Fundada em Málaga, em 1921, pelo beato Manuel González, esta congregação surge como ramo religioso de uma obra mais vasta deste bispo, iniciada cerca de uma década antes, com o objetivo primordial de fazer adoração eucarística junto de sacrários abandonados.
Com Maria, acompanhando Jesus-Eucaristia
Nascido em 1877, em Sevilha, no seio de uma família humilde, Manuel González García entrou no seminário aos 12 anos e, depois de um percurso académico brilhante, foi ordenado sacerdote em 1901. A sua primeira missão foi na paróquia de Palomares del Río, onde encontrou uma igreja suja e abandonada. Ajoelhado diante do sacrário, o seu pensamento viajou pelos muitos outros sacrários abandonados que existiriam pelo mundo e sentiu ali para a sua vida “uma missão que antes nem tinha sonhado: ser padre de um povo que não quisera Jesus Cristo para querê-l’O eu por todos. Gastar o meu Sacerdócio a cuidar de Jesus Cristo nas necessidades que a sua vida de Sacrário Lhe criou. Ser seus pés para O levar onde O desejam, ser suas mãos para dar esmola em seu nome, ser sua boca para falar d’Ele, consolar por Ele, gritar a favor d’Ele quando não O queiram ouvir… até que O oiçam e O sigam. Que bela missão!”
Foi capelão da casa de repouso das Pequenas Irmãs dos Pobres de Sevilha e pároco de San Pedro de Huelva durante 11 anos, até ser nomeado bispo auxiliar de Málaga, passando depois a bispo titular. Vítima da perseguição religiosa em Espanha, teve de fugir da sua diocese quando a casa episcopal e muitos outros edifícios religiosos foram incendiados, ficando exilado em Madrid desde 1932. Três anos depois, foi nomeado bispo de Palência, onde viveu os seus últimos cinco anos de vida.
Tudo pela Eucaristia
Foi, no entanto, o amor declarado a Jesus-Eucaristia que marcou a sua vida e o seu maior legado à Igreja. Em 1910, fundou a Obra dos Sacrários Calvários, para “em união com Maria e a exemplo das Marias do Evangelho, darem e buscarem companhia aos Sacrários abandonados, solitários ou pouco frequentados”. Tinha diversos ramos: Adultos – Marias dos Sacrários e Discípulos de São João; Jovens – Juventude Eucarística Reparadora; Crianças – Reparação Infantil Eucarística; Sacerdotes – Missionários Eucarísticos Diocesanos (que desapareceram durante a Guerra Civil), Instituto Secular – Missionárias Eucarísticas Seculares de Nazaré (hoje chamada Família Eucarística Reparadora).
Mas a obra precisava de um ramo de vida consagrada e para isso funda, em 1921, as Missionárias Eucarísticas de Nazaré, “firmes, decididas, sempre sorridentes, com os olhos da cara fixos no próximo e nas suas necessidades para socorrê-los e com os olhos da alma fixos no coração de Jesus que está no Sacrário… disponíveis para irem onde a missão as reclame”.
Foi esta obra uma das que mais contribuiu para a sua beatificação, em 2001, por João Paulo II.
Carisma e missão
Partindo das orientações do fundador, as irmãs são missionárias, “porque enviadas pela Igreja e pela Congregação a levarem por todo o mundo a Boa Nova da Eucaristia”; são Eucarísticas, “porque a sua finalidade é ‘eucaristizar’, isto é, aproximar todos de Jesus Cristo vivo”; são de Nazaré, “porque assim se designam as casas onde vivem e porque significa ‘flor’, a perfeição que contém o gérmen da multiplicação da planta que a produz” e, portanto, “o estado perfeito da Obra e o meio de a multiplicar e propagar”.
Presentes em Espanha, Portugal, Espanha, Itália, México, Venezuela, Equador, Peru, Argentina e proximamente em Cuba, o seu trabalho pastoral estende-se a Missões Eucarísticas, catequese e outros serviços nas paróquias, formação de agentes da liturgia, escolas bíblicas e de oração, divulgação de materiais litúrgicos, dinamização de casas de exercícios, cursos, retiros e acolhimento a peregrinos e, sobretudo, “espalhar, organizar e manter no genuíno espírito a Família Eucarística Reparadora”.
