Na conferência “O direito das crianças a uma parentalidade e educação positivas”, que teve lugar no Seminário de Leiria, no dia 4 de março, no âmbito do ciclo “Escuta-me” da Cáritas Jovem, até o João, uma criança de 5-6 anos que estava com os pais, participou e foi elogiado pelo seu comportamento.
A família precisa de criar seres humanos que não venham a ser frustrados, por falta de preparação para as contínuas mudanças que a vida e a sociedade hoje requerem. A afirmação é de Filomena Gaspar, terapeuta familiar e professora na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. A conferencista focou a atenção dos mais de meia centena de jovens e jovens pais sobre a promoção da parentalidade positiva.
Com base na experiência pessoal, nos dados da investigação científica e exemplos concretos, Filomena Gaspar lembrou que as figuras parentais são a influência mais determinante no comportamento de uma criança a curto, médio e longo prazos. Referiu que a educação parental representa um meio efetivo de intervir em problemas precoces, nomeadamente na área das perturbações comportamentais. Disse que os filhos não são o que os pais querem mas o que eles são, daí os desafios na relação educativa. E que “é preciso tanto elogiar como dar bem as ordens”. Denunciou que na sociedade atual há muitos “pequenos ditadores”, criados pela educação demasiado permissiva. Mas a autoritária também não é solução. É preciso uma educação positiva e responsabilizante, alimentando expectativas positivas e sabendo corrigir os erros e admitir os próprios limites.
Mencionou que a maioria das crianças não gosta de ir à escola, pelo que é preciso promover uma motivação positiva de afeto e usar pequenas recompensas apreciadas pelas crianças e adolescentes. Foi crítica relativamente ao atual sistema educativo, afirmando ser necessário promover modelos mais eficazes e investir melhor os recursos disponíveis nos agentes educativos.
Já no diálogo, perante as várias questões e situações, contou experiências familiares e disse que “para ser bom pai e mãe é preciso ter tempo para os filhos”. No final, vários pais elogiaram a conferência, mencionando que os fez pensar na sua prática em ordem a melhorarem certos aspetos da sua relação com os filhos.
O que é o comportamento parental positivo?
– Encorajar comportamentos desejados e as competências = atenção ao positivo, em vez de apenas desencorajar e parar o não desejado.
– Equilibrar as ordens com os elogios e dá-las bem: em vez de proibir, indicar aquilo que se quer que aconteça.
– Partilhar o dia com os filhos e escutá-los. Não se ensina fazendo perguntas mas suscitando e comentando comportamentos.
– Resposta sensível às necessidades das crianças = empatia, em vez de ignorar os seus sinais.
– Colocar limites de forma firme e calma = disciplina positiva, em vez de explodir de forma imprevisível e violenta.
– Responsabilizar a criança ou o adolescente e fazer contratos por mútuo acordo, no positivo e no negativo, e escrever o combinado para não esquecer.