Lectio divina para o 1º Domingo da Quaresma, Ano C

(Tema 1 do retiro popular: 1º domingo da quaresma)

(Tema 1 do retiro popular: 1º domingo da quaresma)

A PALAVRA QUE ALIMENTA, DESAFIA E ENVIA

Acolhimento e saudação entre os participantes

1. Invocação do Espírito Santo / Oração inicial

– Invoco a presença de Deus –

1.1. Cântico
(à escolha, ver anexo)

1.2. Prece

Senhor Jesus,
Tu és O enviado do Pai
e trazes à humanidade a sua mensagem de vida eterna,
de vida abundante.
Tu queres saciar-nos na generosidade do teu amor.
Faz com que, no meio da multidão,
reconheçamos os sinais da tua presença;
que cada vez mais nos deixemos interpelar pelas tuas palavras;
que tenhamos a coragem e a audácia de, à tua palavra,
lançarmos as redes
e deixarmos tudo para Te seguir;
que a tua palavra escrita nos nossos corações
nos desafie e envie a anunciar-Te. Ámen.

2. Leitura da Palavra

– Escuto e compreendo a Palavra que me é oferecida –

2.1. Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (5, 1-11)

Aconteceu que, enquanto a multidão se comprimia à sua volta
para ouvir a palavra de Deus,
Jesus estava de pé junto ao Lago de Genesaré
e viu dois barcos que se encontravam junto ao lago.
Tendo descido deles, os pescadores lavavam as redes.
Ao entrar, então, num dos barcos, que era de Simão,
pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra;
e, sentando-se, ensinava do barco as multidões.
Quando acabou de falar, disse a Simão:
«Afasta-te para águas profundas
e lançai as vossas redes para a pesca».
Respondendo, Simão disse: «Mestre, toda a noite nos afadigámos
e não apanhámos nada, mas perante a tua palavra lançarei as redes».
Feito isto, apanharam uma enorme quantidade de peixes
e as suas redes estavam a romper-se.
Fizeram, então, sinal aos companheiros que estavam no outro barco
para que viessem ajudá-los.
Eles vieram e encheram ambos os barcos,
de tal modo que se estavam a afundar.
Ao ver isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo:
«Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador».
De facto, o espanto tomou conta dele
e de todos os que estavam com ele,
por causa da captura dos peixes que tinham feito.
O mesmo aconteceu a Tiago e João, filhos de Zebedeu,
que eram companheiros de Simão.
Disse, então, Jesus a Simão:
«Não tenhas medo! A partir de agora serás pescador de homens».
E, depois de conduzirem os barcos para terra,
deixando tudo seguiram-no.
Palavra da salvação.

2.2. Leitura pessoal

– Voltar a ler, em silêncio: o que diz o texto? –

2.3. Notas para a compreensão do texto

O relato coloca-nos no início da vida pública, em que Jesus faz um convite claro ao seu seguimento. Esta perícope do Evangelho é um típico relato de vocação, é aqui que o evangelista Lucas coloca o chamamento dos primeiros discípulos: a palavra proferida pelo Senhor, acompanhada por gestos, é palavra que alimenta a vida, desafia e envia.

O texto mostra-nos o chamamento e seguimento de Cristo por parte dos apóstolos, mas também nos indica o caminho que cada cristão é convidado a percorrer e que identifica o cristão como tal. Este caminho é, assim, estar no mesmo barco que Jesus, é escutar a sua palavra e as suas propostas, é reconhecer n’Ele o Senhor que nos desafia, aceitar a missão que propõe, deixar tudo e segui-l’O.

É importante relembrar que, no Novo Testamento, sempre que há referência à pesca em grande quantidade, à fartura de alimento, temos aí um prenúncio e uma referência à Eucaristia, onde o Senhor Jesus se dá como alimento abundante, que sacia as nossas fomes, não só físicas, mas também espirituais.

A pesca abundante aqui relatada está toda ela marcada pela presença da Palavra, havendo uma ligação íntima e necessária entre ambas. O que acontece neste episódio vem reforçar a verdade de que não há Palavra sem Eucaristia, nem Eucaristia sem Palavra.

