Lectio divina para o Dia de Natal

Celebramos hoje o dia de Natal. A Palavra, o Verbo, o Filho de Deus nasce humanamente, depois de acolhido durante nove meses no seio da Virgem Maria.

O Verbo fez-se carne e habitou entre nós

Lectio Divina para o Dia de Natal. 2021

Breve introdução

Celebramos hoje o dia de Natal. A Palavra, o Verbo, o Filho de Deus nasce humanamente, depois de acolhido durante nove meses no seio da Virgem Maria. O dia de Natal leva-nos a olhar para este momento de singular ternura, que é o nascimento de um bebé, com alegria e encanto. Mas mais do que isso, somos convidados pela liturgia da Palavra de hoje a olhar para o nascimento deste menino como manifestação, como epifania do grande amor que Deus tem para com a humanidade. Um amor que se quis próximo. Um amor luminoso que “ilumina todo o homem”. Eis o Verbo feito homem junto de nós!

O mistério da encarnação continua na Eucaristia: Jesus torna-se nosso alimento na comunhão e vem habitar no nosso coração, para ser luz e força de amor na nossa vida.

1. Invocação

Senhor Jesus Cristo,
Tu que és O enviado do Pai,
que por meio da Encarnação manifestas
o Seu amor pela humanidade,
ilumina a nossa vida para que sejamos capazes
de abraçar esse amor
e as nossas vidas manifestem Deus amor aos outros.
Ámen.

2. Escuta da Palavra de Deus 

2.1. Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo São João (Jo 1, 1-18)

No princípio era o Verbo
e o Verbo estava com Deus
e o Verbo era Deus.
No princípio, Ele estava com Deus.
Tudo se fez por meio d’Ele e sem Ele nada foi feito.
N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens.
A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam.
Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João.
Veio como testemunha, para dar testemunho da luz,
a fim de que todos acreditassem por meio dele.
Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem.
Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu.
Veio para o que era seu e os seus não O receberam.
Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome,
deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.
Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne,
nem da vontade do homem, mas de Deus.
E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós.
Nós vimos a sua glória,
glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade.
João dá testemunho d’Ele, exclamando:
«É deste que eu dizia:
‘O que vem depois de mim passou à minha frente,
porque existia antes de mim’».
Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos graça sobre graça.
Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés,
a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.
A Deus, nunca ninguém O viu.
O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer.

Palavra da salvação.

2.2. Breve comentário

Ao longo do advento fomos conduzidos pelos profetas, por João Batista, por Maria e por José até chegarmos à presença do menino Deus, que fez tenda no meio de nós. Este menino Deus é o Verbo, que é o próprio Deus. É perante o Verbo que nos coloca o prólogo do Evangelho segundo São João, que escutamos neste dia de Natal. 

Somos levados a contemplar por meio do prólogo do quarto Evangelho a vinda de Deus às ruínas da história humana, aos seus que “não o aceitaram” (Jo 1, 11). 

A encarnação do Verbo coloca-nos diante do desafio de entender a lógica de Deus, na aparente contradição entre a pequenez e fragilidade humana e a grandeza da vida divina. Ao fazer-se homem, Deus que é o Verbo assume a força mansa de uma criança que literalmente não pode dizer uma só palavra. A Palavra sem palavras. O menino Deus não tem necessidade de dizer qualquer palavra que seja, pois Ele é a Palavra. 

Deus ao fazer-se homem assume não a forma da luz solar deslumbrante e encantadora, mas assume a luz como de uma “pequena candeia”, menino, que lentamente vai iluminando sem cegar, num continuo de adaptação da humanidade. Esta “pequena candeia” lentamente com a sua presença vence as trevas que a rodeiam pela beleza que irradia constantemente. Esta é a força extraordinária da “luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem” (Jo 1, 9)

Sobre as ruínas do tempo, que nos incutem a desesperança, as trevas, as noites frias, a Igreja celebra a sua verdadeira esperança para o tempo presente e para o futuro, no mistério da Encarnação. Apesar dos muitos problemas e as grandes dificuldades que hoje lançam algumas sombras sobre os sonhos que trazemos connosco, o Natal do Senhor afirma silenciosamente que o tempo presente e futuro é cheio da sua graça, “porque a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1, 17).

O desafio que o Senhor nos deixa no seu Natal é que cada um de nós, porque recebe “graça sobre graça” (Jo 1, 16), possa tornar-se também verdadeira luz e palavra encarnada na graça do acampamento do Verbo entre nós. 

O mistério da encarnação do Verbo revela-nos o grande amor de Deus Pai que se apequena e se contém na humanidade. “o Deus cujo rosto Jesus nos revela e o Natal nos leva a redescobrir: próximo, compassivo e terno, que abraça a todos com a sua paternidade e misericórdia, o Deus connosco que nunca abandona os seus filhos” (D. António Marto, Mensagem de Natal). Será sempre mistério da nossa fé Aquele que nos agiganta o coração no seu amor e que se faz pequeno para nós. Mistério maior de amor, em que o invisível se torna visível por amor.

3. Silêncio meditativo e diálogo

N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam. 

Em Cristo estava e está a vida, num continuo que se faz luz para iluminar e rasgar os caminhos da humanidade onde não há vida.

Reconheço que Cristo vem à minha vida e me dá da sua vida? Reconheço que com Ele tenho luz para os caminhos mais escuros da vida? Quando percorro caminhos de trevas reconheço que Cristo é luz que vem ao meu caminho e tem palavras que dão vida? 

O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem.

Deus vem ao mundo como luz verdadeira que ilumina todo o homem e o homem todo, a partir de dentro. Ele continua a vir em cada dia também no seu Corpo e Sangue em cada Eucaristia como luz a alimentar a nossa vida. 

Reconheço que, na Eucaristia, Cristo quer iluminar-me em toda a minha existência? Deixo que a sua luz passe por mim para os outros, ou sou obstáculo? A sua Palavra e o seu Corpo são luz que me permite ver a realidade com os olhos de Deus?

E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós.  

O Verbo que se fez carne é a Palavra que faz a Eucaristia e o Pão que se faz carne do seu Corpo e do qual nos alimentamos na Eucaristia.

Reconheço que Cristo é alimento para mim? E veio igualmente para toda a humanidade? Reconheço a Eucaristia como dom e presença viva de Jesus, que continua a habitar entre nós e em quem o comunga? 

Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.

Jesus Cristo contém em si toda a verdade e toda a graça de Deus, que nos comunica pelo Evangelho e os Sacramentos. A nossa vida torna-se então testemunho e irradiação da graça divina entre os homens.

Vivo verdadeiramente segundo a verdade e a graça que recebo de Cristo? Comunico a outros esses dons espirituais pelo meu testemunho de vida?

4. Desafio e oração final

– Neste tempo de Natal, faço-me luz da Luz que é Cristo através de boas obras e palavras e ilumino caminhos que conduzam outros ao encontro com Cristo. 

Termino com:

– Pai Nosso

E a oração:

“Senhor Jesus, Verbo de Deus,
vem nascer no nosso coração.
Faz-Te luz nas nossas vidas
e ilumina as trevas que nelas existem.
Nasce em graça e verdade em todos nós,
alimenta-nos de Ti,
até que sejas todo em nós.
Ámen.”

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