Perfil de Teresa Feijão

Teresa Feijão tem 56 anos e é da paróquia da Vieira de Leiria. Ficou orfã de pai aos nove anos, viveu com os tios paternos e herdou, da mãe, a ligação à Igreja, que alimenta as inúmeras ações pastorais que ajuda a dinamizar.

Catequese, pastoral juvenil e Liturgia, contam com o seu trabalho, numa dinâmica que mantém para lá sua vida profissional enquanto administrativa da Junta de Freguesia da Vieira de Leiria. Foi lá que a visitámos, no final do dia de trabalho, para conhecer o seu percurso de vida, marcado por altos e baixos, mas sempre animados por uma fé convicta.

 

Maria Teresa Duarte Pereira Feijão Amaro nasceu e cresceu na Vieira de Leiria , que diz conhecer como a palma da mão, especialmente desde a altura em que integrou a equipa que fez a supervisão dos Censos 2001.

“Não tive uma vida fácil”, diz, enquanto nos relata a infância atribulada. “Fiquei orfã de pai aos nove anos e foram os meus tios paternos que assumiram o papel de tutores. Tinha uma relação próxima com eles porque já vivia com eles desde os meus três anos, pelo receio da minha mãe que eu fosse contagiada com tuberculose, da qual o meu pai padecia.” Apesar de ter crescido com os tios, Teresa fala de um núcleo familiar sempre unido. “Ao fim de semana estava sempre com a minha mãe e foi ela que me abriu as portas para a Igreja”, refere, ao lembrar as idas as Missas dominicais, as orações e os primeiros ensinamentos na fé. O testemunho materno ficou tão presente que, assim que fez o Crisma, começou a dar catequese.

Aprofundar o conhecimento

Teresa estudou no Externato Técnico da Beira Mar, fundado pelas mãos do padre Franklin da Cunha, pároco da Viera entre 1963 e 1974 e um impulsionador das condições de ensino naquela paróquia. Foi nas salas anexas à igreja matriz, destinadas à catequese, que o sacerdote implementou a Tele-Escola, que Teresa viria a frequentar a partir do 5.º ano.

Concluídos os estudos na Vieira, garantidos pela isenção do pagamento de propinas por parte da paróquia, foi para o liceu, em Leiria, onde terminou, em 1976, o ensino complementar, equivalente ao actual 12.º ano. “Era meu desejo continuar os estudos, mas não foi possível devido às dificuldades económicas.” A impossibilidade de seguir a vida académica levou Teresa a fazer uma promessa a si própria: garantir um curso superior aos filhos. A procura de formação foi uma constante na sua vida. Enquanto esteve em Leiria, procurou, dentro do possível, complementar os estudos com formações pontuais. Esta inconformidade estende-se ao âmbito da sua caminhada de fé, que construiu aliada a uma formação adequada, tendo frequentado a Escola Diocesana Razões da Esperança e cursos de catequista.

No período que decorreu desde a saída da escola até entrar na vida profissional, em 1979, passaram quatro anos. Durante este período, casou, em 1977 e teve o primeiro filho em 1978. “Hoje em dia os jovens fogem do casamento, porque o encaram como uma prisão… No meu caso, foi precisamente o contrário. Casei-me também para poder ter a minha liberdade.”

Entrou para administrativa da Junta de Freguesia da Vieira a meio tempo e, no ano seguinte, já ali trabalhava a tempo inteiro. Cinco anos depois, em 1983, nascia a filha mais nova.

No início dos anos 80 a mãe de Teresa faleceu. A dor da perda vinha com a consciência de que, a partir de então, teria de acompanhar a irmã mais nova. “Ela tinha 17 anos e fui eu que a criei até casar… São momentos que nos marcam e que temos que arranjar forma de superar.”

Atenta e disponível

Hoje, Teresa coordena a catequese paroquial e é catequista do 8.º ano. Foi desta dinâmica pastoral que surgiu uma outra, de animadora do grupo jovens paroquial, explica. “O primeiro grupo de catequese da adolescência, que acompanhei, quis dar continuidade à caminhada e pediram a mim e à outra catequista que os acompanhasse, enquanto grupo de jovens. Aceitei o desafio e começamo-nos a reunir quinzenalmente.” Neste momento, o grupo tem cerca de 30 elementos, entre os que entraram no início e os que o foram integrando. Sobre a dinâmica que os anima, Teresa fala de uma cumplicidade que se fomentou e que favorece a partilha dos problemas. “Eu estou ali sobretudo para os ouvir, com tempo e atenção.”

Ainda na pastoral juvenil, destaca projecto de um coro litúrgico juvenil, que ajuda a dinamizar com a colaboração dos escuteiros da Vieira.

Para Teresa, o voluntariado é uma opção de vida e essa perspetiva reflete-se nos desafios que vai lançando nos projetos que dinamiza. “Tenho tentado motivar os jovens para acções de voluntariado. : na Cáritas, no Banco Alimentar, na Liga Portuguesa Contra o Cancro, Cruz Vermelha Portuguesa, nas colheitas de sangue… Tentamos prestar serviço onde podemos.”

A felicidade como recompensa

Teresa tem uma agenda preenchida. As inúmeras actividades que integra, exigem muito do seu tempo, mas apesar disso, confessa que esta entrega apurou a relação na sua família. “Sinto que, o pouco tempo que temos, é verdadeiramente rentabilizado.”

Não hesita em apontar, como momentos de felicidade da sua vida, o dia do nascimento dos filhos e o dia em que conseguiu efetivar o seu desejo de lhes dar um curso superior. A filha licenciou-se em terapia ocupacional e o filho tirou engenharia eletrotécnica e está em Viseu, onde vive com a esposa e os dois filhos.

Nas tristezas e nas alegrias, houve um aspeto da vida de Teresa que se manteve inalterado: a fé que tem, que a entusiasma e lhe dá força. “Eu acredito. Apesar de, em momentos de tristeza, perguntar muitas vezes, porquê, tenho fé e razões para dar graças pela vida que tenho.” Fala de momentos difíceis da vida, que foram superados pelo ânimo da certeza em Deus. As palavras de Teresa saem confiantes e seguras, na simplicidade de quem não esconde os problemas que a vida obriga a enfrentar. A sinceridade com que desdobra o seu testemunho revela uma pessoa feliz e de bem com a vida e essa realização transparece naquilo que faz. Como recompensa, basta-lhe “a felicidade na cara das pessoas” que a rodeiam.

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