Fundados em Espanha, em 1849, por Santo António Maria Claret, são, por isso, mais conhecidos por Missionários Claretianos. O seu lema é “o amor de Cristo nos impele” e têm como principal missão o anúncio do Evangelho por todo o mundo.
Responder com a Palavra de Deus
aos anseios do mundo
O catalão António Maria Claret, nascido em 1807, começou por trabalhar num tear da fábrica paterna, mas o apelo da frase “de que aproveita ao homem ganhar todo o mundo, se finalmente perde a sua alma?”, escutada certo dia na Missa, levou-o a decidir-se pelo sacerdócio.
Ordenado em 1835, foi nomeado 15 anos depois arcebispo de Cuba. Foi o grande evangelizador daquela ilha, onde criou diversas instituições para o desenvolvimento social e humano, combatendo sempre o racismo e as injustiças sociais, o que lhe valeu inúmeras perseguições.
De regresso a Espanha, foi nomeado arcebispo de Trajanópolis e confessor de Isabel II, participou no Concílio Vaticano I e recebeu, em Portugal, a Grã-Cruz da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, pelas mãos do rei D. Luís I. Uma das suas grandes obras foi a fundação, em Vic (Espanha), em 1849, da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria, que viriam a continuar a sua obra por todo o mundo.
Acabou refugiado num mosteiro francês, em fuga da revolução espanhola de 1868, tendo morrido dois anos depois. Foi beatificado em 1934 e canonizado em 1950.
Em Portugal
A Congregação chegou a Portugal em 1898, estabelecendo-se no Colégio de Nossa Senhora do Carmo, no Sabugal. Além do ensino neste colégio, dedicou-se à pregação popular nas aldeias e paróquias vizinhas e à pastoral vocacional. A sua ação estendeu-se a várias outras zonas do País, com um seminário menor em Ferreira de Aves e casas de apostolado em Bragança, Porto, Campo Maior e Lisboa, servindo a capital portuguesa como porto de escala para os missionários espanhóis que partiam para a América do Sul.
Com a proclamação da República, em 1910, foram expulsos do País, mas regressaram em 1920, já com membros maioritariamente portugueses, voltando a consolidar a sua presença em comunidades, colégios e seminários um pouco por todo o território (Almeida, Covilhã, Coimbra, Lisboa, Águeda, Marco de Canaveses, Penafiel, Porto, Setúbal, Viseu…), primeiro em casas alugadas e, após 1947, noutras adquiridas. Além dos ensino em diversas instituições, as suas comunidades sempre foram base de apoio à pastoral de paróquias cuja paroquialidade iam assumindo ou coadjuvando.
Inicialmente, a Congregação estava em Portugal dependente da Província de Castela. Em 1938 adquiriu o estatuto de Visitadoria, hoje apelidado de Delegação, em 1950 ascendeu a Vice-Província, e de 1956 até ao presente usufruiu a nomenclatura de Província. O seu trabalho em terras estrangeiras iniciou-se em São Tomé e Príncipe, com a abertura de uma casa de missão em 1927, mais tarde com a responsabilidade extensiva a todas as paróquias do arquipélago. Foi também marcante o trabalho junto dos emigrantes portugueses na cidade de Paris e arredores, entre 1958 e 1977. Também em Angola irão surgir missões claretianas, a partir de 1969.
Carisma e ação na Diocese
Os Claretianos recebem o dom de seguir a Cristo, em comunhão de vida, e o dever de proclamar a Boa Nova pelo mundo inteiro. A sua vocação específica é o ministério da Palavra, “promovendo e consolidando as comunidades cristãs, levando a cabo o primeiro anúncio do Evangelho e convertendo as pessoas pela fé”. Seguindo o lema do fundador, “respondem às necessidades mais urgentes, difundindo os conteúdos evangélicos mais oportunos e lançando mão dos meios apostólicos mais eficazes”.
No caso da nossa diocese, onde chegaram em 1953, dirigem a Casa de Acolhimento e de Espiritualidade (CAE) – Seminário do Coração de Maria, onde celebram 10 turnos de retiros espirituais anuais para consagrados e sacerdotes, além de acolherem eventuais grupos de peregrinos e famílias.
Outro serviço prestado é a paroquialidade de Fátima, pelo padre claretiano Rui Marto, bem como o atendimento às capelanias das Clarissas e das Irmãs Hospitaleiras da Imaculada Conceição, e o apoio à pastoral do Santuário de Fátima, com um capelão permanente e outros esporádicos.
