A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2016 está à porta e, para os que vão, é já altura de começar a preparar a mala para a viagem. De Leiria-Fátima vão partir cerca de duas centenas de jovens para o encontro com o Papa, que este ano acontece em Cracóvia, na Polónia, de 26 a 31 de julho.
A menos de duas semanas do arranque da JMJ de 2016, o PRESENTE foi saber dos preparativos para este encontro mundial e quis saber o que levam os jovens da Diocese na mochila.
Os preparativos para “uma experiência forte de fé”
Os 193 jovens da Diocese que vão participar na JMJ partem na manhã de 23 de julho, de autocarro, de Leiria, rumo a meio caminho da viagem: Paris. Com Leiria-Fátima, vão também as dioceses de Coimbra e Santarém, perfazendo um total de 449 jovens. Na capital francesa, vão ser acolhidos pela comunidade portuguesa que vive junto ao Sanctuaire de Notre-Dame de Fatima – Marie-Médiatrice, da Diocese de Paris.
“Depois de uma Missa, celebrada com a comunidade, almoçamos também com eles e ainda nos sobra tempo para irmos passear um pouco por Paris. À tarde, partimos para Cracóvia”, esclarece o padre Manuel Henrique, diretor da Pastoral Juvenil diocesana, que organizou a viagem à JMJ.
Nos contatos que fez na preparação, o responsável realça a disponibilidade imediata para o acolhimento dos jovens da Diocese em Paris, na pessoa do padre Nuno Aurélio, reitor do Sanctuaire de Notre-Dame de Fátima e dos proprietários de uma padaria nos arredores, que se prontificaram a garantir o transportar o pão para alimentar o grupo e a ajudar no que fosse necessário.
Já na Polónia, vão ser acolhidos por famílias de Pcim, uma vila a cerca de 50 km da cidade que dá nome à Jornada de 2016.
Cracóvia irá congregar os jovens que participam na JMJ nos principais momentos do encontro: a Missa de abertura, o acolhimento ao Papa, a Via-Sacra, a vigília, no penúltimo dia, e a Missa de encerramento. Os restantes dias serão ocupados com uma catequese, pela manhã, e o Festival da Juventude e a Feira Vocacional à tarde, num fórum com diversas ofertas onde os jovens podem aprofundar o conhecimento do mundo católico. Estes momentos acontecem em 22 cidades em redor de Cracóvia.
Ir para testemunhar e ser testemunha
A preparação da viagem à JMJ de Cracóvia na Diocese começou em dezembro do ano passado, quando abriram as pré-inscrições. Antes disso, já tinham sido feitos alguns contactos para ponderar o melhor meio de transporte. O avião surgiu como primeira hipótese, mas os preços demasiado inflacionados, obrigaram a pôr como hipótese mais viável o autocarro, conta o diretor da Pastoral Juvenil diocesana.
A partir do momento em que o grupo de 193 jovens estava composto, em março deste ano, foram realizadas três reuniões de preparação. “Nestes encontros, fizemos catequeses à volta do tema da Jornada, esclarecemos questões práticas e promovemos a cumplicidade entre o grupo”, conta o sacerdote. Para a viagem, foi atribuída a cada um a responsabilidade por uma tarefa, entre dinâmicas para o autocarro, momentos de oração, cânticos de animação ou assistência ao grupo.
Em Cracóvia, os jovens diocesanos vão poder contactar com outros jovens católicos de todo o mundo e viver, em comunhão, a mesma fé. Esta experiência do encontro é um dos aspetos que mais motiva os jovens a participar na JMJ, mas para o padre Manuel Henrique, não é o principal. “O essencial é a vivência de uma experiência forte de fé e de Jesus Cristo, para que sejam testemunhas daquilo que viveram.”
Grupo diocesano na JMJ de Madrid, que decorreu em 2011.
O que levam os jovens na mochila para Cracóvia?
Entre jovens, animadores e equipa da Pastoral Juvenil diocesana vão estar na JMJ de Cracóvia 193 jovens. No dia 23 de julho, partem em direção a Pcim, uma aldeia a 40 quilómetros de Cracóvia, onde vão ficar para participar na JMJ de 2016.
Diogo Batista participa pela primeira vez no encontro mundial que reúne os jovens católicos com o Papa e as expectativas são altas. Integra o Grupo de jovens “Pás de Cristo”, da Sé de Leiria, que congregou esforços para uma participação do grupo na JMJ de 2016.
