É de volta à rotina do dia-a-dia que me sento e tiro tempo para refletir sobre uma semana diferente, uma semana em Taizé. Chegam-me testemunhos do que se foi sentindo e vivendo e a imagem que crio desses testemunhos não é diferente da que tenho. O silêncio de Taizé é o que todos recordamos, que todos retemos, que todos vivemos.
Dizemos não conseguir explicar o que sentimos, mas de uma coisa temos a certeza: “as nossas vidas são muito apressadas e temos pouco tempo para pensar em nós, nos outros e na nossa vida” (João Rodrigues, Juncal). Ao chegar a Taizé isso muda. E não é porque deixamos de ter acesso à internet, às redes sociais, às comunicações móveis ou por falta de uma rotina. Não, é porque Taizé nos obriga a fazer esta coisa de que todos prescindimos (e não reconhecemos o mal que isso nos faz): Silêncio.
O grupo de 69 pessoas que aceitou o desafio do Serviço de Pastoral Juvenil de Leiria-Fátima [uma peregrinação, de 28 de julho a 6 de agosto] dividia-se em dois: as que já tinham ido a Taizé e as que foram lá pela primeira vez. Estas últimas ouviram diferentes testemunhos, mas nenhum lhes deu uma imagem concreta do que realmente é a comunidade. Descreviam apenas uma experiência incrível, a vontade de querer voltar, um sentimento inexplicável, queixas acerca da comida e uma rotina que incluía reflexões bíblicas, ter de acordar cedo e três orações por dia. Testemunhos esses que eles não conseguem completar por também não arranjarem palavras suficientes para explicar o espírito de Taizé.
Beatriz Pinto e Inês Lopes (Cruz da Areia) afirmam ter aprendido nesta semana a “amar o próximo, a saber escutar o nosso coração e a orar”, falam da rotina da semana, das pessoas que conheceram e das suas culturas, bem como das experiências que partilharam. Contam como nos momentos de oração “o nosso coração se abria e sentíamos o amor de Deus”, muito através dos cânticos que ecoavam na igreja.
João Rodrigues (Juncal) reparou na felicidade das pessoas que encontrou. Diz que esta multidão de pessoas felizes se deve ao bem-estar que o silêncio proporciona, “silêncio para podermos assentar ideias, fazer perguntas, e pensar nas respostas”. João dá o autêntico testemunho de que vamos sem saber o que esperar e voltamos felizes e com vontade de voltar.
Marta Cordeiro (Leiria) revê-se nos testemunhos que tinha ouvido e resume a experiência em frases, dizendo ser impossível fazê-lo numa só palavra: “é o sentimento de uma fé cada vez mais forte, é o valor que se dá às coisas mais singelas, é o sentir uma paz inexplicável no silêncio que Taizé proporciona, é a vivência diária com pessoas incríveis que partilham o mesmo sentimento que eu”.
Alexandre Vieira (Cruz da Areia) foi pela segunda vez a Taizé e começa o seu testemunho com “um regresso a casa”. Sente que a segunda ida àquela comunidade foi “mais à descoberta de mim mesmo” na “simplicidade mas profundidade da semana”, reforçando que, apesar de tudo, não pode deixar de o fazer em casa, que “Taizé deve ser apenas um catalisador desse estado de espírito”, em casa devemos “prolongar a nossa meditação”, transmitindo-a no seio paroquial e familiar.
Todos os testemunhos têm em comum a magia do silêncio que nos falta em casa, todos espelham alegria da paz que se fez sentir naqueles dias, mesmo no meio da multidão, todos mostram a ânsia de querer voltar.
Cristiana Lopes (C.)