Lectio divina para o V Domingo de Páscoa

Em tempo pascal, neste V domingo, somos convidados a meditar a nossa realidade de povo nascido da Páscoa. Povo enxertado na videira que é Cristo, no seu lado aberto e como ramos da verdadeira vide, damos fruto abundante alimentados pela seiva do seu Espírito.

Comunidade em modo de fruto

Lectio Divina para o Domingo V do Tempo Pascal (Ano B), 2 de maio de 2021

Breve introdução

Em tempo pascal, neste V domingo, somos convidados a meditar a nossa realidade de povo nascido da Páscoa. Povo enxertado na videira que é Cristo, no seu lado aberto e como ramos da verdadeira vide, damos fruto abundante alimentados pela seiva do seu Espírito.  

Estar unidos à verdadeira videira é reconhecer que, apesar dos cortes e das feridas que ao longo da vida vamos tendo, o que permanecerá é a vida limpa e pura que em nós vai ganhando forma de fruto, de uvas novas, para vinho novo a manifestar a presença e a força de Cristo. 

Escutemos a Palavra de Deus, buscando nela o agricultor das nossas vidas que nos quer na videira.

1. Invocação

Ó Deus, fonte de vida permanente, 
colocamo-nos diante de Ti como teus ramos que somos.
Limpa-nos do emaranhado de ramos e folhas mortas
que não são vida na tua vinha
e como ramos novos dá-nos a graça
de darmos frutos em abundância para tua glória.
Dá-nos a graça de darmos fruto bom
amadurecido no teu amor.
Ámen.

2. Escuta da Palavra de Deus

2.1. Vamos ouvir o texto do Evangelho segundo São João 

O trecho que nos é servido na Eucaristia é uma das alegorias agrícolas que Jesus usa para nos falar da sua relação com o Pai e connosco. Faz-nos um claro convite a permanecer nessa relação verdadeira de vida e a dar fruto abundante.

2.2. Leitura do Evangelho segundo São João (Jo 15, 1-8)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
«Eu sou a verdadeira vide e meu Pai é o agricultor.
Ele corta todo o ramo que está em Mim
e não dá fruto e limpa todo aquele que dá fruto,
para que dê ainda mais fruto. Vós já estais limpos,
por causa da palavra que vos anunciei.
Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós.
Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo,
se não permanecer na videira, assim também vós,
se não permanecerdes em Mim.
Eu sou a videira, vós sois os ramos.
Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto,
porque sem Mim nada podeis fazer.
Se alguém não permanece em Mim, será lançado fora, como o ramo, e secará.
Esses ramos, apanham-nos, lançam-nos ao fogo e eles ardem.
Se permanecerdes em Mim e as minhas palavras permanecerem em vós,
pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido.
A glória de meu Pai é que deis muito fruto.
Então vos tornareis meus discípulos».

Palavra da salvação.

 (momento de silêncio para interiorizar a Palavra)

2.3. Breve comentário

Este excerto do Evangelho de São João é parte do “discurso de despedida” de Jesus, onde Ele define a identidade dos discípulos, como aqueles que permanecem nele. Permanecer é o segredo dos que acreditam em Cristo, mesmo na dúvida ou quando tudo parece correr mal. 

Ele é a videira verdadeira, não há que enganar. Há outras videiras que darão agraços, mas nunca o fruto doce com o sabor de Cristo.  

Jesus é claro para com os seus ouvintes, dizendo que é Ele a videira verdadeira e Deus seu Pai o agricultor. Não há equívocos, não há enganos, não há modos velados de falar, é claro no falar com uma imagem simples, direta, sem rodeios, mas bela. 

Mas os ouvintes não têm tempo para ficarem embevecidos pela beleza da comparação do agricultor, Deus, que cuida amorosamente da sua videira, Jesus Cristo, para que dê muitas uvas. Depois deste quadro campestre belo, do agricultor e da videira, a permitir visualizar desde logo uma relação amorosa entre ambos, Jesus parte para a crueza do agricultor que poda os ramos. Percebemos não só que a videira está nas mãos do agricultor, Jesus está unido ao Pai, é servo e faz a vontade dele, como somos também nós implicados nessa videira, como seus ramos; “Eu sou a videira, vós os ramos”. Também nós somos parte desta relação amorosa do agricultor com a videira. 

Deus corta o ramo que não dá fruto e poda o que dá fruto para que dê mais. Em ambas as situações temos corte, dor, desapego, com o objetivo de fazer frutificar toda a vinha.

