Lectio divina para o III Domingo de Páscoa

A boa nova da ressurreição permanece como mensagem primeira a acolher e anunciar. Ao longo do tempo pascal, prolonga-se a alegria da manhã de Páscoa, na certeza da vitória da Vida sobre a morte e o pecado.

Tocar e ver o Corpo de Jesus ressuscitado

Lectio divina para o Domingo III da Páscoa, 18 de abril de 2021

Breve introdução

A boa nova da ressurreição permanece como mensagem primeira a acolher e anunciar. Ao longo do tempo pascal, prolonga-se a alegria da manhã de Páscoa, na certeza da vitória da Vida sobre a morte e o pecado. Jesus está vivo e pode ser tocado e visto de uma forma nova: a comunidade reunida à volta de Jesus é chamada a ser o sinal palpável e visível da presença de Cristo ressuscitado. Essa comunidade é também chamada a ver e tocar as marcas da cruz de Jesus na carne ferida da humanidade, nas situações concretas de sofrimento dos irmãos, onde é chamada a levar a vida nova da ressurreição.

1. Invocação

Jesus Cristo ressuscitado,
que te fizeste presente no meio da comunidade,
a encheste de alegria pela tua presença real,
e abriste o entendimento dos discípulos
para compreenderem e anunciarem a tua Palavra,
robustece a minha fé, anima a minha esperança
e fortalece-me na caridade.
Faz-me tocar e ver o teu corpo,
presente na Eucaristia e no corpo de cada irmão,
e torna-me testemunha do teu amor.
Ámen.

2. Escuta da Palavra de Deus

2.1. Vamos escutar uma passagem do Evangelho segundo Lucas

Depois de acompanhar dois discípulos, ao chegar a Emaús, Jesus ressuscitado aceita o convite para ficar com eles. Quando se pôs à mesa, tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. É neste gesto eucarístico que se abrem os olhos daqueles discípulos: reconhecem Jesus, mas Ele desaparece da sua presença. É, então, que partem apressadamente para junto dos outros discípulos, que tinham ficado em Jerusalém. O Evangelho deste domingo situa-nos neste momento de reencontro.

2. 2. Leitura do Evangelho segundo São Lucas (Lc 24, 35-48)

Naquele tempo, os discípulos de Emaús contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão. Enquanto diziam isto, Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito. Disse-lhes Jesus: «Porque estais perturbados e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como eles, na sua alegria e admiração, não queriam ainda acreditar, perguntou-lhes: «Tendes aí alguma coisa para comer?». Deram-Lhe uma posta de peixe assado, que Ele tomou e começou a comer diante deles. Depois disse-lhes: «Foram estas as palavras que vos dirigi, quando ainda estava convosco: ‘Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’». Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras e disse-lhes: «Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de todas estas coisas».

(momento de silêncio para interiorizar a Palavra)

2.3. Breve comentário

A surpresa da manhã de Páscoa é envolvida por um misto de sentimentos. Ao anúncio das mulheres, juntara-se o de Simão e, agora, o dos discípulos de Emaús. Na comunidade afirmava-se já que “realmente o Senhor ressuscitou” (Lc 24, 34). Mas quando Jesus se apresenta no meio deles, o Evangelho fala-nos de espanto e de medo, de alegria e admiração, de julgarem “ver um espírito”… O caminho da fé dos primeiros discípulos é percorrido por esta complexidade. Pela dúvida e pela alegria dessa tão grande novidade que parece quase impossível de nela acreditar!

É neste ambiente que São Lucas insere todos os elementos sensíveis que nos lançam para uma experiência “palpável” da presença do Ressuscitado. Não é um “fantasma”, fruto da ilusão ou imaginação, mas o mesmo Jesus que tinha percorrido com eles os caminhos da Palestina, com as marcas da crucifixão, que pode ser visto e tocado na realidade nova do seu corpo ressuscitado. Continuidade e descontinuidade unidas no corpo glorioso de Cristo.

