
No dia 29 de julho, Deus chamou o padre Soares, para a sua última missão…Um pouco à maneira dos grandes profetas, há mais de 50 anos Deus o chamou a uma missão maior. Deixar o “rabo” da charrua e a enxada de pontas e ser semeador de outras sementes e noutros campos.
Ainda muito novo, deixou a sua numerosa e humilde família, na paróquia da Bajouca, no extremo norte do concelho de Leiria para partir para onde Deus precisasse dele, como gostava de dizer.
Nasceu no dia 3 de novembro de 1942 no lugar da Capela, então freguesia de Monte Redondo. Foi ordenado sacerdote em Guimarães, no dia 9 de abril de 1972 e celebrou a sua missa “nova” na Bajouca, no dia 23 de abril desse ano.
Deus chamou-o a servir a Igreja como sacerdote de uma congregação missionária, a Congregação do Verbo Divino, onde quase 50 anos se “gastou” e transmitiu a sua alegria a sua Fé e acima de tudo a sua generosidade como Homem e como Padre.

Foi o grande missionário sem nunca ter saído de Portugal em missão. No dia do seu funeral, o seu amigo, padre José Maria e provincial dos “Verbitas” em Portugal, dizia: “ninguém passou pelo padre Soares sem ter ficado diferente”.
O mesmo referiu o bispo que presidiu às cerimónias fúnebres. “Quem teve o privilégio de o ter como professor, como amigo como eu tive… jamais o pode esquecer, marcou-nos para sempre”…!
O padre Soares, deixou a sua marca na Igreja que tanto amava, e em todos os que puderam aprender e conviver com ele.
A paróquia da Bajouca também deve-lhe muito… Lembramos a grande exposição dos 20 anos da Paróquia e Freguesia em 1992: durante mais de um mês esteve na Bajouca, com um grupo de jovens a preparar esta exposição que foi um enorme sucesso na altura. Também não se esquecem os acampamentos que orientou com o grupo de jovens da Bajouca, nos anos 80 e 90, na Serra da Estrela e no Gerês, o seu empenho nas atividades do Grupo Alegre e Unido, a sua presença e a sua palavra de incentivo em todas as festas de Santo Aleixo.
O funeral do padre Soares realizou-se no dia 30 de julho, ao final do dia na igreja paroquial da Bajouca, repleta de amigos vindos um pouco de todo o mundo, como disse no final o provincial do Verbo Divino. Estiveram presente dezenas de sacerdotes, do Verbo Divino e outras congregações, da diocese de Leiria-Fátima e de outras dioceses.
Às exéquias fúnebres presidiu D. Rui Valério, bispo castrense das Forças Armadas, que foi seu aluno. Esteve também o Bispo Emérito de Beja, D. António Vitalino, e os vigários gerais das dioceses de Beja, onde o padre Soares trabalhou nos últimos anos, e de Leiria, o padre Jorge Guarda em representação dos seus bispos.
A celebração foi preparada pela família em colaboração com os coros da paróquia, e amigos do Verbo Divino vindos um pouco de todo o lado, que formaram o coro para acompanhar esta celebração com vários cânticos que o padre Soares gostava de cantar nas suas atividades e celebrações.
No final da celebração houve várias mensagens de despedida. Entre elas, a do provincial do Verbo Divino em Portugal, que deu conhecimento das dezenas de mensagens que chegaram, demonstrativas da admiração que o sacerdote tinha em todo o lado. Foi lida a do bispo de Beja, do provincial geral em Roma, e outras mais expressivas. Um momento muito emotivo que terminou com uma frase que diz tudo: “Até sempre Manel… Deus precisa de ti… mas, vais fazer-nos muita falta”.
Uma demorada e enorme salva de palmas encheu toda a igreja, enquanto se recebia a bênção do celebrante e acompanhava o defunto à sua última morada no cemitério da Bajouca, onde pediu para ficar junto dos seus que já partiram.
Já o sol se escondia no horizonte, quando esta multidão silenciosa se despedia para sempre do Homem, do Padre e do Amigo que foi o padre Manuel Pedrosa Soares.