uma resposta de Deus que o ajudasse naquele problema que ele não conseguia resolver.

– Senhor, (disse ele baixinho para que os poucos que ali estavam não ouvissem), ajuda-me a perceber a Tua vontade neste meu problema.

Ouviu então claramente, dentro de si, uma voz que dizia:

«Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem.» (Lc 23, 34)

Lembrou-se imediatamente da frase e do seu contexto e por isso ficou estático, admirado, sem saber o que fazer, sem saber o que dizer.

No entanto “arriscou” responder, dizendo:

Mas, Senhor, Tu és Deus e o Teu amor é infinito!

Sentiu novamente no seu coração aquela voz que lhe dizia:

Meu filho, se Me procuras é porque queres ouvir a Minha resposta, saber da Minha vontade.

Então lembra-te do que Eu disse a Pedro: ««Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.» (Mt 18, 22)

– Mas eu não consigo, Senhor, não tenho amor em mim que chegue para esse perdão!

E novamente ouviu:

Percebes então porque vos digo para que Me amem acima de tudo?

É porque só no Meu amor e com o Meu amor tereis amor suficiente para vos amardes uns aos outros, e assim vos poderdes perdoar, mesmo nas piores ofensas.

– Ah, Senhor, dá-me então do Teu amor para eu poder perdoar, pois não quero viver no rancor nem no ressentimento que envenenam a vida.

– O teu desejo de perdoar é o primeiro passo para poderes perdoar.

Agora pede por aquele que te ofendeu, mesmo que isso te custe e até te pareça que não é muito sincero. À medida que o fores fazendo o amor, o Meu amor, irá sarando a ofensa, irá abrindo o teu coração ao perdão e, finalmente, poderás perdoar e perceber o outro como teu irmão em Mim.

– Obrigado, Senhor, acredito que sim, porque já sinto dentro de mim a paz que necessito para poder ter uma primeira conversa com o meu ofensor e sinto, por Tua graça, que o amor e o perdão tomarão conta de mim e eu perdoarei a quem me ofendeu.

Saiu da igreja e caminhou apressado, com um sorriso nos lábios, ao encontro daquele que o tinha ofendido, (pelo qual rezou em surdina um Pai Nosso), sentindo uma paz e serenidade que há muito não sentia.

Dentro de si apenas repetia:

Obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor!

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