Há um mês tive a graça de celebrar com D. Anacleto Oliveira, na paróquia das Cortes, sua terra natal, com alegria e em ação de graças, o jubileu dos 50 anos da sua ordenação sacerdotal. Hoje, é com a dor da tristeza que me despeço dele e do seu convívio terreno pelo seu falecimento tão inesperado, exprimindo sentidas condolências aos seus familiares e à Diocese de Viana do Castelo, quer em nome pessoal, quer em nome da Diocese de Leiria-Fátima, à qual estava ligado por nascimento e afeto, e de cujo presbitério fez parte durante longos anos.
Na “comunhão dos santos”, cujos laços permanecem vivos para além da morte, desejo fazer memória grata de um bom amigo e companheiro, sempre sereno e bem disposto, desde os tempos de estudantes em Roma; de um colega no episcopado cujo contributo precioso na Conferência Episcopal foi reconhecido por todos os bispos; da sua colaboração em diversos âmbitos da nossa Igreja Diocesana, particularmente na realização do sínodo diocesano, nos documentos e orientações aprovados, como também em paróquias e no Santuário de Fátima; do seu trabalho reconhecido e apreciado de biblista de renome bem credenciado pelos seus estudos e pelo doutoramento em Teologia Bíblica e que fizeram dele um apóstolo da Palavra de Deus. Por fim, queria salientar a sua figura e o seu estilo de bispo com grande sentido pastoral, de um bispo Pai e Pastor, como pede o Papa Francisco. Cultivava, muito naturalmente, a pastoral da proximidade e do encontro, de trato simples e próximo, com uma relação afetuosa, capaz de partilhar as alegrias e dores do seu povo, o que, por sua vez, suscitava uma atração de simpatia da gente para com ele.
D. Anacleto tinha ainda o dom de anunciar o evangelho com unção, de modo a falar ao coração, iluminando as realidades da vida de todos os dias, inclusive as difíceis situações sociais. A Igreja em Portugal fica com uma dívida de gratidão a este seu bispo. Esperamos honrar a sua memória continuando o legado que nos deixou.
Muito obrigado, caro D. Anacleto, pela tua amizade e pelo teu testemunho de amor à Igreja. A Diocese de Leiria-Fátima agradece-te e acompanha-te, na “comunhão dos santos”, com a sua oração, na tua última peregrinação ao encontro definitivo do Pai, para que possas contemplar toda a beleza do seu rosto e a grandeza da sua misericórdia, na companhia de Nossa Senhora de Fátima e dos santos Pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, de quem eras devoto. Não te esqueças de nós! Nós continuaremos a lembrar-te na memória e na oração!
† Cardeal António Marto, Bispo de Leiria-Fátima