Lectio divina para o 34º Domingo do Tempo Comum

É desta forma que a antífona de entrada da Solenidade de nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo dá o mote à celebração.

 «ESCUTA A MINHA VOZ»

Breve introdução

«O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder e a riqueza, a sabedoria, a honra e o louvor. Glória ao Senhor pelos séculos dos séculos». É desta forma que a antífona de entrada da Solenidade de nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo dá o mote à celebração. Jesus é o Cordeiro imolado, mas é também Aquele que recebeu a dignidade de um Rei. Por isso, a Ele, poder, riqueza, sabedoria, honra e louvor. Tudo quanto se pode desejar ao Rei, deseja-se ao Cordeiro de Deus. Ele é Rei do universo, ou seja, Rei de tudo o que está para além deste mundo. É justamente esta a afirmação da primeira leitura do livro de Daniel: «Foi-lhe entregue o poder, a honra e a realeza, e todos os povos, nações e línguas O serviram. O seu poder é eterno, não passará jamais, e o seu reino não será destruído». Com o Salmo responsorial todos iremos aclamar na Celebração desta Solenidade: «O Senhor é rei num trono de luz». 

No Evangelho, Pilatos pergunta a Jesus: «Tu és o Rei dos Judeus?». Não, Jesus não é o Rei dos Judeus. É Rei do universo. É rei de todos. O seu Reino não é daqui. Está aqui, porque Ele, o Rei do Universo, está no meio de nós. Mas o seu Reino não é daqui… nem os seus súbditos. Ele fez de nós, irmãos, príncipes e princesas do seu Reino… para lá caminhamos com Ele. A Eucaristia é o alimento dessa caminhada que fazemos em comunidade.

  1. Invocação

Senhor Jesus, Tu és Rei, o Rei do universo.
És rei de um Reino que não é daqui.
Está aqui, mas não é daqui.
Um reino que começa aqui, em Ti e por nós.
Nós precisávamos de um Rei.
Precisávamos de quem nos soubesse governar
com poder e riqueza, sabedoria e honra.
Tu és o nosso Rei. Nós somos os seus irmãos.
Somos mais que súbditos. Somos teus amigos, teus discípulos.
Ajuda-nos, Senhor, a vivermos aqui
e a sermos aqui testemunhas do teu Reino que não é daqui.
Ensina-nos a escutar a tua voz, ó Rei do Universo.
Ámen.

2. Escuta da Palavra de Deus

2.1. Vamos escutar uma passagem do Evangelho de São João (Jo 18,33b-37)

Por detrás da pergunta de Pilatos, «Tu és Rei dos Judeus», está a razão dos judeus terem entregue Jesus ao poder do governador: Jesus declarou ser o «Filho do Homem». Esta declaração de Jesus foi para os judeus uma autoproclamação de ser o Messias. Na conceção romana, o Messias seria uma espécie de Rei. E de facto, era esta a espectativa dos judeus, que o Messias fosse um chefe político poderoso, capaz de os libertar. Mas eles não acreditavam que fosse Jesus esse messias. Mas Jesus refere a Pilatos que o seu Reino não é deste mundo; ou seja, ele não é um chefe político libertador para este mundo. Ele está no mundo, mas não pertence ao mundo. Pilatos, pergunta de novo, mas agora a pergunta é retórica e requer uma reposta positiva: «Então tu és Rei? Mas Jesus responde com a verdade… só quem é da verdade é que ouve a sua voz e percebe de que Reino e de que Rei se tratam. A voz de Jesus Rei é a mesma do Pastor em relação às ovelhas. Estas escutam/obedecem a Sua voz. 

2.2. Leitura do Evangelho de São João (Jo 18,33b-37)

«Naquele tempo, disse Pilatos a Jesus: «Tu és o Rei dos Judeus?». Jesus respondeu-lhe: «É por ti que o dizes, ou foram outros que to disseram de Mim?». Disse-Lhe Pilatos: «Porventura eu sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?». Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui». Disse-Lhe Pilatos: «Então, Tu és Rei?». Jesus respondeu-lhe: «É como dizes: sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».

 (momento para ler de novo em silêncio e interiorizar a Palavra de Deus)

2.3. Breve comentário 

O Evangelho faz-nos contemplar Jesus a partir da sua afirmação de ser rei de um reino que «não é deste mundo» (Jo 18,36). No entanto, Ele é rei neste mundo. Trata-se de um contraste entre duas lógicas, como afirma o Papa Francisco: «A lógica mundana assenta na ambição, competição, lutas com as armas do medo, chantagem e manipulação da consciência. A lógica do Evangelho, ou seja, a lógica de Jesus, por outro lado, expressa-se em humildade e gratuidade, afirma-se silenciosa mas eficazmente com a força da verdade. Os reinos ‘deste mundo’ são por vezes baseados na arrogância, rivalidade e opressão; o reino de Cristo é um ‘reino de justiça, amor e paz’».