Ao comentar este texto, diz-nos o Papa Francisco: «A insistência de Jesus sobre a realidade da sua Ressurreição ilumina a perspetiva cristã sobre o corpo: o corpo não é um obstáculo, nem uma prisão da alma. O corpo é criado por Deus, e o homem só é completo em união de corpo e alma. Jesus, que venceu a morte e ressuscitou em corpo e alma, faz-nos entender que devemos ter uma ideia positiva do nosso corpo. Ele pode tornar-se ocasião ou instrumento de pecado; contudo, o pecado não é provocado pelo corpo, mas pela nossa debilidade moral. O corpo é um dom maravilhoso de Deus, destinado, em união com a alma, a manifestar plenamente a imagem e a semelhança d’Ele. Portanto, somos chamados a ter grande respeito e cuidado do nosso corpo e do corpo dos outros» (Angelus, 15 de abril de 2018).

Por fim, o texto sugere-nos que é no encontro com o Ressuscitado, com Ele no centro da comunidade cristã, que se compreendem as Escrituras: é no seu Espírito que se entra de verdade no sentido da Palavra, e se acolhe a missão de ser testemunha.

3. Silêncio meditativo e diálogo

  1. «Jesus apresentou-Se no meio deles»

O encontro com Cristo ressuscitado acontece, uma vez mais, no centro da comunidade reunida, e com a referência à comida, o que nos remete para a Eucaristia. É aí, entre o espanto e as dúvidas, os medos e as alegrias, que se faz o caminho de fé. «Cristo está vivo, ressuscitou! Esta é a nossa fé. A vitória de Cristo sobre a morte, a vitória de Cristo sobre o pecado. Cristo está vivo. “Sim, sim, agora recebo a Comunhão…”. Mas quando recebes a Comunhão, tens a certeza de que Cristo está vivo ali, que ressuscitou? “Sim, é um pouco de pão abençoado…”. Não, é Jesus! Cristo está vivo, ressuscitou e permanece entre nós e se não crermos nisto, nunca seremos bons cristãos, não o podemos ser» (Papa Francisco).

Acredito de verdade na ressurreição de Jesus?

Procuro encontrar-me com Cristo ressuscitado na Comunidade reunida?

Acredito que recebo a pessoa total de Cristo ressuscitado na Comunhão? 

  1. «Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; tocai-Me e vede»

Podemos tocar e ver o corpo de Cristo ressuscitado na Eucaristia, como o podemos tocar e ver no nosso corpo e no corpo de cada pessoa, sobretudo nos mais frágeis e marginalizados. «Cada ofensa ou ferida ou violência contra o corpo do nosso próximo é um ultraje a Deus Criador! Dirijo o meu pensamento, em particular, às crianças, às mulheres e aos idosos maltratados no corpo. Na carne destas pessoas encontramos o Corpo de Cristo. Cristo ferido, desprezado, caluniado, humilhado, flagelado, crucificado…» (Papa Francisco).

Procuro cuidar do dom maravilhoso que é o meu corpo e o corpo de cada pessoa?

Respeito a dignidade da vida humana na sua totalidade, em todos os momentos, desde a sua conceção até ao momento da morte natural?

  1. «Vós sois as testemunhas de todas estas coisas»

O encontro com Cristo ressuscitado ilumina toda a vida, e a vida toda. A experiência deste encontro abre o entendimento à Palavra e lança para a missão. De facto, «não se pode perseverar numa evangelização cheia de ardor, se não se está convencido, por experiência própria, que não é a mesma coisa ter conhecido Jesus ou não O conhecer, não é a mesma coisa caminhar com Ele ou caminhar tateando, não é a mesma coisa poder escutá-Lo ou ignorar a sua Palavra, não é a mesma coisa poder contemplá-Lo, adorá-Lo, descansar n’Ele ou não o poder fazer… Sabemos bem que a vida com Jesus se torna muito mais plena e, com Ele, é mais fácil encontrar o sentido para cada coisa. É por isso que evangelizamos» (EG 266).

Como vivo a missão de ser testemunha de Jesus Cristo no mundo?

Acolho a bênção de cada Eucaristia como um envio para ser testemunha do encontro com Jesus ressuscitado que acabei de viver em comunidade?

4. Oração final e gesto familiar

  • Individualmente ou em família pode fazer-se um gesto que simbolize a afirmação da dignidade do corpo humano; pode, por exemplo, dar-se um abraço a cada um dos presentes, dizendo: «Em ti está Jesus».
  • Para terminar, pode-se rezar a oração do Pai Nosso e a Ave-Maria. Se se estiver em família, pode-se eventualmente fazê-lo de mãos dadas.
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