3. Meditação pessoal

– Medito interiormente a Palavra acolhida: o que me diz o Senhor? –

«e viu dois barcos que se encontravam junto ao lago. Tendo descido deles, os pescadores lavavam as redes. Ao entrar, então, num dos barcos, que era de Simão, pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra; e, sentando-se, ensinava do barco as multidões».

Jesus “viu dois barcos”. O “ver” de Jesus é sempre mais dentro e mais fundo, vai além do ver físico. Ele vê nos dois barcos lugares de possibilidade para que o anúncio do Reino aconteça, tal como vê naqueles simples “pescadores que lavavam as redes” homens com capacidade de levarem o Evangelho do Reino. E é a partir do barco e na companhia daqueles homens que Jesus ensina as multidões. É a partir da Igreja, em comunidade (o barco, os pescadores e a multidão) que a evangelização acontece, que a Palavra é proclamada ao mundo. Enquanto Igreja somos portadores desta Palavra.

Se em Jesus há vontade de ensinar a multidão, também da parte da multidão há um explícito querer escutar a sua Boa-nova.

Ser cristão é querer estar com Jesus, tal como a multidão e os discípulos, e aceitar o convite a estar com Jesus e escutá-l’O.

Na minha vida tenho lugares onde Jesus me fala? Como e onde O escuto? Tenho disponibilidade para estar com Ele e ouvir o que me quer dizer? Reconheço-me também convidado para subir ao barco e estar com Ele? Aceito o convite?

«Quando acabou de falar, disse a Simão: «Afasta-te para águas profundas e lançai as vossas redes para a pesca». Respondendo, Simão disse: «Mestre, toda a noite nos afadigámos e não apanhámos nada, mas perante a tua palavra lançarei as redes».

É depois de proclamar a Palavra que Jesus faz o convite a Simão: “Afasta-te para águas profundas”. É um convite a não viver na superficialidade da vida, a aprofundar a fé, a iluminar a vida com a Palavra de Cristo e a colocá-la em prática. Simão aceita lançar as redes perante a Palavra de Jesus. O que aconteceu a seguir mudou o viver de Simão.

Ser cristão é escutar a proposta de Jesus e fazer o que Ele propõe, é lançar as redes da nossa vida no mar profundo e cheio de vida que é Cristo e retirar o melhor daí, para nós e para o mundo, numa configuração em crescendo com Cristo. É um convite à confiança, mesmo que as suas propostas muitas vezes não encaixem na nossa lógica de pensar e de fazer na vida, sabendo que Ele quer para nós o melhor no presente. Ele “não fala no passado, mas no presente, comunicando-nos a Palavra da Salvação, palavra de vida eterna” (D. António Marto, A Eucaristia, encontro e comunhão com Cristo e com os irmãos, 6)

Cuido de aprofundar a minha pertença a Cristo? Quando escuto a Palavra de Deus na Eucaristia, sabendo que é Deus quem me fala, reconheço que ela me convida a agir? O que me pede Jesus, quando escuto a sua Palavra? Confio n’Ele e, ao seu convite, lanço as redes?

«Ao ver isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: «Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador». De facto, o espanto tomou conta dele e de todos os que estavam com ele, por causa da captura dos peixes que tinham feito».

Pedro coloca-se diante de Jesus, reconhece-O como seu Senhor e confessa-se pecador. Quando nos colocamos diante de Jesus como o Senhor das nossas vidas, na verdade do que somos, com limitações, fragilidades e pecados, é aí que melhor reconhecemos que, apesar de tudo isso, o Senhor gera vida em abundância em nós e nos engrandece. A graça superabunda onde há pecado e fragilidades.

Ser Cristão é este prostrar-se diante de Jesus Cristo, reconhecendo-O como Senhor, é acreditar que a graça de Deus torna fecunda a nossa vida frágil. A Sua Palavra que escutamos e o dom d’Ele próprio como alimento na Eucaristia fazem com que a nossa vida se configure com a Sua entrega de amor. Uma vida assim configurada só pode ser fecunda: a pescaria será grande.

Reconheço-me pecador e, ao mesmo tempo, disponível para receber a graça do Senhor? Converso com Jesus tudo o que faço ou penso fazer para saber a sua vontade? Reconheço-O como o meu Senhor ou tenho outros “senhores” que comandam a minha vida?

