Na mensagem para o XLIX Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se celebra em 17 de maio, o papa Francisco propõe o tema “Comunicar em família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor”.
Ali se afirma que “a família é o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar” e que pode ajudar-nos “a tornar mais autêntica e humana a comunicação”. Na abordagem da experiência da comunicação em família e suas marcas educativas para a relação e comunicação na sociedade, o documento inspira-se no ícone evangélico da visita de Maria a Isabel (Lc 1, 39-56).
A primeira experiência de comunicação vive-se ainda no ventre materno “como um diálogo que (se) tece com a linguagem do corpo” entre a mãe e o filho, diálogo esse feito “de escuta e contacto corporal, onde começamos a familiarizar-nos com o mundo exterior num ambiente protegido e ao som tranquilizador do pulsar do coração da mãe”. Após o nascimento, o “ventre” continua na comunidade familiar na relação com pessoas diferentes, aprendendo “a conviver na diferença” sobre a base do vínculos de amor e de sangue que une a família. Ali se aprende a escutar e a usar a palavra, a falar na “língua materna”, ou seja, “a língua dos nossos antepassados (cf. 2 Mac 7, 21.27)”. “Em família, – continua o Papa – apercebemo-nos de que outros nos precederam, nos colocaram em condições de poder existir e, por nossa vez, gerar vida e fazer algo de bom e belo. Podemos dar, porque recebemos; e este circuito virtuoso está no coração da capacidade da família de ser comunicada e de comunicar; e, mais em geral, é o paradigma de toda a comunicação.”
A comunicação com Deus na oração é outra aprendizagem fundamental na família. Na relação íntima com Deus entram quem vive em casa mas também outras pessoas e suas necessidades e aflições, pelas quais se intercede ao Céu. Na oração, a comunicação apoia-se na confiança em Deus e na que Ele tem em nós. Sem confiança mútua não pode haver verdadeira comunicação.
Linguagens e situações várias
A relação e comunicação em família faz-se com variadas expressões: do silêncio de escuta ao falar, do decifrar de olhares ao abraçar, do chorar e rir juntos ao ficar a olhar na mesma direção. Desta “descoberta e construção de proximidade” pode brotar o impulso a abrir as portas para acolher ou sair e visitar a vizinhança, a fim de comunicar, partilhar, dar conforto e esperança nas feridas e aflições.
À família não são alheias limitações, dificuldades de relação e convivência, problemas pessoais. Nela se aprende a enfrentá-las “de forma construtiva”, a dialogar, a viver o perdão mútuo, a aceitar-se e ajudar-se. A existência de pessoas portadores de deficiência pode levar à tentação de se fechar. Mas pode ser também oportunidade para se abrir, partilhar, comunicar, ajudando a escola e a comunidade a tornarem-se mais inclusivas e a aprenderem. A comunicala no respeito e esforço de compreensesadas essas situações
Narração como bênção
A mensagem pontifícia foca vários modos da família ser educadora de fraternidade e de “comunicação feita de bênção”, testemunhando “que o bem é sempre possível”. Impele assim a ir contra a corrente, nos ambientes “onde frequentemente se amaldiçoa, insulta, semeia discórdia, polui com as murmurações.”
Mais do que objeto da comunicação, a família é “ambiente onde se aprende a comunicar na proximidade” e sujeito que comunica. É um grande recurso humano e humanizador que enriquece e promove a coesão da sociedade, ajudando os cidadãos a conviverem e a cooperarem uns com os outros no respeito e na valorização de cada um.