«Sua insondável vida interior, da qual provêm ordens e consolações singularíssimas; dela decorrem também a lógica e a força nas grandes decisões, próprias das almas simples e límpidas, como foi a de colocar imediatamente à disposição dos desígnios divinos a própria liberdade, a sua legítima vocação humana e a sua felicidade conjugal, aceitando a condição, a responsabilidade e o peso de uma família e renunciando, por um incomparável amor virginal, ao natural amor conjugal que constitui e alimenta essa mesma família» (São Paulo VI, alocução 19 de março de 1969).
Leio hoje estas palavras de Santo Paulo VI e quero ver nelas o que vai para além da figura extraordinária de São José, o pai por excelência.
Num tempo em que tanto se fala no celibato dos padres, sou levado a ver na vida de São José um exemplo extraordinário dessa entrega a Deus na totalidade.
Sim, São José teve uma mulher, Maria, e teve um filho adoptivo, Jesus, Filho de Deus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, constituindo assim uma família.
Mas para dizer sim, também, a Deus, como Maria sua esposa, renunciou ao «natural amor conjugal», (no dizer de Paulo VI), e assim permaneceu em toda a sua vida.
Assim, ao colocar nas mãos de Deus a sua liberdade de homem, libertou-se verdadeiramente de tudo, para melhor servir a Deus, como homem escolhido para O servir de forma singular.
São José foi pai, e a palavra padre vem do latim ‘pater’, que significa pai, também.
Os padres, então, também os podemos ver como pais, irmãos, família e talvez, mesmo por isso, Jesus nos diz:
«Em verdade vos digo: quem deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou campos por minha causa e por causa do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, no tempo presente, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, juntamente com perseguições, e, no tempo futuro, a vida eterna.» Mc 10, 29-30
Na sua entrega, então, a Deus, também os padres na sua liberdade, como São José, se libertam do «natural amor conjugal», para totalmente livres, servirem a Deus servindo os outros.
Obviamente que estas reflexões são fruto do meu permanente querer ver em tudo a mão de Deus, talvez uma visão pessoal que partilho com os outros, e não um qualquer “tratado” seja do que for, para o qual não estou habilitado.
Que São José rogue por todos nós, especialmente pelos pais e muito pelos Padres, para que todos encontremos na figura e exemplo de vida deste grande Santo o caminho e entrega que todos devemos ter à vontade de Deus, dizendo-Lhe o sim incondicional de Maria e de José.