«Disse, então, Jesus a Simão: «Não tenhas medo! A partir de agora serás pescador de homens». E, depois de conduzirem os barcos para terra, deixando tudo seguiram-no».

“Não tenhas medo” é um refrão constante na boca dos que anunciam o Reino de Deus e o Seu amor. Há uma confiança que é pedida. Há que se abrir à novidade e ao desconhecido em que Jesus nos coloca, sabendo que é caminho seguro. Quando nos deixamos ir na confiança de que Cristo está connosco, então ganhamos nova identidade. Simão será pescador de homens, uma identidade que lhe vem da sua nova missão. E o seguimento acontece como discípulos que aprendem do Mestre, porque o encontro entre ambos foi pleno.

A Eucaristia é este encontro com Cristo, que nos leva a segui-Lo sempre, também quando somos enviados: “Ide em paz e o Senhor vos acompanhe”. “A despedida no final de cada Missa constitui um mandato que impele o cristão para o dever de propagação do Evangelho e de animação cristã da sociedade” (FCS 24).

Ser cristão é aceitar a missão que Jesus nos propõe, reconhecendo que a nossa vida é dom. E como dom tem de ser posta a render. Com generosidade, dispomos a nossa vida para o serviço do Reino e somos sinal visível dos que seguem Cristo.

Confio em Cristo e deixo que seja ele a indicar os meus caminhos? Deixo para trás tudo o que me aprisiona a uma vida de pecado e vivo no seu seguimento? Vivo com Cristo uma vida de Filho de Deus? Reconheço que, como cristão, habitado por Cristo, sou presença e testemunho d’Ele para os meus irmãos?

4. Partilha da Palavra

– Partilho com os outros o dom recebido: que posso oferecer-lhes? –

Comunico uma palavra ou frase que me interpelou. Posso também partilhar algo do que rezei na minha intimidade. Esta minha participação deve ser voluntária e breve.

5. Oração

– A partir do que escutei e vivi neste tempo, falo com o Senhor –

Faço uma oração espontânea a partir do texto lido ou da meditação feita.

Posso também rezar com os outros a oração proposta para este triénio pastoral ou a seguinte, adaptada de S. João Paulo II:

Jesus, Filho de Deus,
em quem habita toda a plenitude da divindade,
Tu chamas todos os batizados a “fazerem-se ao largo”,
percorrendo o caminho da santidade,
numa configuração cada vez maior e mais profunda conTigo,
Tu, que nos alimentas com o teu Amor dado no Corpo na Eucaristia,
desperta no nosso coração o desejo de sermos no mundo de hoje
testemunhas da força do Teu amor.
Enche-nos do teu Espírito de fortaleza e de sabedoria
para que sejamos capazes de descobrir a verdade plena sobre Ti
e nos configurarmos conTigo.
Virgem Santa, Mãe,
Tu, que nos guias no caminho para Deus e para o próximo,
Tu, que guardaste as suas palavras no íntimo do teu coração,
protege com a Tua intercessão materna
as nossas famílias e as nossas comunidades,
para que todos saibam responder com generosidade ao convite do Senhor.
Ámen.

6. Compromisso

– A que me convida, hoje, o Senhor? –

Faço um momento de silêncio e formulo um compromisso pessoal.

Posso também propor um gesto ou iniciativa comunitária.

Cântico final (à escolha, ver anexo)

7. Em casa

– Levo para a vida a mensagem que recebi –

No seguimento do encontro de grupo, procurarei dedicar algum tempo (15-20 minutos), num ou mais dias da semana, para retomar a meditação e contemplação da Palavra de Deus e nela encontrar a luz e a força de Deus para a minha vida no dia-a-dia.

Repositório LECTIO DIVINA
https://bit.ly/2W4uDI6

Formação sobre administração de bens da Igreja
8 de Fevereiro
, às 10:00
33ª Dia Mundial do Doente
11 de Fevereiro
Formação sobre administração de bens da Igreja
22 de Fevereiro
, às 14:30
ENDIAD – Encontro Diocesano de Adolescentes
8 de Março
, às 09:30
Espaço de oração e meditação
8 de Março
, às 09:30
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