Pousos recebe mensagem do pároco

Quando olho os dias passados e penso neste texto, ocorreu-me uma palavra: perda.

Escrevo estas linhas com o pouco jeito que me está a assistir. Porque estes dias me fizeram perder jeitos.

Por exemplo: o jeito de estar convosco, nos temas e lugares que se nos tornaram familiares! A Eucaristia, o Batismo, a Reconciliação, almoços e merendas, reuniões às dúzias e infindáveis, arquivadores que não sei porque são importantes, um cartório onde pouco falho (!) para não perder imensos encontros simples e belos, noites de suaves pensares sobre ontens ou sobre amanhãs, tertúlias fantásticas com quem me ensina a ser gente ou a moldar…

Quando olho os dias passados e penso neste texto, ocorreu-me uma palavra: perda.

E uma memória: as perdas de uma dúzia de jovens nas catacumbas de Turim durante os espetaculares bombardeamentos da segunda guerra, no comparativo com as minhas pequeninas perdas. Pequeninas? Não! São as minhas perdas! Quais: a nossa igreja, as nossas missas da semana, do sábado, do domingo… as nossas paredes ao lados dos altares nesta quaresma… as preparações de uma dúzia de temas catequéticos, os trabalhos suspensos das (os) festeiros do Senhor dos Aflitos, um sacrário visitado por quase ninguém, um Malaposta que deixou de me proporcionar o dia mais louco de cada semana… E esta minha frustração de não ter jeito para alimentar o telefone, as publicações, as vídeo-missas, as palavras confortantes…

Pessoalmente? Muito bom. Peguei no trator, as ovelhas velhinhas geraram 4 borregos, plantei couves para outros comerem, até semeei ervilhas e favas (com quatro meses de atraso!), peguei na motosserra, ando a criar frangos (para uma festa com a paróquia, que deverá ser cancelada!), conheci os vizinhos da frente, limpei as oliveiras, fiz o canil, comecei a tratar o velho carvalho…

Comunicação? Menos bem. Não sabia que me podia faltar os jeitos. Esta quarentena não é a melhor solução para me proporcionar diálogos. Desculpem. E não é por falta de vontade de falar (se não for bem, pelo menos é sempre durante tempo de mais!); isso não me atrapalha muito. Mas quando falta o local, o olhar, a presença, o gesto, a saudação, o abraço (obrigado por isso! tenho recebido os abraços mais fantásticos da minha vida!), a emoção… Falta tudo isso e fico sem jeito! Ainda não consegui ganhar outro. Desculpem. Sim?

Celebração? Abundam as ofertas e as sugestões para que a fé e a vivência não desvaneçam. Não ouso protagonizar. Aprecio muito o que noutras paróquias se faz, ainda que eu não o saiba fazer. Agradeço o que o nosso Papa Francisco, o nosso Bispo António, tantos sacerdotes que nos são próximos, alguns dos serviços pastorais da nossa diocese… nos proporcionam. E estimulo-vos a acolher o que vos possa enriquecer. Mas eu não farei da mesma forma, que me falta jeito e ânimo.

Celebramos na paróquia? Sim. Tenho celebrado com dois sacerdotes. E vou celebrar especialmente Ramos, Tríduo Pascal e Páscoa. Seguirei as indicações do Bispo da Diocese, mas não é necessário anunciar horário. Uma memória: sabem da minha paixão pela oração solitária de Moisés quando o povo de Deus lutava contra os Amalecitas? Tenho pensado nisso. É muito real. Por isso tentarei ser um pouco do jeito do Moisés, a bem da nossa comunidade e das nossas famílias.

Recomendações? As mesmas que fazem outros sacerdotes ou o nosso Bispo. E a pouco mais me atrevo. Recomendo também a nota pastoral do nosso bispo sobre a celebração da Páscoa, com data de 2 de abril (https://leiria-fatima.pt/…/nota-pastoral-celebracao-da-pas…/).

Saudades? Tenho saudades. De quase tudo. De todos. Tenho saudades dos trabalhos de catequese, dos acólitos, dos escuteiros, das atividades no centro paroquial, dos trabalhos dos movimentos, dos ministros da comunhão, dos grupos de festeiros… Sinto saudades do anterior CpAEPPousos, e recordo com carinho o recente encontro quase informal… Sinto saudades dos corredores do Centro Social… Tenho saudades de celebrar nos Andrinos e beber um café depois da missa com um biscoito “patrocinado por um benfeitor qualquer”, saudades da fantástica e sempre renovada comunidade do Vidigal, saudades das diversas identidades que, cada vez mais harmoniosa e diferenciadamente, se acomodam nos (por vezes escassos) bancos na nossa igreja paroquial…

Aprende-se? Penso que sim. Hoje estive junto de duas pessoas que o partilharam. Disseram que pouco voltará a ser como antes. E disseram que as pessoas serão muito mais fraternas. Gostei de ouvir. E quis sentir que assim é. Mas não o sinto. Desculpem. Sinto antes que o ato redentor do calvário continua atual. Porque alguém poderá necessitar de se arrepender dos seus pecados e ser atendido nisso. Porque é admissível que alguém, que por distração ofendeu o seu irmão, queira redimir-se e merecer ser acolhido. Estou a aprender isso, como métrica de Deus.

Mesmo que não pareça, há dias em que me ocupo de alguma coisa da nossa paróquia durante muitas muitas horas. E agradeço a umas quantas pessoas que, de uma reunião semanal, passaram a realizar três! Para providenciarem o bem de alguém. Se alguém não o reconhece ou não o nota, estou eu aqui para o afirmar! Mesmo que muito poucos o percebam! Se há nomes que se inscrevem no céu, o de cada um de vós será um deles!

Termino esta missiva sem saber como. Mas a prometer que a próxima palavra de referência numa próxima minha redação não será “perda”. Qual será? Também não o sei, por agora.

Desejo “paz e bem”. Desejo abundância e Deus. Desejo que qualquer um de nós possa identificar e reconhecer o próximo. Claramente. Porque também aí está o Pai do Céu.

Que tenhamos a Semana Santa e Páscoa mais fantásticas das nossas vidas!

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