Texto: Joaquim Domingos Luís, P.
Vozes: Tiago Matias, Mónica Matias e Nelson Matias
Pós-Produção: José Simões, Rádio Canção Nova
Eucaristia, pão partido e partilhado entre irmãos
Lectio divina da solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus Cristo
Introdução
A instituição da Eucaristia celebra-se na Quinta-feira Santa, mas, como no dia seguinte se celebra a morte de Jesus, não se proporciona um ambiente festivo.
A celebração do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo tem uma dupla finalidade: dar maior relevo festivo à celebração daquele que é o Mistério Central da Fé dos cristãos e proclamar a Fé na Presença real de Jesus no pão e no vinho consagrados. Ao mesmo tempo, convida a adoração a Jesus Cristo e ao testemunho do dom e da força de vida que é para os fiéis cristãos.
Palavra de Deus
Vamos escutar uma passagem do Evangelho segundo S. Lucas (Lc 9,11 b-17)
Naquele tempo, estava Jesus a falar à multidão sobre o reino de Deus e a curar aqueles que necessitavam. O dia começava a declinar. Então os Doze aproximaram-se e disseram-Lhe: “Manda embora a multidão para ir procurar pousada e alimento às aldeias e casais mais próximos, pois aqui estamos num local deserto”. Disse-lhes Jesus: “Dai-lhes vós de comer”. Mas eles responderam: “Não temos senão cinco pães e dois peixes … Só se formos nós mesmos comprar comida para todo este povo”. Eram de facto uns cinco mil homens. Disse Jesus aos discípulos: “Mandai-os sentar por grupos de cinquenta”. Assim fizeram e todos se sentaram. Então Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao Céu e pronunciou sobre eles a bênção. Depois partiu-os e deu-os aos discípulos, para eles os distribuírem pela multidão. Todos comeram e ficaram saciados; e ainda recolheram doze cestos dos pedaços que sobraram.
Meditação
Pode resumir-se num só gesto toda a vida, a obra e a pessoa de Jesus: na véspera da sua paixão, na Última Ceia, Jesus tomou o pão, partiu-o e disse: este é o meu corpo partido; depois, tomou o vinho e disse: este é o meu sangue derramado. Ele quis dizer: toda a minha existência foi um dom para as pessoas; para mim não fiquei com nada. Ofereci-me completamente, dei-me totalmente.
Jesus quis continuar presente entre os seus discípulos como alimento para ser comido e tornar-se parte de nós mesmos. Comendo o corpo e bebendo o sangue de Cristo, aceitamos o convite a identificar-nos com Ele. Pela comunhão, formamos com Cristo um só corpo, imitamos o seu gesto de amor e doamos a nossa vida aos irmãos. A Eucaristia não é alimento que se come em solidão: é pão partido e partilhado entre irmãos e torna-me atento a todas as formas de fome dos irmãos: de pão, de amor, de compreensão, de perdão e, sobretudo, a fome de Deus.
Não se pode conceber que seja feito o gesto que indica unidade, partilha, igualdade, doação recíproca e, por outro lado, seja tolerado o perpetuar-se de contrastes, ódios, ciúmes, açambarcamento de bens, prepotência. Uma comunidade que celebra o rito do «partir do pão» nestas condições indignas come e bebe a própria condenação.
A opção dos cristãos pela justiça e pelo amor, ou seja, o trabalho da igualdade, fraternidade e participação é o compromisso mais sério que temos para uma celebração digna e autêntica da ceia do Senhor.
Perante esta palavra de Deus, pergunto-me:
– Qual a minha preocupação com os mais necessitados que me rodeiam?
– Como é que a participação na Eucaristia ajuda a fomentar a unidade na minha comunidade e a promover a justiça e a paz no mundo?
– Que implicações concretas na minha vida tem o envio em missão no final da eucaristia?
Oração
Senhor Jesus Cristo,
que neste admirável sacramento
nos deixastes o memorial da vossa paixão,
concedei-nos a graça de venerar de tal modo
os mistérios do vosso Corpo e Sangue
que sintamos continuamente
os frutos da vossa redenção.
Vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo.
Amén.
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