Assim, quem olha para a Cruz de Cristo não pode deixar de ver a surpreendente gratuidade do amor. A cruz não é imagem de um fracasso. É precisamente no fracasso do pecado, no fracasso das ambições humanas, que há o triunfo da Cruz, há a gratuidade do amor. Na Cruz vemos o Rei, vemos o amor, esse amor que é gratuito, que Jesus Rei do universo nos dá. Falar de poder e força, significa referir-se ao poder da Cruz e à força do amor de Jesus. No Calvário escarneciam de Jesus pregado na cruz, e lançavam-lhe o desafio: «Salva-te a Ti mesmo!» . Mas, a verdade de Jesus é precisamente aquela que os seus adversários diziam em tom escarnecedor: «Ele não pode salvar-se a Si mesmo!». Jesus, se tivesse descido da cruz, teria sucumbido à tentação do príncipe deste mundo; em vez disso, não pode salvar-se a Si próprio precisamente para salvar os outros, precisamente porque deu a sua vida por nós, por cada um de nós. «Eis o vosso Rei!», dirá Pilatos aos judeus. Não pode haver maior verdade: a realeza de Jesus não nos oprime, mas liberta-nos das nossas fraquezas e misérias. A sua realeza encoraja-nos a percorrer os caminhos do bem, da reconciliação e do perdão. Do alto da cruz ouve-se a sua voz: a voz da Verdade. Segue-a quem conhece o seu dono: o Rei do universo, que Ressuscitou, que nos salvou, que nos colocou a caminho para o Seu Reino Eterno. 

3. Silêncio meditativo e diálogo

«… disse Pilatos a Jesus: «Tu és o Rei dos Judeus?».

Pilatos tinha dúvidas. A pergunta parece sem sentido. Os judeus não tinham outro Rei senão César. Estariam a entregar o seu próprio Rei? A pergunta ressalta a dúvida de Pilatos. Senhor, que eu me aproxime de Ti. Que eu, nas minhas dúvidas, Te pergunte sempre. Que eu queira saber o que não sei, ou quando tenho dúvidas. Que eu me aproxime da verdade. Que eu saiba o quê, quando e a quem perguntar.  Que eu nunca dê por certo tudo. Que eu procure saber e que eu me aproxime sempre da verdade. 

– Quais são as minhas dúvidas? Tenho dúvidas em relação às questões da fé? Já as fiz a alguém? Já falei com Jesus sobre elas? Já pedi ao Senhor respostas concretas sobre tais dúvidas que trago em mim? 

«É por ti que o dizes, ou foram outros que to disseram de Mim?»

O que Pilatos sabia de Jesus era algo que lhe disseram sobre Jesus ou Pilatos tinha ele próprio procurado saber sobre Jesus e então expunha a sua dúvida? A fé exige compreensão. A fé exige que as suas razões sejam amadurecidas. Senhor, que eu busque sempre a clarividência da fé. 

– Tenho procurado conhecer mais Jesus? Tenho sido de tal forma íntimo d’Ele a ponto de saber mais sobre Ele? Conheço Jesus? 

«Que fizeste?»

A pergunta de Pilatos refere-se à hipótese de Jesus ter feito algo mal aos olhos dos judeus e por isso eles estavam a entregá-l’O. Mas Jesus só fez o bem! Obrigado, Senhor, pelos teus gestos concretos de amor. 

– Conheço as ações de Jesus? Sei o que Ele fez? Se me perguntassem «o que Jesus fez», o que eu responderia? Sei como Ele agiria nas situações mais diversas da minha vida?

 «Disse-Lhe Pilatos: «Então, Tu és Rei?». Jesus respondeu-lhe: «É como dizes: sou Rei». 

Pilatos afirma, Jesus confirma: Eu sou Rei! Obrigado, Senhor, porque Tu és Rei. Como Pilatos, eu afirmo: Tu és Rei. 

– Com a minha vida, e as vezes até com palavras, proclamo que Jesus é Rei?

«Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz». 

Aquele que é da verdade escuta a voz da Verdade e não pode mentir, porque a verdade faz parte de si. Obrigado, Senhor, porque Tu és a verdade. A Tua voz é a verdade. Que eu me aproxime de Ti sempre. Que Tu sejas sempre Verdade na minha vida. Que eu viva sempre da verdade e na verdade.

Tenho sido sempre verdadeiro? Como sou de Jesus, como pertenço a Ele, sou eu também «da verdade»? Sou da verdade e escuto sempre a voz de Jesus? Ou às vezes sigo as minhas verdades?

«Vosso é o reino e o poder e a glória para sempre».

É assim que aclamamos em cada Eucaristia, antes da comunhão, em que recebemos Jesus, para que ele exerça o seu poder de amor divino em nós.

Na vida quotidiana, deixo que seja Jesus a exercer em mim o seu poder, a inspirar-me e guiar-me para viver como cristão e testemunhar a fé com boas obras? 

4. Propósito e oração final 

Proponho-me a:

– Escutar (ler) mais a Palavra de Deus, para ouvir mais a voz da Verdade. Comprometo-me a ler e meditar a Palavra de Deus para conhecer mais Jesus. Só assim poderei dar Testemunho da Verdade, colocando-O a Ele e à sua voz, a sua Palavra, que é Verdade, na minha vida.

Obrigado, Jesus, Rei do Universo, meu Rei e Senhor.
Obrigado pela Tua voz que me chama, a Tua voz que acende uma chama dentro de mim;
a chama da Verdade que arde, mas não consome,
não destrói, pelo contrário, cria, recria, anima, entusiasma, faz reviver.
Obrigado, Jesus, ó meu Rei, Rei do Universo.

– Pai Nosso …

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