Testemunho vocacional
O meu horizonte é a “missão”
O padre António Victor Amorim Portugal Martins é natural da paróquia de Santa Cristina de Mansores (Arouca). Tem 44 anos, sendo 25 de vida consagrada, e é director da Casa de Acolhimento e Espiritualidade e superior da Comunidade de Fátima há ano e meio.
Testemunhar a minha história vocacional passa por fechar os olhos da cara e abrir, suavemente, os olhos do coração, para ver o caminho percorrido, trazendo à memória pessoas, acontecimentos, momentos, palavras, sinais… e descobrir Aquele que me amou primeiro (1Jo 4, 19), acreditar que Alguém me seduziu (Jer 20, 7) e, por conseguinte, me chamou a seguir os seus passos (Mt 4, 18-22), a identificar-me com o seu estilo (Lc 9, 23-25), a fim de iluminar os caminhos dos homens, pelo anúncio da sua Palavra (Mt 10, 5-15).
Assim, olho para trás e vejo que, no dia 1 de Outubro de 1980, com 10 anos, os meus pais me conduziram ao Seminário dos Carvalhos, onde estudei até ao 11.º ano; completei o 12.º ano em Fátima; após um ano de Noviciado em Loja (Granada), Espanha, no dia 8 de Setembro de 1989, emiti, em Fátima, a Primeira Profissão Religiosa na Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria; segui para o Seminário Maior Claretiano, em Lisboa, onde durante 5 anos completei a licenciatura de Teologia; em Outubro de 1994, fui enviado para a comunidade do Colégio dos Carvalhos, a fim de desenvolver actividade na área educativa; entretanto, após um ano de estágio pastoral na paróquia da Areosa (Porto), assumi o meu compromisso religioso na Congregação para toda a vida, recebi a ordem do diaconado na Sé do Porto e fui ordenado sacerdote no dia 15 de Junho de 1997, no Colégio dos Carvalhos.
Desde esse grande dia, a minha vida continuou a ser dedicada a colaborar com as famílias na educação e orientação dos seus filhos, com quem sempre partilhei a ideia de que “o mais importante na vida de alguém é o que se é (ou vai ser-se) e não o que se tem (ou se vai ter)”.
Depois de oito anos dedicados à educação, em Janeiro de 2003, parti para a imensidão de Angola, sentindo-me enviado em missão evangelizadora, para muito aprender e ensinar, de forma a me tornar um com aqueles a quem Deus me enviou. Passei dois anos em Luanda, na comunidade da Missão Católica da Corimba, e cerca de cinco meses no Lubango.
Sentindo-me missionário do Reino, regressei a Portugal, em Julho de 2005, desta vez, para ingressar na comunidade de Setúbal. Como pároco, dediquei-me, durante oito anos, a servir o Povo de Deus na freguesia sadina de S. Sebastião.
Em Outubro de 2013, desloquei-me para a comunidade de Fátima, onde me encontro actualmente, como administrador da Casa de Acolhimento e Espiritualidade.
Consciente e feliz por todo este percurso vocacional e apostólico, sinto-me imensamente agradecido a Deus por todas as maravilhas que tem realizado em mim; acredito e sinto que fui e continuo a ser “forjado” no Coração misericordioso de Maria e no fogo do Amor de Deus.
Para onde Deus me enviar, irá um coração repleto de paixão para abraçar, de fé para abençoar, de esperança para recriar, e um profundo desejo centrado na vontade insaciável de tornar Jesus mais conhecido e amado. Aonde Deus me levar, o meu horizonte continua a ser a “missão”.
Peço, humildemente, a Deus que me faça digno da opção que tomou por mim, e que este meu pequeno testemunho suscite a generosidade de muitos, nomeadamente dos jovens, a optarem pela “missão”, na consagração religiosa ou no voluntariado. Que o Coração de Maria derrame a ternura e a confiança no coração de todos os seus filhos.
P. Victor Portugal
Números
No mundo
Casas: 460
Membros: 3.100
Em Portugal
Casas: 9
Membros: 75
Na Diocese
Casas: 1
Membros: 6 sacerdotes (1 deles pároco)
Mais novo: 44 anos
Mais velho: 81 anos
Média etária: 65 anos