A paróquia de Santa Catarina da Serra, dividida em seis ramos, celebrou no passado dia 8 de Junho a festa em honra do divino Espírito Santo, decorrida cinquenta dias após a Páscoa. Trata-se de uma tradição centenária, cuja origem concreta não está documentada, mas que permanece viva na memória das gerações.

Sabe-se, contudo, que a partir da grande seca que afectou o país em parte de 1943, na totalidade de 1944 e ainda em parte de 1945, algumas famílias da Loureira assumiram a responsabilidade de organizar, de quatro em quatro anos (anos bissextos), a distribuição do pão na sede da paróquia. Esta prática viria a consolidar uma das mais carismáticas festas religiosas da comunidade, amplamente conhecida como “festa do pão”.
Tradicionalmente organizada pelos diversos ramos da paróquia, esta celebração tem também contado, em anos mais recentes, com a colaboração de pessoas ou grupos que, em cumprimento de promessas, assumem a oferta do pão.
Este ano, a organização coube ao agora denominado ramo de São Guilherme, cuja designação já conheceu outras formas. A população dos lugares da Magueigia, Ulmeiro, Pedrome e Quinta da Sardinha — situados no lado direito da Estrada Nacional 113, entre Leiria e Tomar — participou com grande entusiasmo, dinamizada pela comissão da capela da Magueigia, actualmente chamada Igreja da Luz.
Após semanas de intenso trabalho, dedicação e fé, a festa decorreu conforme o previsto. A comissão organizadora, composta por um grupo jovem no primeiro ano do seu mandato, foi alvo de especial reconhecimento pela forma empenhada como coordenou o evento.
No âmbito religioso, destacaram-se a procissão de acolhimento, a celebração da Eucaristia às 14h30, a procissão no final da missa, a recitação do terço e, por fim, a bênção e distribuição de cerca de dois mil pães — dos quais sobraram algumas centenas.
A distribuição do pão é um dos momentos mais simbólicos desta festa, enraizada no espírito de comunhão e partilha. Recorda-se que, há cinco ou seis décadas, eram mais de cinco mil pães distribuídos pelos mordomos do ramo organizador, não só para a população local como também para os muitos visitantes oriundos das paróquias vizinhas.