Conhecer novas pessoas
“Quase todos os elementos do grupo de jovens vão participar. Para juntar dinheiro, temos vendido pão e bolos à saída da Missa e ainda vamos vender rifas. Começámos tarde, mas a comunidade tem ajudado muito!”
Está ansioso pelo dia 23 de julho, como seria de esperar. Este ano há-de ser repleto de novas experiências e a JMJ vai inaugurar uma nova fase da vida. Concluiu o 12.º ano e este verão vai ser marcado por novos rumos no seu percurso académico. Depois da Jornada, vai estar ansioso com os resultados das candidaturas ao ensino superior, mas isso é outra conversa. Até lá, há que saber o que levar para a Cracóvia.
“Roupa, calçado confortável, porque, provavelmente, vamos andar muito… Um chapéu de sol, uma máquina fotográfica e o telemóvel, para tirar fotografias, para mais tarde recordar. Porque sou da área de artes, vou levar um diário gráfico, para guardar alguns registos, em desenho.”
Leva ainda uma grande “expectativa em relação à troca de experiências”.
“Espero conhecer novas pessoas e viver o espírito cristão junto de jovens, de outros países e de culturas diferentes.”
Bolachinhas e uma mala aberta
A Flávia Dias é catequista, em Fátima, e já é repetende na JMJ, depois de ter estado, em 2011, em Madrid. Desta vez, vão também a mãe e a irmã. “A minha irmã soube da experiência da JMJ de Madrid por mim e pelo grupo de jovens com quem fui… quanto à minha mãe, ela sempre foi muito aventureira nestas coisas!”
Vai com o grupo de jovens de Fátima e, pela experiência de 2011, não hesita em dizer o que se deve levar na mochila.
“Temos de levar uma mala aberta, porque vamos encontrar muita gente diferente, de vários países e com culturas distintas com quem temos de entrar em harmonia. Para que tal aconteça, temos de levar abertura para todas essas realidades. É sempre bom levar umas bolachinhas, porque dão sempre para partilhar com todos.
Para passar o tempo, Flávia tem a receita ideal: “sentar no chão e conversar uns com os outros para se conhecerem melhor.”
“Deixar-se ir na onda”
Nesta segunda participação, Flávia espera “criar laços com outras pessoas” e deixa um conselho para quem vai pela primeira vez.
“O melhor é deixar-se ir na onda da Jornada… Se estivermos muito rígidos e fechados, não teremos a oportunidade de conhecer e de nos dar a conhecer e perdemos grande parte da experiência.”
Na mala da Mariana Pedro, para além do indispensável para a estadia (saco cama e alguma roupa), vai também “uma vontade enorme de passar uma semana no meio de jovens de todo o mundo”.
“Levo as minha experiências na expectativa de as poder partilhar com outros jovens e também de conhecer as deles. Sobretudo levo alegria para que seja uma semana marcante. A expectativa de uma semana diferente é sempre desafiadora. Vou à descoberta do que as JMJ me poderão trazer! Levo a minha mala pouco cheia para que regresse cheia de memórias”, conta a jovem da paróquia da Barreira.
Isabel Felício, da paróquia da Boa Vista, também não se esquece do essencial: “protetor solar, as sapatilhas mais confortáveis, para andar muito a pé e muita água para hidratar”. Não vai sobrar muito espaço, até porque parte dele está cheio pelas expetativas que são muito elevadas, “com a certeza de que será uma semana de enorme aprendizagem que valerá muito a pena”.
Um bloco de notas para escrever em “jornadês”
Rui Ruivo é seminarista e sabe que tem de levar mala minimamente arrumada, tendo em conta o essencial, que é fácil identificar: “roupa e calçado quanto baste, nada de excesso e artigos de higiene pessoal, o mínimo necessário para ter um ar lavadinho”. (risos)
“Vou levar um bloco de notas, para poder escrever a minha juventude e a de tantos outros em ‘gramática Jornada’. Alguns artigos religiosos de Fátima, para a trocar, oferecer, dar.”
No final, espera que ainda sobre espaço para pôr “alguns anos de vida”. “Como é Jornada da juventude e como já não vou para jovem, então os anos vão todos comigo, mas alguns vão na mala”, diz em jeito de brincadeira.
