Texto: P. Rui Ruivo
Vozes: Nelson Matias e Isabel Ferreira
Escolhidos para a santidade
Lectio Divina para o Domingo XV do Tempo Comum (Ano B)
Introdução
Neste Domingo XV do tempo comum, somos convidados a meditar a missão e a forma de realizar a que Cristo confia aos Apóstolos. E com isso, tomamos consciência da que Cristo nos dá a nós, a cada um em particular, mas para a construção do seu Reino.
Escutemos a Palavra de Deus, buscando nela ressonância da missão a que cada um é chamado.
Palavra de Deus (Mc 6, 7-13)
Vamos escutar uma passagem do Evangelho segundo São Marcos
Naquele tempo, Jesus chamou os doze Apóstolos
e começou a enviá-los dois a dois.
Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros
e ordenou-lhes que nada levassem para o caminho,
a não ser o bastão:
nem pão, nem alforge, nem dinheiro;
que fossem calçados com sandálias,
e não levassem duas túnicas.
Disse-lhes também:
«Quando entrardes em alguma casa,
ficai nela até partirdes dali.
E se não fordes recebidos em alguma localidade,
se os habitantes não vos ouvirem,
ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés
como testemunho contra eles.
Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento,
Expulsaram muitos demónios,
Ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos.
Meditação
É Cristo quem primeiro chama. Estamos perante a iniciativa de Deus que nos escolhe em Cristo para sermos santos.
O envio dos Apóstolos dois a dois leva-os a partir em humildade; “nem pão, nem alforge, nem dinheiro”. É na humildade que acontece uma maior configuração com Cristo, na confiança nele.
A fé em Cristo tem de levar necessariamente a um maior despojamento para uma maior configuração com Cristo e por isso; só o bastão, as sandálias e uma túnica. Sem divisões como a Túnica única e inteira de Cristo.
O modo como o anúncio é feito por meio dos Apóstolos manifesta a proximidade e intimidade com que Cristo quer chegar a cada um. Na intimidade da casa que os recebe e na sua permanência aí é o próprio Cristo que entra e permanece. A santidade entra, faz-se companheira e permanece.
Onde a santidade não for recebida de portas abertas, “sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles”. Sacudir o pó dos pés é um gesto que manifesta não tanto o desprezo a ter perante a recusa, mas um grito que clama o encontro com Cristo, que apela à conversão. A poeira é símbolo de desencontro. Di-lo de forma poética Sophia de Mello Breyner Andresen: “Aqui despi meu vestido de exílio. E sacudi de meus passos a poeira do desencontro”. Cada um é convidado a percorrer o Caminho verdadeiro, Aquele que é sem poeira e a trazer outros para esse Caminho. A santidade é uma vida sem poeira que deixa ver Cristo e deixa Cristo encontrar-se e fazer-se próximo.
O Evangelho termina com o envio e a partida dos Apóstolos que é atualizado hoje ainda, em cada final da Eucaristia no envio que Cristo faz a cada um de nós, por meio da boca do padre. Nesse momento a missa torna-se missão e envio.
Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois.
Jesus chama-nos a todos à santidade. Reconheço que Jesus também me chama a mim e que me quer enviar? Onde me envia hoje Jesus?
E ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro…
O que ainda transporto comigo e que Jesus me convida a deixar? Os bens materiais ainda dominam a minha vida e determinam as minhas escolhas?
Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes dali.
Rezo as visitas que tenho feito por amor verdadeiro ao próximo ou as que devo fazer e não tenho feito. Sou generoso no tempo que dispenso para com os outros?
Oração
“Senhor Jesus,
Dá-nos sempre a força necessária dos recomeços e das partidas
para que sejamos capazes de dizer sim ao teu convite.
Permite-nos tirar sempre a poeira dos desencontros
para que te vejam sempre a Ti e ao teu amor
que a todos quer cuidar e curar.”
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