O cardeal D. António Marto publicou a sua mensagem de Natal para este ano. À semelhança dos anos anteriores, o bispo da diocese de Leiria-Fátima quis marcar a quadra com uma missiva dirigida a todos os diocesanos. Também pelo segundo ano consecutivo, enquadra-a no contexto atual, no que diz respeito à pandemia: “quando julgávamos estar a sair do túnel da pandemia, ei-la de volta a apoquentar-nos com a sua sombra”. Como resposta à situação e ao facto de as festas desta altura do ano terem cada mais um espírito consumista e exterior, o cardeal apresenta a gruta e a estrela de Belém como exemplo e guia para a humanidade.
A esperança como palavra-chave
No tempo da espera que é o Advento, o bispo D. António Marto apresenta, desde logo, no título, aquela que é, no seu entender, a grande descoberta em tempo de pandemia: a esperança cristã. Não é por acaso que, esta palavra é utilizada por 12 vezes ao longo de todo o texto, apenas suplantada pelas palavras “Deus” e “Natal”, com mais uma citação. Ao longo da mensagem, são focados três aspetos essenciais da esperança, cada um com o capítulo correspondente.
No primeiro, parte “da experiência que nos fez sentir a todos mais frágeis, indefesos, cheios de dúvidas e incertezas”. É esta experiência que nos deve levar ao “encontro e cuidado” do outro. “A esperança cristã abre caminho onde um ser humano se faz próximo gratuitamente num gesto de amor, ternura e compaixão, alimentando assim a cultura do cuidado“, afirma.
No capítulo seguinte, D. António Marto fala da “esperança que nos abre à confiança em Deus que vem ao nosso encontro”. Mais uma vez, contextualiza com a pandemia que “despertou em muitos a interrogação sobre o sentido da vida, a busca de espiritualidade e a abertura ou mesmo a necessidade de Deus”. Portanto, para além do cuidado aos outros, os destinatários da mensagem são convidados a “fazer exercícios de fé e de oração confiante, colocar-nos a nós, os que nos são caros e a humanidade inteira nos braços amorosos de Deus Pai”.
Finalmente, o prelado alarga o sentido da esperança e leva-a para o exercício de cidadania através do “compromisso social e político”. Dito de outra forma, o autor exorta à prática efetiva da solidariedade, pois “a pandemia aumentou muito as pobrezas e desigualdades sociais”. Aproveita para explicar que “a necessidade de ajuda alimentar e a urgência de apoio face às graves perdas sofridas desafiam-nos a não ficarmos fechados no egoísmo e na indiferença”. Em resumo, “ninguém pode salvar-se sozinho”.
Traduzir a esperança na vida concreta
Mais uma vez, os fiéis são convidados a participar na campanha “10 Milhões de Estrelas — um Gesto pela Paz”, promovida pela Cáritas Nacional e concretizada pela Cáritas Diocesana. As receitas desta iniciativa de solidariedade “serão um contributo para as ações de dimensão social”, da rede nacional da Cáritas (65%), e serão, também aplicadas em projetos de resposta ao impacto das alterações climáticas no bem-estar e sobrevivência das populações mais vulneráveis, nos países lusófonos (35%).
A mensagem conclui com uma série de questões parra ajudar a viver melhor este natal: “sou capaz de partilhar com quem tem menos? De parar e olhar a necessidade do outro, esteja ele perto ou longe? De superar as barreiras que se erguem à minha volta ou dentro de mim? O que posso fazer concretamente?”.
Para além do texto integral da mensagem, que já foi publicado aqui (http://l-f.pt/5egk) também está a ser divulgado em áudio e em vídeo uma versão mais reduzida.
https://youtu.be/Nu5VR0X4wQc