NÃO DISCUTIR COM O MIXORDEIRO

“Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu” (Mc 1, 25-26).

Tenho sobre a mesa de trabalho, enviado por mão amiga, um texto do cardeal Robert Sarah, intitulado, na sua língua original, MESSAGE DE NOEL (mensagem de Natal), com a data de 6 de Janeiro de 2024.

À falta de melhor, tento a tradução das palavras seguintes:

“A verdade é a primeira misericórdia que Jesus oferece ao pecador.

Será que nós, pela nossa parte, sabemos ser misericordiosos na verdade?

É grande o risco de procurarmos a paz do mundo, a popularidade mundana, que se compra com a mentira, a ambiguidade e com o silêncio cúmplice”.

E, um pouco mais abaixo:

“Que fazer perante a confusão que o desagregador semeou até no seio da Igreja? «Não se discute com o diabo» – dizia o Papa Francisco – «não se negoceia. Não se dialoga; não se vence negociando com ele. Vencemos o diabo, opondo-lhe com fé a Palavra divina. Assim nos ensina a defender a unidade, a união com Deus e uns com os outros contra os ataques do desagregador. A resposta de Jesus à tentação do diabo, é a Palavra divina» (Angelus de 16 d Fevereiro de 2023)”.

Tinha prometido a mim próprio não fazer qualquer referência directa à recente e tão badala declaração do Dicastério para a Doutrina da Fé, sobre a pastoral das bênçãos; fizera-o com a mesma prudência com que, no meu tempo de criança, quando não havia fonte nem água corrente, esperávamos que voltasse ao fundo a sujidade do poço, para dele tirarmos com que matar a sede.

Não queria engrossar o número dos que, mesmo com sincero amor à verdade, em vez de a servirem, aumentavam a confusão, numa polémica que afastava as pessoas da problemática essencial: para mim, mais do que discutir o documento, importava explicar a autenticidade teológica e o valor pastoral de uma prática cristã, que vem já do Antigo Testamento.

É verdade que a mensagem do Cardeal Sarah, em meu entender, com rectíssima intenção, se prende ainda demasiado ao que no referido documento é confuso, quiçá mesmo doutrinalmente incorrecto.

Mas o seu ponto de partida, que considero o ideal para o momento que se vive na Igreja, esse ponto de partida, tão claramente mostrado por Jesus no evangelho da primeira terça-feira do Tempo Comum, pressiona-me no sentido de dizer duas palavras a quem queira ter uma rápida síntese doutrinal, sobre algo que só é complicado pela extrema polissemia das palavras “bênção”, “benzer” e “abençoar”.

Pessoalmente, sem querer criticar outras formas de abordar o assunto, começaria por dizer que “benzer” (o latim “benedicere” [dizer bem]), no sentido religioso, é um gesto de fé em Deus, que pode ser realizado sobre qualquer das Suas criaturas. O que, com esse gesto queremos, antes de mais, é afirmar a nossa absoluta dependência do Criador; depois, por esse motivo, pedir-Lhe o que mencionamos com essa bênção.

Neste sentido, tudo pode ser benzido. Quando dizemos tudo, é mesmo tudo o que está conforme com a lei divina: pessoas, animais e coisas.

Mas temos de afirmar, com veemente clareza, que não se pode benzer nada que seja intrinsecamente ou mau, ou signifique desobediência à lei divina.

Dentro disto cabem as normas legítimas do costume e das determinações da autoridade competente.

Já alguém me perguntou se, caso me aparece um par de pessoas do mesmo sexo a pedir-me a bênção, eu lha daria.

Respondo muito ao de leve, mas sem equívocos: às pessoas, abençoaria, com o coração suplicante, esclarecendo que a minha bênção era um pedido a Deus para que os ajudasse a descobrir o caminho da verdade e a segui-lo segundo a vontade e com a graça do mesmo Deus.

A sua união, porém, não podia abençoá-la, porque era intrinsecamente má. E abençoar o que é intrinsecamente mau, seria cometer um gravíssimo pecado de sacrilégio.

Insisto, a concluir:

“Benzer”, “bênção” e “abençoar”, são palavras que, no português corrente, têm uma quase infinidade de empregos, e se usam muitas vezes umas pelas outras.

Aqui prescinde-se de qualquer significado que não seja exclusivamente religioso.

Termino com as já citadas palavras do Papa Francisco:

«Não se discute com o diabo, não se negoceia. Não se dialoga; não se vence negociando com ele. Vencemos o diabo, opondo-lhe com fé a Palavra divina. Assim (Jesus) nos ensina a defender a unidade, a união com Deus e uns com os outros contra os ataques do desagregador. A resposta de Jesus à tentação do diabo, é a Palavra divina»

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