Na Diocese
A fundação da primeira casa em Portugal data de 1985, em Viseu, transferida dois anos depois para Fátima, onde hoje se mantém. Um dos motivos desta deslocação foi o apelo da oração “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos; peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não vos amam”, compreendida e vivida de forma tão especial pelo Beato Francisco Marto nas suas longas “conversas com Jesus Escondido”.
Atualmente, a comunidade presta serviços no Santuário e apoia a catequese e a pastoral paroquial de Fátima, além de acompanhar a Família Eucarística Reparadora em Portugal. A sua casa é também lugar de acolhimento a peregrinos, geralmente membros da FER de Espanha e da América Latina.
Testemunho vocacional
“Este Jesus-Eucaristia foi quem me convidou”
Sou a filha mais velha de uma família católica. A minha lembrança do convite do Senhor para O seguir mais de perto remonta à minha 1.ª Comunhão – muito cedo, para se consolidar mais tarde – mas lembro esta etapa da minha vida como algo especial que o Senhor tinha para mim. Sentia nas catequeses a sua presença ativa e vivificante, que me convidava sempre a viver em união com a doutrina e a pessoa de Jesus. No dia de receber pela primeira vez Jesus Sacramentado, foi uma festa interior que eu não consigo explicar, porque só pude sentir como algo que faz vibrar a alma no seu interior.
Esta foi a primeira etapa dum chamamento por parte do Senhor, mas eu não continuei nesta fidelidade, nem pouco mais ou menos, no decorrer do tempo da adolescência e juventude. As circunstâncias e o ambiente que me circundavam também me afastavam deste convite fiel e constante da parte do Senhor: estudos, trabalho, ocupações e amizades que mais contribuíam para separar a minha vida deste caminho do que para continuar nele.
Mas como o Senhor é seguro e certo, quando eu já trabalhava e ajudava na economia da minha família, sentindo-me com um vazio interior, voltei a ouvir no meu íntimo o seu convite. Foi em Madrid (Espanha) que casualmente conheci as Irmãs; elas convidaram-me para fazer parte da Família Eucarística Reparadora e eu aceitei, encantada, porque gostava muito deste carisma. Participei nos encontros da Juventude Eucarística Reparadora e foi assim que avancei na descoberta e vivência da presença de Jesus na Eucaristia e de como Ele permanece escondido no Sacrário com pouca ou quase nula resposta dos homens para com Ele. Foi uma graça muito grande que o Senhor me concedeu, dando-me a conhecer esta Família que, fundada pelo Beato Manuel Gonzalez, quer contribuir para que os Sacrários estejam acompanhados, dando assim resposta a Jesus de amor por Amor.
Este Jesus-Eucaristia foi quem me convidou mais uma vez para segui-l’O na vida religiosa consagrada. Assim, ingressei na congregação e começou a minha caminhada. Já fui enviada para o Peru, para também lá colaborar, dando vida e resposta à União Eucarística Reparadora. Tive diferentes trabalhos, missões e apostolados no Peru e em Espanha, sempre com o espírito reparador que o nosso fundador quis para a obra dos Sacrários-Calvários. Agora, a minha missão está aqui em Portugal, sempre, como dizia o beato Manuel, “para fazer qualquer trabalho de cara ao Sacrário” e, neste lugar privilegiado da cristandade, com a ajuda e proteção de Nossa Senhora, a minha vida decorre muito feliz por poder ser uma pequenina chama tentando dar luz a partir dessa Luz que é Jesus presente em todos e cada um dos Sacrários da terra.
Ir. Maria Asuncion
Números
No mundo
Casas: 29
Membros: 173
Em Portugal/Diocese
Casas: 1
Membros: 3
Mais nova: 53
Mais velha: 58
Média etária: 50