Tínhamos celebrado o Domingo de Ramos havia poucas horas, quando caiu sobre a comunidade do Juncal a sombra da dor, através da notícia de um grave acidente de viação do pároco, o padre António.
À semelhança dos apóstolos que eram confrontados com a morte do seu Senhor, assim nós mergulhávamos na tristeza, na angústia… na dor… aproximava-se a Páscoa, com todas as celebrações, e nada do que estava planeado iria acontecer… não da mesma forma…
A notícia foi correndo e essa onda alastrando… havia tristeza nos olhares, as conversas eram todas sobre o mesmo…
Entretanto, foi-nos comunicado que as celebrações iriam decorrer tal como planeadas, dependia de nós que tudo corresse bem. Teríamos connosco outros sacerdotes.
Na segunda-feira ao final do dia, uma pessoa da comunidade resolveu partilhar com um pequeno grupo a ideia que tivera num momento de oração. “E se fizéssemos também a visita pascal???” Contrariamente às expectativas, todas as pessoas acharam que a ideia era boa, mas não iria ter muita adesão por parte da comunidade… de qualquer modo, resolvemos sondar mais pessoas, incluindo o pároco, que nos deu a maior força. Marcou-se uma reunião e a sala encheu-se. Foi uma sala cheia de pessoas com muito ânimo, muita esperança, muita vontade de fazer algo diferente, mas também algum receio… medo de não sermos bem recebidos, medo de portas fechadas, medo de respostas ou questões inesperadas… Assim se constituíram equipas, de modo a percorrermos toda a paróquia, Juncal, Andam, Casal do Alho, Casais Garridos, Andaínho, Cumeira, Albergaria, Boieira, Chão Pardo, Picamilho, Vale d’Água… 14 equipas formadas… mais de 50 pessoas envolvidas…
No dia seguinte recebemos a notícia que teríamos connosco, no domingo de Páscoa, o nosso bispo, D. José Ornelas. Grande honra, grande responsabilidade, mas acima de tudo o grande impulso que nos faltava… fomos enviados pelo nosso bispo, nesta grande missão de anunciar Cristo Ressuscitado aos irmãos.
Foram dias de muita alegria, pelas ruas, travessas e becos de toda a paróquia. Contrariamente às vozes que nos queriam amedrontar, todas as portas se abriram, e acolheram a mensagem.
Todas as equipas partiram da igreja/capela do lugar e, sempre que possível, a visita terminou na mesma, com um momento de oração e partilha. A palavra OBRIGADO foi a mais proferida e mais escutada. Todas as pessoas consideraram ter sido uma experiência muito enriquecedora para toda a comunidade.
Terminada a visita pascal em todas as casas da paróquia, o grupo sentiu necessidade de um encontro, onde fosse possível reunir todas as pessoas envolvidas, e assim aconteceu a “adiafa da visita pascal”, um momento de partilha e convívio. Infelizmente não pudemos ter connosco o grande motor da comunidade, o pároco, mas esteve, está e estará sempre a acompanhar todas as atividades a que a comunidade se propõe.
Foi assim que um momento doloroso uniu a comunidade, fortaleceu laços, aproximou mais as pessoas umas das outras e de Cristo Ressuscitado!
Foi uma Páscoa diferente que jamais será esquecida!
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