O convite ao Patriarca Latino de Jerusalém, D. Fouad Twal, para residir a esta peregrinação aniversária de maio de 2014 foi enviado há cerca de um ano, “pelo que estávamos longe de imaginar que o Santo Padre estaria de visita à Terra Santa poucos dias depois”, confidenciou D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, na conferência de imprensa que antecedeu o início das celebrações.
“Pretendíamos assinalar a ligação de Fátima à Igreja-Mãe de Jerusalém, onde Maria nasceu, cresceu e iniciou a sua missão na Historia da Salvação”, referiu, apontando a visita do Papa Francisco àqueles territórios, nos próximos dias 24 a 26 de maio, como um apelo a essa mesma ligação de todos os cristãos àquela comunidade minoritária e perseguida da Igreja. “É um apelo ao diálogo interreligioso e uma mensagem de ânimo aos cristãos que ali sofrem a perseguição, com os quais manifestamos solidariedade, afeto e comunhão”, concluiu.
“Se o convite tivesse sido feito quando já sabia da visita do Papa a Jerusalém, teria declinado”, comentou com humor D. Fouad Twal, sendo compreensível a sua preocupação com os preparativos daquela visita.
Muito a sério, falou da realidade vivida pelos cristãos na Terra Santa e em todo o Médio Oriente, que apelidou de “Igreja do Calvário”. Correspondendo a cerca de 2% da população em Israel e na Palestina e 3 a 4% na Jordânia, são uma minoria que tem vindo a decrescer percentualmente, “tanto pela emigração dos cristãos que não suportam mais a perseguição, como pelo facto de terem menos filhos do que as famílias muçulmanas”.
Também por isso, “temos mais a consciência de que somos «sal da terra», como dizia Jesus”, referiu o Patriarca Latino de Jerusalém, referindo que os cristãos “fazem parte integrante da sociedade local, não como um gueto, mas plenamente inseridos na vida social e laboral”. É aí que sofrem diariamente a crescente onda de vandalismo de grupos de jovens fanáticos contra igrejas, mosteiros e casas de cristãos, “pagando o preço de viverem no contexto geopolítico daquela região”. A esse propósito, D. Fouad Twal apontou o dedo à “incapacidade” das autoridades israelitas para controlarem os fundamentalismos. “Condenam por palavras, mas não fazem nada para julgar os criminosos que contaminam a atmosfera de paz”, referiu. E, dirigindo-se aos jornalistas presentes na conferência de imprensa, pediu que “a comunicação social tenha coragem de dizer a verdade” sobre esta realidade, cumprindo a sua missão “que é também de sacrifício pela verdade”.
Quanto ao facto de vir presidir a esta peregrinação, o Patriarca sublinhou a “ligação profunda entre Fátima e Jerusalém”, feita sobretudo por Nossa Senhora, “paroquiana” de Nazaré e que aqui se manifestou como aquela que “acompanha as agonias dos seus filhos”.
Daí o convite a que também os peregrinos de Fátima visitem Jerusalém, “onde estão as suas raízes, a sua Igreja-Mãe”. E que não se contentem com a apreciação da arqueologia e dos monumentos, mas “sejam como verdadeiros peregrinos que vão para fortalecer a sua fé” e visitem “as pedras vivas”, as comunidades cristãs locais. “Quando veem outros irmãos na fé, sentem-se muito felizes, sentem que não estão sós e isso ajuda-os a suportar melhor os seus sofrimentos e a fortalecer a sua fé”, considerou.
É também nessa perspetiva que vê a próxima visita do Papa Francisco, uma visita que é “bela, mas complicada”, pois é pastoral “mas também política, já que a questão dos direitos humanos é inseparável da questão religiosa” naquele contexto.
Fotorreportagens:
Dia 12 – Conferência de Imprensa
Dia 12 – Rosário e procissão de velas
Dia 13 – Missa de Nossa Senhora de Fátima