Uma das questões abordadas pelo padre Vítor Coutinho na conferência que proferiu na Santa Casa da Misericórdia de Leiria, na quinta-feira, dia 20 de outubro, foi “O que é que deseja quem pede para morrer?”. Outra foi: “deseja morrer ou deseja não sofrer?”.
Diante de uma plateia que, mais uma vez, encheu o auditório da Casa Sanches, o padre Vítor, doutorado em Bioética, foi o convidado para terceira conferência do ciclo que está a ser organizado pela Santa Casa de Leiria.
O conferencista começou por sublinhar a forma como o tema e a experiência da morte é encarada atualmente: “é cada vez mais um ato privado e está a ser progressivamente institucionalizada”.
Depois, ajudou os presentes a clarificar alguns conceitos, tais como eutanásia, suicídio assistido, distanásia ou obstinação terapêutica e tratamentos desproporcionados. Dizia o orador que, em conversas de rua, muitas pessoas dizem ser a favor da eutanásia porque têm medo e não querem sofrer quando nada mais houver a esperar. Mas eutanásia e morte digna são coisas completamente distintas. Eutanásia é um ato direto com intenção de antecipar a morte para não sofrer mais. Morte digna é aquela que acontece o mais naturalmente possível, sem intervenções humanas diretas para a antecipar ou adiar, acompanhada de cuidados médicos apropriados que diminuam ao máximo o sofrimento.
A medicina tem atualmente condições para controlar e diminuir em muito o sofrimento humano. É importante investir nos serviços de cuidados continuados e paliativos para que a pessoa possa ter qualidade de vida até ao fim e morrer com dignidade.
Este ciclo de conferências sofre agora uma breve interrupção, uma vez que a conferência da próxima quinta-feira sobre economia social não se vai realizar. Será retomado no dia 3 de novembro com a conferência do padre Vítor Melícias sobre a questão dos refugiados.