A palavra chave que abre a porta para a compreensão do texto é o verbo “permanecer” (aparece 7 vezes no texto). É sinónimo da fidelidade. Em todos os momentos da nossa vida, a fidelidade, o amor que vence no tempo, mesmo nos momentos difíceis em que somos podados, para que o fruto do amor possa crescer em nós com mais força, com mais sabor, mesmo nos invernos e intempéries num aparente morrer da vinha. Mas a primavera chegará a toda a vinha em modo de ressurreição. Todos os momentos na nossa vida podem ser de graça, não só aqueles em que reconhecemos que o Agricultor nos rega e o sol brilha, mas também quando nos poda. Tudo isto o Agricultor faz por amor à sua vinha. O amor por vezes faz doer, mas não é masoquista, nem sem sentido. A dor e o sofrimento tem sentido na vida enxertada no amor crucial e no amor ressuscitador. São convite a deixar só o essencial e primordial na nossa vida.

O texto termina no dar muito fruto: é a abundância de Deus na nossa vida, é a nossa vida a falar da abundância de Deus. Os que dão muito fruto tornam-se discípulos de Jesus. Não basta dizer que amamos a Jesus para sermos seus discípulos, seus ramos. Só quem se deixa podar por esse Amor dá fruto, só quem se deixa moldar por esse Amor dá fruto e então sim será discípulo que segue o mestre. E ao entardecer nos dias de verão da nossa vida, um grato olhar sobre a vinha, cheia do bom odor da vinha madura, pronta a colher. 

Somos constituídos comunidade, somos vinha de Deus e ramos da Videira que é Cristo. A Videira e os ramos é uma imagem significativa e bela da Eucaristia. Cristo une-nos a si, pela celebração e comunhão eucarística, para que demos fruto e fruto abundante. Forma-se assim um círculo virtuoso, onde cada vez mais os ramos se identificam com a Videira, glorificando o Agricultor: todos em assembleia reunida em volta de Cristo, louvando a Deus animados pelo Espírito Santo. 

O fruto bom e maduro será colhido nos dias de sol veraneio da nossa vida. Depois… depois as folhas voltarão a cair no outono. Ficará a vinha novamente despida, num aparente invernio sem vida. O Agricultor voltará a podar. Um compasso de espera e a dúvida, o que acontecerá agora?… Os ramos voltarão em botão a anunciar nova primavera: é o milagre da Ressurreição da Videira!!! E com ela todos os ramos ressuscitam. Na força do Amor tudo permanece em estado puro de renovação de vida abundante. 

Pelos frutos se conhece a árvore. Que, ao olharem para nós, os outros possam reconhecer Cristo: comunidade em modo de fruto.

3. Silêncio meditativo e diálogo

a) Eu sou a videira verdadeira e meu Pai o agricultor

Reconheço que estou enxertado em Jesus Cristo Ressuscitado e que o Pai cuida de nós com a sua providência? Sinto e trato os outros como ramos da mesma videira, ou seja, como irmãos?

b) Ele corta todo o ramo que não dá fruto em mim e poda o que dá fruto, para que dê ainda mais fruto.

Aceito que Deus corte os ramos que são vida estéril em mim? Que ramos estéreis são esses? Deixo-me fortalecer por Deus? Reconheço o amor de Deus, mesmo nas provações e adversidades da vida? Procuro vê-las como oportunidades de crescimento? Reconheço e agradeço os frutos de Deus em mim?

c) Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em Mim.

Não há ramo que subsista por si mesmo. Sinto que pertenço à Videira que é Cristo e a comunidade cristã? Participo na Eucaristia para receber de Cristo vida e alimento para dar fruto? Permaneço na Videira, mesmo quando dou pouco fruto, ou prefiro ir embora?

d) A glória de meu Pai é que deis muito fruto. Então vos tornareis meus discípulos.

Dou fruto para minha glória ou vaidade? Ou dou fruto para maior glória de Deus Pai e me reconheço discípulo de Jesus pelos meus frutos? O fruto que dou é para mim ou para dar aos meus irmãos?

4. Oração final e gesto familiar

– Tendo uma vinha por perto, podada e cuidada, pode-se contemplar o seu crescimento… E observar como as suas uvas são promessa de abundante colheita e de saborosos frutos. Diante do crescimento da vinha, dar graças a Deus pelas maravilhas da criação, por nos dar tanta beleza a contemplar e a saborear.

– Como propósito, durante a semana, tirar 15 minutos para estar em silêncio num lugar calmo diante de um crucifixo de Cristo, a Videira Verdadeira, unindo-se a Ele como ramo e louvando o Agricultor:

“Quero permanecer em Ti, Jesus Cristo Videira.
Permanecendo em Ti, faz-me teu ramo,
dá-me da tua seiva, da força do teu Espírito.
Poda-me Deus Pai Agricultor,
Corta tudo o que não me faz crescer
para a vida nova em Cristo.
Poda o que ainda não deixa ver
o fruto do teu Amor em mim.
Coloca em mim o adubo da tua Palavra.
Lavra o terreno árido do meu coração.
Rega-me com a água e o sangue do teu Amor Maior.“

– Pai Nosso.

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