Caros diocesanos: fiéis leigos, religiosas e religiosos e sacerdotes,
Saúdo-vos com alegria nesta ocasião de retoma das celebrações comunitárias da Santa Missa. De facto, é um momento muito esperado da alegria do reencontro dos fiéis como povo de Deus unido e reunido à volta da mesa do Senhor a celebrar a Eucaristia. Acontece numa festa muito significativa para a vida da Igreja, o Pentecostes, que encerra o tempo pascal.
Como o Senhor ressuscitado enviou o Espírito Santo, e os discípulos ficaram cheios de sabedoria e coragem para comunicar a todos a vida nova do Evangelho, assim suceda para nós nesta ocasião. Como após o inverno vem a primavera, e a vida, antes escondida e contida, desponta e floresce, assim agora nós, pelo sopro do Espírito, possamos experimentar a revitalização da fé e vida cristã pessoal, familiar e comunitária, saboreando a alegria do reencontro “reunidos no amor de Cristo” para celebrar a sua presença viva no meio de nós.
Agradeço todo o vosso esforço, sacrifícios e testemunho de fé, neste tempo de confinamento e de ausência de celebrações comunitárias. Sei que custou muito, mas também que houve quem crescesse na fé utilizando os recursos oferecidos nos meios de comunicação digital. Houve famílias que redescobriram a graça de serem “Igrejas domésticas” e puderam aprofundá-la. Espero que toda vida cristã, que foi provada e cresceu, se mantenha e desenvolva agora com maior apoio e comunhão da comunidade cristã.
Embora com as devidas cautelas e movidos pelo amor aos outros, para nos protegermos mutuamente, aproximemo-nos das nossas igrejas com confiança e sem medo. Os pastores, com os respetivos colaboradores, foram cuidadosos na preparação das condições para evitar contágios com o vírus nas nossas assembleias. Se alguma coisa aprendemos nesta dolorosa experiência, é que todos precisamos de todos para nos protegermos e cuidarmos. Assim é também nas comunidades cristãs, não apenas para a saúde, mas também para o cuidado dos mais pobres e fragilizados e para crescermos juntos como família cristã chamada a viver e a dar testemunho da “alegria do Evangelho”.
Nestas celebrações comunitárias, louvemos e agradeçamos a Deus por quanto fez por nós neste tempo de aflição, pela generosidade e fortaleza com que dotou os profissionais de saúde, as autoridades de saúde e de segurança públicas e muitas outras pessoas que serviram heroicamente o seu próximo com o seu trabalho e cuidados. Peçamos a graça de Deus para quem sofreu doenças ou a morte de familiares e amigos, para que dele recebam o necessário conforto. Confiemos à misericórdia divina todos os defuntos.
Imploremos de Nossa Senhora de Fátima, mãe de misericórdia e auxílio dos cristãos, o seu amparo e inspiração nesta nova fase da nossa caminhada humana e cristã.
Leiria, 29 de maio de 2020.
† Cardeal António Marto, Bispo de Leiria-Fátima
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