Lectio divina para o 33º Domingo do Tempo Comum

Neste dia, celebramos o V Dia Mundial dos Pobres. Eles são, diz o Papa Francisco, “sacramento de Cristo, representam a sua pessoa e apontam para ele”. Com eles somos chamados a partilhar bens e esperança.

A nossa esperança futura e presente

Breve introdução

Acontecimentos naturais e situações difíceis da vida pessoal e coletiva fazem-nos sentir a provisoriedade na terra e os limites, levando, por vezes, a viver na angústia.

Falando do fim do mundo, Jesus não quer atemorizar, mas anunciar a sua vinda futura e exortar os discípulos a manterem-se vigilantes na fé e na esperança. Nele se fundamenta a nossa esperança futura e, pela comunhão com ele na Eucaristia, alimenta-se a esperança no presente.

Neste dia, celebramos o V Dia Mundial dos Pobres. Eles são, diz o Papa Francisco, “sacramento de Cristo, representam a sua pessoa e apontam para ele”. Com eles somos chamados a partilhar bens e esperança.

1. Invocação

Jesus, Senhor da história,
ilumina com a tua palavra a nossa esperança na caminhada para pátria celeste,
não nos deixes dominar pelo medo nem pela angústia,
concede-nos viver confiantes no tempo presente,
a prestar atenção e ajuda aos pobres
e a partilhar com os outros a fé que nos anima.
Ámen.

2. Escuta da Palavra de Deus

2.1. Vamos escutar uma passagem do Evangelho segundo São Marcos

“No trecho do Evangelho deste Domingo (cf. Mc 13, 24-32), o Senhor quer instruir os seus discípulos sobre os acontecimentos futuros. Não é um discurso sobre o fim do mundo mas, ao contrário, o convite a viver bem o presente, a estarmos vigilantes e sempre prontos para quando formos chamados a prestar contas da nossa vida.” (Papa Francisco, Ângelus, 18.11.2018) 

2. 2. Leitura do Evangelho segundo São Marcos (Mc 13, 24-32)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
«Naqueles dias, depois de uma grande aflição,
o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade;
as estrelas cairão do céu
e as forças que há nos céus serão abaladas.
Então, hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens,
com grande poder e glória.
Ele mandará os Anjos,
para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais,
da extremidade da terra à extremidade do céu.
Aprendei a parábola da figueira:
quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas,
sabeis que o Verão está próximo.
Assim também, quando virdes acontecer estas coisas,
sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta.
Em verdade vos digo:
Não passará esta geração sem que tudo isto aconteça.
Passará o céu e a terra,
mas as minhas palavras não passarão.
Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece:
nem os Anjos do Céu, nem o Filho; só o Pai».

Palavra da salvação

 (momento de silêncio para interiorizar a Palavra)

2.3. Breve comentário

“A história da humanidade, assim como a de cada um de nós, não pode ser entendida como uma simples sucessão de palavras e de acontecimentos sem sentido. Também não pode ser interpretada à luz de uma visão fatalista, como se tudo já estivesse preestabelecido, segundo um destino que subtrai todo o espaço de liberdade, impedindo que se façam escolhas que sejam fruto de uma verdadeira decisão. Pelo contrário, no Evangelho de hoje, Jesus diz que a história dos povos e dos indivíduos tem um fim e uma meta a alcançar: o encontro definitivo com o Senhor. Não conhecemos o tempo nem as modalidades como isto acontecerá; o Senhor reiterou que «ninguém o sabe, nem os anjos do céu, nem sequer o Filho»; tudo está conservado no segredo do mistério do Pai. Todavia, conhecemos um princípio fundamental, com o qual nos devemos confrontar: «O céu e a terra passarão — diz Jesus — mas as minhas palavras não passarão». Eis o verdadeiro ponto crucial. Naquele dia, cada um de nós deverá compreender se a Palavra do Filho de Deus iluminou a própria existência pessoal, ou se lhe virou as costas, preferindo confiar nas próprias palavras. Será mais do que nunca o momento de nos abandonarmos definitivamente ao amor do Pai e nos confiarmos à sua misericórdia.

Ninguém pode evitar este momento, nenhum de nós! Já não servirá a astúcia, que muitas vezes inserimos nos nossos comportamentos, para acreditar a imagem que queremos oferecer; do mesmo modo, já não poderá ser usado o poder do dinheiro e dos meios económicos, com os quais pretendemos, com presunção, comprar tudo e todos. Só disporemos daquilo que realizamos nesta vida, acreditando na sua Palavra: o tudo e o nada daquilo que vivemos ou que deixamos de fazer. Só levaremos connosco o que doarmos” (Papa Francisco, Ângelus, 18.11.2018). 

3. Silêncio meditativo e diálogo

«Naqueles dias, depois de uma grande aflição, o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade; as estrelas cairão do céu»
Contrariamente à criação, em que os astros “brilham na sua ordem e transmitem luz, sinal de vida, aqui são descritos na sua decadência, enquanto precipitam na escuridão e no caos, sinal do fim”. Mas “a luz que há de resplandecer naquele último dia será única e nova: será a do Senhor Jesus, que virá na glória com todos os santos. Naquele encontro veremos finalmente o seu Rosto na plena luz da Trindade; um Rosto resplandecente de amor, diante do qual também cada ser humano aparecerá na verdade total.” (Papa Francisco) 

  • Vivo no medo e na angústia perante as aflições do tempo presente ou na esperança do encontro final com Cristo, senhor da história e da minha vida? 
  • Partilho com os outros as razões da minha esperança?

«Então, hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória.»
Como se apaga a vida de cada homem na terra, assim o cenário deste mundo passa. Mas este fim leva-nos ao encontro definitivo com Cristo e à vida eterna.

  • Creio que o destino deste mundo e da história está em Cristo, que há-de vir um dia? 
  • Participo na Eucaristia dominical para encontrar o Senhor que já se torna presente no meio de nós e nos alimenta como “Pão da Vida”?

«Aprendei a parábola da figueira: quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo.»
Jesus convida os discípulos a saberem discernir os sinais da sua vinda e presença. Ele já está connosco no seu evangelho, na Igreja e nos pobres. 

  • Sei discernir os sinais de Deus no tempo presente, reconhecendo a sua presença e ação? 
  • A Palavra que escutamos e meditamos na Missa dominical ajuda-me a ver mais claro os caminhos de Deus na vida quotidiana? 
  • Reconheço a presença de Jesus nos pobres e vou ao seu encontro com misericórdia, como “porto que os acolhe” e os liberta das desventuras?

«Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece: nem os Anjos do Céu, nem o Filho; só o Pai».

Há quem caia na tentação de pensar que o fim do mundo está próximo, falando dele de modo catastrófico e aterrador como castigo divino. Jesus fala doutro modo: convida à vigilância, ao discernimento, à esperança, à oração e à perseverança na fé.

  • Dou facilmente ouvidos a quem fala em visões sobre o fim do mundo e fico com medo?
  • Na Missa, imploramos “vinde, Senhor Jesus.” Esta prece dá-me esperança de que o Senhor vem ao nosso encontro nos caminhos da vida?

4. Propósito e Oração final

– Ao longo desta semana, vou estar atento aos meus medos e apreensões em relação ao futuro, procurando superá-los com a esperança que me vem da união com Cristo, que se fortalece na Eucaristia dominical.

– Pai Nosso

Repositório LECTIO DIVINA
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