No mês de novembro, está patente, na igreja paroquial, uma nova peça para assinalar o percurso histórico que conduziu à criação da paróquia da Calvaria. A imagem de São Francisco de Borja, muito provavelmente de uma capela que existiu na Quinta da Morena, leva-nos ao início a meados do século XVIII quando o padre Dionísio de Matos, já de idade avançada, aí mandou fazer uma capela para nela poder celebrar. Desse espaço apenas restam o nome de uma rua que liga a Calvaria ao Porto do Carro.
Capela da Morena
Nos limites da atual freguesia da Calvaria de Cima, a caminho do Porto do Carro, no seguimento da Rua do Painel, nos Casais de Além, no final do Caminho da Morena, existia uma quinta com uma azenha e uma capela, construída pelos anos de 1770 ou 1771, dedicada a São Francisco de Borja.
Dessa Capela, e da Quinta da Morena, nada resta. Apenas a escultura do Santo Padroeiro que se acredita vinda desse lugar e que, tudo o indica, seja do século XVIIII.
“Diz o Revdº Dionízio de Mattos assistente na sua Quinta da Morena… que elle junto à dita quinta, à parte Sul sem mais espaço (que) hua estra(da) que fica de premeio, mandou fazer p.ª dizer missa nella por ser sacerdote velho, e lhe ficaram distantes as outras, hua Capella com a invocação de S. Franc.º de Borja, em que diz missa, ornada com todo o asseio… para nella se celebrar, tudo com autoridade do Ordinário…” (Petição citada em: David Simões RODRIGUES, Calvaria. A Terra e o Povo. Ed. do Autor, p. 174-175)
São Francisco de Borja, militar do imperador Carlos V de Castela, converteu-se após a morte de Isabel I, mulher do Imperador, considerada a mulher mais bonita da Europa. Perante a desfiguração provocada pela morte, fica tão impressionado que se pergunta: «Foi afinal isto que servi?». E resolve dedicar o resto da sua vida ao serviço de Deus. Professa nos Jesuítas, onde vive um caminho de santidade.