Lectio divina para o 7º Domingo do Tempo Comum, Ano A

Neste domingo, o Senhor convida-nos a subir à montanha, pedindo-nos uma mudança radical de mentalidade. Estaremos nós à altura do desafio?

 «Amar os inimigos»

Lectio Divina para o Domingo VII do Tempo Comum (Ano A), 19.02.2023
Escrito por Ana Ferreira e Nuno Prazeres

Introdução

Neste domingo, o Senhor convida-nos a subir à montanha, pedindo-nos uma mudança radical de mentalidade. Estaremos nós à altura do desafio?

Na tradição bíblica, a montanha é o lugar da presença e proximidade de Deus. Sinai, Tabor, Gólgota, numerosos são os montes que representam essa hierofania, esse lugar de encontro e de revelação divina.

Dando continuidade ao célebre Sermão da Montanha, Jesus sobe agora a fasquia e pede-nos que invertamos totalmente a lógica da violência e do ódio para dar lugar ao amor sem exclusões nem limites.     

1. Invocação

Senhor Deus,
que revelaste o teu amor por nós
na entrega do teu Filho na cruz,
abre os nossos corações ao teu Espírito.
Que Ele destrua em nós as amarras da violência e do ódio,
para que saibamos dar testemunho da Boa Nova de paz e justiça.
Ámen.

2. Escuta da palavra de Deus

2.1. Vamos escutar uma passagem do Evangelho segundo São Mateus

Esta passagem, que vem no seguimento das Bem Aventuranças, prossegue o ensinamento de Cristo sobre o caminho para a perfeição cristã. Um caminho que passa pelo amor sem reservas, em particular aos nossos inimigos.

2.2. Leitura do Evangelho segundo São Mateus (Mt 5, 38-48)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda. Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado. Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito».

(momento de silêncio para interiorizar a Palavra)

2.3. Breve comentário

Neste texto de Mateus, Jesus continua a apresentar as linhas programáticas da nova visão cristã, sobre a qual assenta a lógica do Reino de Deus. Mostra-nos que é preciso ir para além do que fora estabelecido pela lei e pelos profetas, abrindo um novo caminho para alcançar a verdadeira justiça e a paz que tanto desejamos.

Jesus não pede aos discípulos e aos seus ouvintes passividade no confronto com quem faz o mal. Ele pede que se reaja, não pagando na mesma moeda, mas retribuindo com um bem maior: o da misericórdia, expressão da justiça evangélica. 

Oferecer a outra face, entregar o manto a quem nos quer também tirar a túnica ou acompanhar alguém por uma distância maior do que se é obrigado, não é o tipo de atitude que facilmente os discípulos e os ouvintes de Jesus estariam dispostos a ter. Conhecendo-os bem, Jesus sabe que eles anseiam por uma nova forma de entendimento, que só Ele pode oferecer. Por isso, pede-lhes que abandonem a atitude vingativa do “olho por olho, dente por dente”, do ódio no confronto com o inimigo, que eles bem conhecem. Em alternativa, propõe-lhes que desarmem aqueles que os ofendem com um gesto, uma palavra de amor e de perdão, abrindo assim caminho para a conversão e reconciliação. 

Jesus reforça assim o mandamento do amor ao próximo, sendo que o próximo é de um modo especial o nosso inimigo: «Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem» (v. 44). Este é um convite para aqueles que desejem ter uma perspetiva idêntica à do próprio Deus, que ama todos, particularmente os que se encontram mais afastados d’Ele.

3. Silêncio meditativo e diálogo

  • «Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda.»

A justiça no tempo de Jesus é aplicada segundo a conhecida “Lei de Talião”. É uma lei que procura reduzir a violência, aplicando uma consequência proporcional ao dano infligido: “olho por olho e dente por dente”.

Para Jesus, o Reino de Deus tem uma nova lei, que não deve só reduzir, mas superar a violência.

Violência gera violência. Parar o ciclo de violência só é possível quando somos capazes de entrar na lógica de Jesus: e se conseguíssemos evitar totalmente a violência? Para isso, Jesus propõe-nos desarmar o agressor, não respondendo da mesma maneira, não descendo ao seu nível, mas através da não violência, adotando meios pacíficos. 

Como procuro resolver os meus desentendimentos? Sou uma pessoa vingativa ou violenta? Ou procuro dialogar e responder com assertividade a quem me ofende? Vivo a Eucaristia, oferecendo a PAZ DE CRISTO a quem se encontra à minha volta? 

  • «Dá a quem te pedir…»

A mensagem de Jesus é essencialmente anúncio de felicidade. Não uma felicidade resignada, mas de luta contra a pobreza, a doença, a injustiça. 

Não basta evitar o mal. O mal deve ser combatido com o bem: um médico que luta contra a doença, um operário que fabrica produtos que tornam a vida mais humana aos outros, um educador que ajuda os jovens a crescer, todos têm o direito de acreditar que realizam, modesta mas eficazmente, o Reino de Deus.

Como encaro os problemas e as dificuldades? Cruzo os braços e deixo-me consumir com atitudes de desânimo ou desespero? Ou acredito que posso fazer a diferença com o pouco que sou e que dou de mim aos outros? Vivo a Eucaristia como DOM, entrega da minha vida ao próximo?

  • «Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem…»

Mais uma vez, Jesus desafia-nos com a sua radicalidade e exigência, apelando à superação dos limites e à universalidade do amor: faz aos outros o que Deus te faz a ti, amando-te incondicionalmente. 

Amar não é uma ingenuidade, mas uma ousadia. Como amar aquele que nos agride? Não permitindo que o ódio ou a indiferença provoquem nele o mesmo mal que condeno. 

Como reajo a uma ofensa? Sou uma pessoa rancorosa? Guardo ressentimentos? Ou disponho-me a ultrapassar os desentendimentos, evitando o manter ou o escalar do mal? Vivo a Eucaristia, perdoando a quem me tem ofendido e aceitando que Deus PERDOA AS MINHAS OFENSAS

  • «Sede perfeitos…»

Em que consiste a perfeição a que Jesus nos chama? A perfeição não é um produto acabado, mas um processo, um projeto em construção. Somos perfeitos quando nos aproximamos de Deus, através da nossa conduta de vida, procurando o bem, evitando o mal.

Que escolhas faço no meu dia-a-dia? Procuro o que é mais fácil e cómodo para mim? Ou procuro dar o meu melhor, pensando primeiro nos outros? Vivo a Eucaristia, procurando ser EXTRAORDINÁRIO NAS COISAS ORDINÁRIAS?

4. Propósito e Oração final

Durante esta semana, à luz deste texto evangélico, peço a Deus que me ajude a ter algum gesto ou palavra de proximidade, de amor, de perdão para com alguém que esteja só ou a passar dificuldades ou que te tenha magoado. Rezo a Deus por essa pessoa. 

Oração

Senhor Jesus,
ao subir hoje contigo à montanha,
convidas-me a ver mais longe,
para lá dos meus muros, dos meus limites.
Que eu saiba lutar contra as injustiças,
vivendo na minha vida a alegria do encontro e da partilha;
que eu possa verdadeiramente amar a todos
perdoando e rezando pelos que me ofendem.
Dá-me um coração forte, Senhor.
Jesus, ensina-me a amar como Tu me amas!
Ámen.

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