“Levo também Alegria e essa não a levo só na mala, levo bastante para o encontro com milhares que vivem a mesma fé que eu. E claro, levo também o Amor, que nunca pode faltar.”
Quando as Jornada terminar, a 31 de julho, conta trazer uma “mala a abarrotar”, cheia de muito mais do que aquilo que levou.
“Afinal, é rápido fazer a mala para a viagem, assim sobra tempo para poder viver a Jornada!”
Grupo diocesano que participou na JMJ do Rio de Janeiro, em 2013.
O que dizem os repetentes
Esta já é a quinta viagem às Jornadas que o padre Manuel Henrique, diretor da Pastoral juvenil de Leiria-Fátima, preparar. Organizou a de Colónia, na Alemanha, em 2005; a de Sidney, na Austrália, em 2008; a de Madrid, Espanha, em 2011; a do Rio de Janeiro, Brasil, há dois anos e agora a de Cracóvia. Todo este ânimo e dedicação nasceu da “experiência marcante” que foi a participação na JMJ de Roma, em 2000.
“Para mim, Roma foi a Jornada, porque foi a que eu participei enquanto jovem. Foi aquela JMJ que me levou a preparar outras, para que outros jovens possam viver aquilo que vivi.”
Depois de Roma, a responsabilidade que assume na organização pesa mais que a mochila onde leva as expectativas, mas ainda assim, destaca alguns momentos que o marcaram nas Jornadas que se seguiram.
“No Rio de Janeiro, como éramos um grupo pequeno, pude viver de outra forma a Jornada. Um dos momentos que mais me marcou foi a adoração ao Santíssimo Sacramento na vigília de sábado à noite, em plena praia de Copacabana. Estavam lá cerca de três milhões de jovens e, no momento da exposição do Santíssimo, fez-se um silêncio arrepiante que nos deixava ouvir o mar.”
Na organização da viagem para a JMJ de Cracóvia, a falta de informação emanada da organização foi a principal dificuldade que encontrou até agora. Por outro lado, como aspeto positivo, realça o facto de, nesta Jornada, a exemplo do que aconteceu em Sidney, os jovens serem acolhidos por famílias polacas.
Um marco na vida de um jovem
Para Dália Reis, da paróquia de Nossa Senhora da Piedade, Ourém, esta é a quinta vez que participa numa JMJ. Esteve presente em todos os encontros desde 2005 e tudo começou quando, em 2000, ajudou a criar um grupo de jovens na paróquia.
“Em 2002, soubemos das JMJ de Toronto, no Canadá, mas do custo elevado da viagem, não achei que os jovens estariam preparados. No entanto, começamos logo a trabalhar para poder ir às próximas. Em 2005, lá fui eu, a acompanhar cinco jovens da paróquia.”
A experiência na estreia e nas Jornadas que se seguiram foi tão boa, que não hesita em apresentar argumentos para que os jovens vivam este encontro mundial.
“Ter a possibilidade de estar numa Jornada foi um privilégio. A vigília com o papa foi o momento alto, difícil de descrever. Sentir a entrega daqueles milhares de jovens, a sua devoção, a força da oração, é algo que só pode ser entendido se for vivido.”
Dália fala de cada Jornada como um “marco” da sua vida e para quem já leva quatro na mochila é difícil de falar em expectativas.
“Vou de coração aberto para poder absorver o máximo, porque com as vivências que tive, esta pode ser sempre mais uma experiência enriquecedora, que fortifica a fé e que dá animo no trabalho que tenho desenvolvido com os jovens”, diz a animadora do grupo paroquial de jovens de Nossa Senhora da Piedade, que também integra a equipa da Pastoral Juvenil da Diocese.
“Poder acompanhar, este ano, 19 jovens da minha paróquia, que nunca foram à JMJ, é algo que me dá esperança na juventude. Pensar que, em 2005, da nossa paróquia, foram apenas seis pessoas e que, 11 anos depois, vão 23, é fantástico!”
Com tanta experiência, que conselho deixa a quem vai pela primeira vez?
“Que vá de coração aberto, procurando entrar na onda, sem preconceitos, procurando viver esta experiência de vida que fortifica a fé. Que, ao saiar da sua zona de conforto, saia com confiança na entrega, porque participar numa JMJ não é só receber, também é dar e ser testemunho da nossa força.”
Mais informações sobre a Jornada Mundial da Juventude de Cracóvia AQUI.