Algures na web li uma expressão interessante que, embora o contexto fosse bastante diferente daquele que nos traz aqui, me levou a uma reflexão que quero partilhar convosco.
Esse aforismo era qualquer coisa como: nadar em vez de esbracejar.
E trouxe à lembrança os esforços que a Igreja e os seus atores vão fazendo em diversas áreas da sua atividade, sobretudo nos campos pastorais mais inquietantes. Recordo uma conversa ocorrida na passada sexta-feira num evento promovido por um serviço diocesano a que tinham acorrido umas parcas duas dezenas de pessoas, pouco mais. Nela havia algum desânimo, porque as expetativas imaginavam a afluência em maior número. Tanto trabalho, tanto empenho, tanta gente envolvida, e, depois… Em boa verdade, é sempre uma pena que mais gente não aproveite as boas iniciativas que nascem no interior da Igreja.
Quando nos lançamos num projeto é como quando nos lançamos à água: é natural que queiramos chegar ao outro lado da piscina com sucesso. E, na ânsia de querermos que outros nadem connosco, que sintam como nós sentimos o prazer da aventura que decidimos viver, esbracejamos para chamar a atenção, para mostrar a quem possa ver, que estamos ali, venham acompanhar-nos. E, nesse escabujar, não nos apercebemos que vamos perdendo forças, energias que seriam tão úteis a desfrutar da água e a chegar ainda mais longe. Bem vistas as coisas, apenas nos arriscamos a que alguém mergulhe e force a nossa retirada por imaginar que estamos em dificuldades para nos mantermos à superfície.
A serenidade que deveria ser um dos distintivos do cristão, é tantas vezes substituída pela resignação. Queremos resultados imediatos e, não os vendo, abandonamos a água. E, se abandonamos a água, mais ninguém quererá entrar nela por não a achar convidativa.
Portanto, nademos! Mais tarde ou mais cedo, alguém vai aperceber-se:
— Que bem se deve estar ali… Vou mergulhar também.